Política monetária

Meta de inflação de 3% é "injustificável", diz Cofecon, após BC subir juros

Conselho defende retorno do centro da meta anual para 4,5% e cita países com economias "similares" para justificar mudança

De 2005 a 2018, a meta de inflação permaneceu inalterada em 4,5%, com teto de tolerância entre 6,5% e 6%. A partir de 2019, esse patamar foi reduzido até chegar aos atuais 3% em 2024. -  (crédito: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
De 2005 a 2018, a meta de inflação permaneceu inalterada em 4,5%, com teto de tolerância entre 6,5% e 6%. A partir de 2019, esse patamar foi reduzido até chegar aos atuais 3% em 2024. - (crédito: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgou uma nota nesta segunda-feira (15/12), na qual critica a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião de 2025. A entidade acredita que os argumentos a favor do controle da inflação pelos juros no Brasil não se sustentam e cita o nível elevado dos índices de preço no país historicamente.

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“A inflação brasileira tem causas estruturais, como as características do mercado, significativamente oligopolizado, a extremada concentração de renda, a indexação ou reajuste automático de preços e contratos e a influência da volatilidade cambial, como os demais países de moedas não conversíveis”, destaca o Cofecon, nesta nota.

A entidade recorda que entre 1951 e 1994, em 41 desses 44 anos a inflação brasileira fechou os 12 meses com uma taxa acima de 20%. No período pós-Plano Real, o patamar inflacionário caiu consideravelmente e nos 21 anos entre 2005 e 2025, nunca esteve acima de 6,5%, exceto em 2015, devido a uma forte crise econômica no então governo Dilma Rousseff, e em 2021, que foi considerado o ano mais crítico da pandemia de Covid-19.

De 2005 a 2018, a meta de inflação permaneceu inalterada em 4,5%, com teto de tolerância entre 6,5% e 6%. A partir de 2019, esse patamar foi reduzido até chegar aos atuais 3%, em 2024. Se a meta fosse mantida inalterada desde aquele ano, o único ano em que o país teria estourado o objetivo seria justamente em 2021, quando chegou a 10,06%, no auge da crise vivenciada na pandemia.

Em razão disso, o conselho defende que a meta retorne para o patamar antigo e compara a taxa de juros real do Brasil, que atualmente é superior a 10%, com a de outros países com economias “similares”, como África do Sul (5,3%), Rússia (4,8%), México (4,5%), Colômbia (4,4%), Indonésia (3,7%) e Índia (3,4%). “Ao perseguir uma meta de inflação excessivamente apertada (3,0% ao ano), o BC adota uma taxa de juros muito elevada uma vez que recebe o mandato de atingi-la”, avalia o Cofecon.

“O IPCA deverá fechar 2025 em 4,4%, segundo projeções do mercado financeiro (Boletim Focus). O Conselho Federal de Economia (Cofecon) sustenta que não há qualquer risco de descontrole inflacionário no Brasil e defende a redução das taxas de juros e o retorno do centro da meta de inflação para 4,5% ao ano”, completa a entidade.

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postado em 15/12/2025 19:05
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