Mesmo com a taxa de desemprego nos menores níveis da série histórica, a taxa de inflação segue acima do teto da meta prevista, de 4,5%, no Brasil. Para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o cenário reflete o que ele chama de “mau comportamento das correlações” no ambiente macroeconômico e reforça a necessidade da autoridade monetária atuar de forma mais conservadora em relação aos juros.
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“Tudo isso reforça uma postura humilde e conservadora por parte do Banco Central. Você tem que ser mais conservador. Se você não sabe muito bem o que está acontecendo, se tem alguma dúvida, na dúvida o papel do Banco Central é ser um pouco mais conservador. Eu acho que é isso que a gente vem fazendo”, destacou o presidente do BC, nesta segunda-feira (1º/12), em uma reunião de investidores promovida pela XP, em São Paulo.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em outubro recuou para 5,4% e atingiu o nível mais baixo desde 2012, quando se iniciou a contagem. Isso ocorre mesmo com a taxa de juros a 15% ao ano, o que em tese restringe a atividade econômica.
Apesar da queda recente da inflação nos últimos meses, Galípolo destacou que as projeções recuam bem menos do que o BC esperava quando iniciou a trajetória de alta da Selic. “Acho que qualquer país do mundo esperaria (uma inflação menor) com uma taxa de juros em um patamar restritivo com esse”, considerou.
“Esses mesmos dados demonstram que a gente não está onde o nosso mandato manda a gente estar”, acrescentou o presidente do banco, ao fazer uma análise sobre a inflação corrente alinhada à taxa de juros.
Galípolo ainda reforçou que o BC não se arrepende de ter promovido um aperto monetário mais restritivo no começo de 2025 e que a situação seria “bastante diferente” da atual, caso a taxa não fosse elevada a 15%. “O Banco Central vai estar sempre reafirmando que o mandato dele é esse: se precisa dar uma dose maior do remédio para dar efeito, ele vai dar”, frisou.
