ELEIÇÃO

Haddad reforça que quer trabalhar na campanha de Lula

Ministro confirma que pretende deixar o governo até fevereiro de 2026. "Eu manifestei o desejo de colaborar com a campanha e isso é incompatível com o cargo de ministro da Fazenda", disse

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que pretende deixar o governo e reforçou que não pretende se candidatar em 2026 e tem vontade de trabalhar na campanha eleitoral de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E, para isso, pretende deixar o governo até fevereiro, quando retornar das férias e alinhavar melhor esse plano com Lula.

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“Eu tive uma conversa com o presidente e ele disse que respeitaria a minha decisão”, afirmou Haddad, nesta quinta-feira (18/12), em café da tarde com jornalistas. “A minha relação com ele é muito tranquila e não é de hoje. Já participei dos três mandatos”, acrescentou.

Haddad negou convite para ser vice da chapa de Lula e destacou que não pretende viver da política. “Eu manifestei o desejo de colaborar com a campanha e isso é incompatível com o cargo de ministro da Fazenda”, reforçou, acrescentando que pretende voltar a conversar com Lula sobre esse assunto quando retornar das férias, em 11 de janeiro. 

“Se o meu pleito for atendido para colaborar com a campanha, uma troca de comando aqui seria importante”, emendou, lembrando que não há necessidade de prazo de desincompatibilização nesse caso, e, portanto, ele poderia deixar o cargo em fevereiro.

Haddad enumerou críticas dos governos Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB) sobre problemas nas contas públicas e que ele alegou que “ninguém fala sobre isso”. Segundo ele, o deficit fiscal herdado do ex-ministro da Economia Paulo Guedes em 2023 foi de R$ 160 bilhões, porque o Orçamento tinha erros como o Bolsa Família dimensionado errado, de R$ 400 em vez de R$ 600, além dos R$ 44 bilhões do calote de precatórios que não estavam na conta de R$ 60 bilhões de deficit primário estimado inicialmente, chegando a um rombo de R$ 180 bilhões pelas contas dele.

“Somando tudo isso, daria R$ 160 bilhões, que se fôssemos corrigir pela inflação de três anos, seriam mais R$ 20 bilhões em cima disso. Essa é a verdade”, contabilizou. 

Haddad ainda disse que, no governo Temer, o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, encerrou 2018 com um deficit nas contas públicas de R$ 139 bilhões, que seriam mais ou menos R$ 180 bilhões aos preços de hoje. 

“Ninguém fala disso, e ninguém chamou Meirelles de irresponsável”, reclamou. Ele também fez questão de ressaltar que as despesas da União com os pagamentos gerados pela decisão da Tese do Século, estão produzindo efeitos até agora nas contas públicas. “Ninguém menciona isso. E, como eu tenho um lado antropólogo, acho que tem gente que olha a realidade com um olho só”, afirmou ele, em tom de ressentimento. 

Ao ser questionado sobre quem poderia substituí-lo no comando da Fazenda, Haddad evitou dar nomes e ressaltou que sempre tem levado os secretários para despachos com Lula no Palácio do Planalto.  “Obviamente, esse é um cargo (de escolha) do presidente da República. Mas eu não despacho sozinho com o presidente. Eu gosto de promover as pessoas que trabalham comigo”, disse ele, citando os secretários Robinson Barreirinhas (Receita Federal), Rogério Ceron (Tesouro Nacional) e Marcos Pinto (Reformas Econômicas), que está de saída do governo. “Eu os levo e tenho orgulho das pessoas que trabalham comigo”, afirmou.

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