MERCOSUL - UNIÃO EUROPEIA

"Negociamos o possível", diz chanceler sobre acordo Mercosul-UE

Acordo comercial entre os dois blocos, que pode dar acesso a um mercado de mais de 700 milhões de pessoas na Europa e na América do Sul, está praticamente pronto

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O texto será "passado a limpo" pelo Conselho Europeu, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira - (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

O Itamaraty espera que a União Europeia aprove, nesta quinta-feira (18/12), o acordo comercial de livre comércio com o Mercosul. O texto será “passado a limpo” pelo Conselho Europeu, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Ele está otimista em relação ao fim desse processo, que já dura quase 27 anos, mas avisa: “Não há mais o que negociar”.

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“A oportunidade é agora, não vai acontecer depois, já foi negociado tudo o que era possível. Se (o acordo) não for concluído agora, não há mais o que negociar", disse o chanceler ao programa Bom dia, ministro, da EBC.

O acordo comercial entre os dois blocos, que pode dar acesso a um mercado de mais de 700 milhões de pessoas na Europa e na América do Sul, está praticamente pronto, apesar da resistência histórica da França, que teme pela perda de competitividade de seus produtos agropecuários, em especial, a carne. O problema é que, nos últimos dias, o governo da Itália também reforçou essa posição protecionista e passou a defender o adiamento da assinatura do documento, marcada para o próximo sábado (20/12), em Foz do Iguaçu (PR), na Reunião de Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul.

Caso França e Itália se unam, a posição protecionista passa a ter força suficiente para barrar o acordo. Essa reversão de expectativas preocupa o governo brasileiro, que acompanha atentamente o debate sobre o tema no Conselho Europeu, já com a aplicação das salvaguardas a desequilíbrios comerciais que foram negociadas.

Vieira repetiu o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na quarta-feira, de que “a janela de oportunidade é agora, se não for agora, no próximo ano vai ser dificílimo”, lembrando que 2026 é ano eleitoral no Brasil. “Está tudo pronto para recebê-los (os líderes europeus) no sábado, e eu espero que venham e que se assine (o acordo)”.

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“Espanha, Portugal e Alemanha são sólidos e ferrenhos defensores do acordo. Tenho falado com todos, inclusive com o presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro de Portugal António Costa, para desbloquear essa posição (da França e da Itália). Vários países são francamente a favor. Dos 27 países da União Europeia, diria que entre 20 e 22 não têm a menor dúvida (sobre a necessidade do acordo). Há dois países grandes, importantes, que precisam refletir um pouco sobre os pedidos e posições dos seus setores agrícolas”, disse o chanceler, na entrevista.

Pior cenário

O ministro foi questionado sobre o que o Mercosul fará caso prevaleça o pior cenário, que seria o adiamento da assinatura do acordo comercial com a União Europeia. Mas ele não se mostrou muito preocupado, apesar da expectativa de aprovação do texto no Conselho Europeu. Para Mauro Vieira, os europeus têm consciência da importância da parceria comercial com o Mercosul, que chegou ao limite das concessões para viabilizar essa integração.

“Se nós não tivermos a assinatura agora, há uma lista grande de outros países, incluindo o Japão, grandes economias, com os quais temos que começar a negociar. A nossa força de trabalho negociadora vai, obviamente, estar focada em outras áreas. Se não for assinado agora, não há mais o que negociar, em termos substantivos, e nós vamos dirigir nossa atenção e nossas energias para os outros parceiros importantes que estão na fila”, declarou.

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postado em 18/12/2025 10:14 / atualizado em 18/12/2025 10:18
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