MERCOSUL

Haddad sobre acordo UE-Mercosul: Vale a pena insistir mais

Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, "vale a pena esperar" uma decisão dos europeus

Ao contrário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ameaçou abandonar o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que vale a pena insistir na proposta.

“Acredito que vale a pena insistir um pouco mais”, disse Haddad, nesta quinta-feira (18/12), em café com jornalistas, na sede do Ministério da Fazenda. “Tínhamos que abrir essa seara na esfera geopolítica e era uma clareira”, acrescentou.

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O ministro disse que mandou uma mensagem para o presidente da França, Emmanuel Macron, para insistir um pouco mais. Na avaliação dele, o acordo tem salvaguardas importantes e, se os governantes precisam de mais tempo para esclarecer isso para a opinião pública, não tem problema esperar mais um pouco além da cúpula do Mercosul, que acontece no próximo sábado (20/12), em Foz do Iguaçu, para a assinatura do acordo. “Acho que vale a pena esperar”, disse, acrescentando que “só não pode demorar muito”.
Em tom de despedida, Haddad ainda fez um balanço da gestão e comemorou o avanço das pautas econômicas no Congresso, apesar do avanço do projeto de lei da dosimetria, ontem. “Estamos terminando o ano com todas as matérias apreciadas”, disse.

O ministro evitou fazer críticas, inclusive, ao arcabouço fiscal, regra criada por ele e que é considerado um dos motivos da perda de credibilidade do ministro junto ao mercado, porque a regra não consegue parar em pé devido aos descontos de despesas para o cumprimento da meta fiscal, como precatórios (dívidas judiciais). Na avaliação dele, o arcabouço fiscal tem uma arquitetura muito boa e é bastante elogiado por outros países.

“Acho que é preciso manter a arquitetura, mas é possível discutir os parâmetros à luz da evolução fiscal. Mas a arquitetura é muito boa”, afirmou ele, ao ser questionado da possibilidade de mudança na regra após a saída dele do governo. “Os parâmetros, eu acredito que pode haver alteração, mas não escolheria outro caminho”, acrescentou.

Além de elogiar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, Haddad evitou fazer críticas à condução da política monetária. “Eu prego uma harmonia entre política monetária e fiscal desde o primeiro dia”, afirmou.

Haddad lamentou o fato de não conseguir entregar o grau de investimento do país, perdido em 2015, mas demonstrou estar satisfeito com o “conjunto da obra”. “Vou continuar perseguindo e queria ter conseguido aqui. Avançamos alguns passos em todas as agências de risco, e sendo que, em uma delas, a gente ficou a meio passo. Prefiro considerar o conjunto da obra”, afirmou.

Correios

Ao ser questionado sobre os Correios e se há culpa do Ministério da Gestão e da Inovação dos Serviços Públicos (MGI) de não ter acompanhado de perto os problemas da estatal para chegar a uma necessidade de um empréstimo de R$ 20 bilhões, Haddad evitou comentar o assunto. Mas disse que a expectativa agora é acompanhar o programa de reestruturação da empresa que poderá ser feito com o empréstimo de R$ 12 bilhões que deverá ter o aval do Tesouro Nacional ainda neste mês, provavelmente, até esta sexta-feira (19).

“Os Correios só vão poder fazer o empréstimo com aval do Tesouro. E, por conta disso, foi cogitado o aporte”, explicou. Segundo o ministro, esse empréstimo, apesar de não ser o valor esperado pela companhia, ele vai dar tempo para a estatal buscar parceiros e se reestruturar. “Não é um empréstimo para adiar o problema. É para a empresa se reestruturar e dar uma solução definitiva para isso”, acrescentou.

De acordo com o ministro, uma equipe da Fazenda está dedicada aos Correios desde que os números da empresa chegaram para a pasta em busca de um plano de reestruturação. “ “Tudo está na mesa”, afirmou ele, ao comentar sobre as possibilidades para a companhia, inclusive, o que Lula afirmou mais cedo sobre transformar a empresa em economia mista. Ele ainda destacou que há várias empresas interessadas em fazer uma parceria com os Correios por conta da capilaridade, inclusive, uma estatal -- a Caixa Econômica Federal.

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