A carta “O Louco” é uma das mais fortes do tarô. Significa autoconfiança, sabedoria, compreensão, liberdade, coragem para arriscar, desvendar trajetos e modos de viver, mudar a forma de fazer, desbravar, recomeçar, o marco zero. Tudo a ver com os excêntricos protagonistas do clássico entre Uruguai e Brasil.
O técnico da Celeste, Marcelo Bielsa, lida com o apelido de El Loco entre o nome e o sobrenome. A alcunha não colou em Fernando Diniz, porém o técnico da Seleção é tão fora da caixinha quanto o colega argentino de profissão. Ambos não se contentam com a mesmice no futebol. Pensam o jogo de uma forma própria, revolucionária, fora dos padrões convencionais da bola.
Há cinco meses no cargo, Bielsa assumiu o Uruguai sem o mínimo constrangimento de bancar o diferentão. Agiu como pistoleiro de faroeste. Chutou a porta do Saloon e atirou em figurões. Rompeu com a quase eterna dupla de ataque formada por Luis Suárez e Edinson Cavani e estabeleceu uma nova ordem. Os bicampeões mundiais se adaptam à Lei de Darwin Núñez. O centroavante do Liverpool é a nova referência do ataque.
No meio de campo, deu plenos poderes a jogadores criativos como Ernesto Valverde e De La Cruz. Confia no jovem Pellistri e investe na fórmula da juventude. A escalação do empate por 2 x 2 com a Colômbia na última quinta-feira tinha média de 24,7 anos. Em tese, uma formação capaz de disputar a Copa de 2026 e a da edição centenária de 2030, cujo início será justamente na capitai uruguaia, palco da primeira finalíssima, em 1930.
Fernando Diniz também é maluco beleza, mas nem tanto. Ao contrário do bielsismo, o dinizismo não abre mão de um intocável. Neymar é o dono de um time com 27,8 anos no tropeço contra a Venezuela adestrado para jogar em órbita do camisa 10.
O treinador compartilhado pela CBF e o Fluminense pode surpreender Bielsa com truques conhecidos internamente como a chacrinha de jogadores em volta da bola e inversões surpreendentes. Escanteios curtos, laterais invertidos... Daí a expectativa: “Acho que tem as características do Bielsa, que todo mundo conhece. A minha também é. Então, teremos um jogo muito disputado”, projeta Diniz.
FICHA TÉCNICA
URUGUAI
Rochet; Nández; Ronald Araújo, Cáceres (Viña) e Piquerez (Mathías Oliveira); Ugarte, Valverde e De La Cruz; Cristian Oliveira (Pellistri), Maxi Araújo e Darwin Núñez.
Técnico: Marcelo Bielsa
BRASIL
Ederson; Yan Couto, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Carlos Augusto; Casemiro, Bruno Guimarães e Neymar; Rodrygo, Vinícius Júnior e Gabriel Jesus.
Técnico: Fernando Diniz
Árbitro: Alexis Herrera (VEN)
Horário: 21h
Estádio: Centenário, em Montevidéu.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br