Basquete

Conheça Samara Sampaio, preparadora física do Cerrado

Uma das seis mulheres presentes em comissão técnica do NBB, a profissional alviverde já foi atleta campeã nacional e pan-americana de kung-fu antes de carreira nos bastidores

 27/10/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Samara Gomes Sampaio, preparadora física e única mulher da comissão técnica do Cerrado Basquete. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
27/10/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Samara Gomes Sampaio, preparadora física e única mulher da comissão técnica do Cerrado Basquete. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
postado em 17/11/2023 16:18 / atualizado em 17/11/2023 16:25

A temporada do Novo Basquete Brasil (NBB) registra uma tímida evolução no combate ao machismo. Levantamento do Correio nas fichas técnicas dos 19 times disponível no site oficial da competição aponta uma tímida presença feminina nos estafes. A brasiliense Samara Sampaio quebra o tabu. Única preparadora física na principal competição do país, ela é uma das seis mulheres empregadas no principal torneio masculino da modalidade. Amanhã, o fôlego do time será testado contra o Botafogo, às 16h, no Ginásio Oscar Zelaya, no Rio. O time registra uma vitória e seis derrotas em sete partidas.

"É muito importante para mim ser protagonista e precursora desse processo, mas também é um pouco triste saber que eu nunca tive referências. Não em pessoas da linha de frente, como treinadores e gestores. Toda a parte de gestão é muito mais dominada pelos homens. A gente tem que abrir esse espaço e desconstruir isso, mostrar que tem muitas mulheres qualificadas no meio para poder trabalhar junto", diz a profissional ao Correio.

A personalidade das mulheres entra em quadra ao manejar o estado de espírito dos jogadores. "Uma das coisas que eu consigo identificar é a questão de controlar egos e vaidades com mais sutileza. A gente identifica e aborda isso de uma forma diferente. O desporto é competitivo e atrai isso. Não é errado, o problema é ter isso fora de controle. Hoje, a gente consegue trabalhar de uma forma diferente, focando para dentro de quadra, que é para onde eles precisam transferir essa energia", explica.

A briga pela voz e vez femininas é parte da política de Samara. "Tenho auxiliar técnica, a Daniele Magalhães. Ela trabalha comigo no Cerrado. Fiz questão que, dentro da minha equipe, houvesse mulher também. Eu deixo bem claro a postura e o posicionamento profissional".

A interdisciplinaridade é fundamental para o trabalho de Samara. "Trabalhei com a Seleção Olímpica de judô. Fiz um trabalho com eles para (os Jogos de) Tóquio (em 2020). Abri espaço aqui em Brasília para distribuir melhor o processo de gestão esportiva com visão feminina".

"Sou mestre em treinamento esportivo de alto rendimento, fiz mestrado fora do Brasil e trabalhei com times estrangeiros na Europa", diz. Samara estudou dois anos e meio na Universidade do Porto, em Portugal.

A preparadora física militou nas artes marciais. "Entrei na Seleção de kung-fu com 16 anos. Fui uma das mais novas a subir e permaneci por 10 anos. Fui quatro vezes campeã pan-americana, sul-americana, inúmeras vezes campeã brasileira, sexta do mundo. Minha maior conquista", elege. "Encerrei a carreira com 26 anos e me especializei na área de treinamento esportivo. Era onde eu via muitas falhas", justifica.

Depois da formação, o regresso ao Brasil teve dificuldades e um desafio. "Voltei pelo processo seletivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Entrou a pandemia e o processo congelou. Depois, um dos gestores encontrou meu currículo e aí foi uma surpresa. Fiz algumas peneiras da entrevista e fui para o front. Participei de vários camps olímpicos e fiquei com eles durante esses dois anos (2020 e 2021). Depois eu comecei a expandir os trabalhos aqui em Brasília", complementa.

No Cerrado, a preparadora passou por uma criteriosa seleção do técnico Régis Marrelli. "O (Kenny) Dawkins trabalhou com nós dois e falava muito bem dela. Ela é muito competente. Preparação física é algo que, se não for bem feito, o jogador vem reclamar ou se machuca", explica.

Para Marrelli, o cargo independe de gênero. "O importante é a competência. Tem total liberdade para trabalhar do jeito dela. Deixei algumas coisas claras quanto ao que eu queria, em algumas situações, mas sabia que teria tudo tranquilo. Ela é a pessoa que tem que mensurar a quantidade de treinos. A gente chegou a reduzir pelo andar da temporada, por indicação dela. Ela estudou e trabalhou para isso. Tem feito isso muito bem", elogia o treinador.

Confira outras mulheres presentes em times do NBB:

Caxias
Andressa Rafaela Viecelli
Função: fisioterapeuta

Fortaleza/Basquete Cearense
Rebeca Barreira Juca de Nazareno
Função: fisioterapeuta

Minas
Ellen de Castro Aguiar
Função: fisioterapeuta

Pato
Everli Cristina Cardoso
Função: supervisora

Paulistano
Elisa Pilarski
Função: fisioterapeuta

(Informações fornecidas pelo site oficial do NBB)

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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