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Argentina ‘imita’ Brasil com múltiplas trocas de técnicos, mas fica atrás no total

Ex-Palmeiras, o tigre Gareca foi um dos treinadores de um Vélez em chamas

Ex-Palmeiras, o tigre Gareca foi um dos treinadores de um Vélez em chamas  -  (crédito: Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield)
Ex-Palmeiras, o tigre Gareca foi um dos treinadores de um Vélez em chamas - (crédito: Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield)


A Argentina segue o Brasil em relação às múltiplas trocas de técnicos. É o que aponta o levantamento realizado pelo site “Torcedores.com”, que analisou todas as trocas de treinadores dos times da Primeira Divisão nacional em 2023.

A metodologia é a seguinte: todos os 28 times da elite passaram pela análise, assim como os 20 da Série A do Campeonato Brasileiro, somados aos quatro clubes que ascenderam da Série B. Dessa forma, o comparativo ficou entre 28 clubes da Argentina e 24 clubes do Brasil, para os números ficarem mais aproximados.

Mesmo com a “desvantagem” de quatro clubes, o Brasil fez mais trocas de treinador que os argentinos: 57 a 56. Na média, é como se cada time brasileiro tivesse 2,3 técnicos em 2023, contra dois por equipe na Argentina.

Os números chamam mais a atenção pelo fato de o calendário do futebol argentino ser menor. O Boca Juniors, por exemplo, foi o time argentino com mais jogos em 2023, com 60. Já o Fluminense entrou em campo em 72 oportunidades no ano passado. Assim, com menos embates, teoricamente, são menos resultados capazes de influenciar em uma demissão de treinador.

Além disso, o risco de rebaixamento – um dos principais causadores de demissões no futebol -, é bem menor na Argentina. O campeonato nacional tem 28 clubes. Apenas o último colocado cai. No Brasil, a Série A conta com 20 clubes e quatro caem para a Segunda Divisão. Este quadro reforça como a Argentina tem importado a cultura das demissões de técnico, tão comum no futebol brasileiro.

Times que mais trocaram de técnicos

Na Argentina, nada menos que sete clubes contrataram três técnicos no ano: Arsenal de Sarandí (Carlos Ruiz, Federico Vilar e Darío Espínola), Colón (Saralegui, Gorosito e Damonte), Huracán (Dabove, Battaglia e Diego Martínez), Independiente (Stilitano, Zielinski e Tévez), Lanús (Kudelka, Salomón e Zielinski), Tigre (Diego Martínez, Juan Manuel Sara e Lucas Pusineri) e Velez (Medina, Gareca e Méndez).

Quanto ao Brasil, os clubes que mais trocaram de treinador fizeram quatro trocas em 2023. E não foram poucos clubes, cinco, no total: Atlético Goianiense (Mozart, Jair Ventura, Eduardo Souza e Alberto Valentim), Botafogo (Luís Castro, Bruno Lage, Lúcio Flávio e Tiago Nunes), Corinthians (Fernando Lázaro, Cuca, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes), Cruzeiro (Paulo Pezzolano, Pepa, Zé Ricardo e Paulo Autuori), Goiás (Mário Henrique, Emerson Ávila, Armando Evangelista e Guto Ferreira) e Santos (Odair Hellmann, Diego Aguirre, Paulo Turra e Marcelo Fernandes). Ainda houve três times que contrataram três técnicos em 2023: Coritiba (Antônio Oliveira, Guto Ferreira e Antônio Carlos Zago), Flamengo (Vitor Pereira, Jorge Sampaoli e Tite) e Juventude (Celso Roth, Pintado e Thiago Carpini).

Somente dez times, entre 52, não trocaram de técnico em 2023

No futebol argentino, apenas quatro treinadores estão no cargo há mais de um ano: Guillermo Farre no Belgrano (dois anos e cinco meses), Rubén Insúa no San Lorenzo (um ano e cinco meses), Martín Demichelis no River Plate (um ano e dois meses) e Julio Vaccari no Defensa y Justicia (um ano e dois meses). Entre eles, o Belgrano e o River Plate terminaram bem a temporada, em terceiro e segundo lugar de seus respectivos grupos no Campeonato Argentino (são dois grupos com 14 times em cada um).

Em território brasileiro, cinco treinadores fizeram a temporada 2023 inteira no comando de seus clubes. São eles: Abel Ferreira do Palmeiras (três anos e três meses), Fernando Diniz do Fluminense (um ano e nove meses), Pedro Caixinha do Reb Bull Bragantino (um ano e um mês), Juan Pablo Vojvoda do Fortaleza (dois anos e oito meses) , Renato Gaúcho no Grêmio (um ano e quatro meses) e Cláudio Tencati do Criciúma (dois anos e três meses). Todos terminaram na parte de cima do Brasileirão, entre os 10 primeiros, e o Criciúma foi promovido à Primeira Divisão.

Tempo de trabalho está diretamente relacionado a bons resultados

O levantamento revela, então, que a maior parte dos clubes no Brasil que fizeram múltiplas trocas de comando na temporada tiveram resultados ruins na temporada: o Botafogo perdeu o título brasileiro com larga vantagem; Corinthians, Cruzeiro, Goiás e Santos lutaram contra o descenso ou foram rebaixados. Já os clubes que optaram pela manutenção tiveram resultados satisfatórios.

Na Argentina, entre os que mais trocaram, apenas o Huracán conseguiu se classificar para a próxima fase no Campeonato Argentino. Arsenal de Sarandí e Lanús terminaram na última colocação de seus grupos.

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Jogada10
postado em 18/01/2024 13:23 / atualizado em 18/01/2024 14:38
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