Vinte e sete de novembro de 2021. Estádio Centenário, Montevidéu. Ao cinco minutos da prorrogação da final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras, Andreas Pereira perde a bola para Deyverson na frente da área rubro-negra. O centroavante alviverde invade a área e finaliza na saída do goleiro Diego Alves para brindar o time paulista com o tricampeonato continental. Vilanizado por uma “nação” de 40 milhões de torcedores, o jogador de 25 anos passa a carregar um fardo.
Quatro meses depois, Andreas Pereira decidiu buscar ajuda. A referência indicada era o preparador mental (personal mind) Lulinha Tavares, um dos precursor do trabalho individualizado com atletas de alta performance.
"Ele me procurou em março de 2022, no auge da crise. O Flamengo havia desistido da contratação dele. Iniciamos um trabalho e permanecemos até hoje com o tratamento e treinamento mental. Não apenas no momento da adversidade" conta Lulinha Tavares em entrevista ao Correio. O gol marcado, as seis assistências em 36 jogos pelo Fulham na Premier League e a convocação do técnico Dorival Júnior, para os amistosos da Seleção Brasileira contra Inglaterra neste sábado e a Espanha na terça, são as partes visíveis no longo processo.
"Foram trabalhos semanais de ouvir, acolher a dor dele, entender o que ele estava sentindo. Nós o deixamos falar, expor o que estava acontecendo. Identificamos os gatilhos que estavam o fazendo disparar as emoções negativas que o faziam lembrar o tempo inteiro do erro para isolá-lo, blindá-lo. Ele começou a ressignificar. Fizemos um backup, uma atualização. Não é uma coisa tão simples. Tínhamos que consertar o avião com ele voando", explica o "comandante" Lulinha Tavares.
Convocado para a Seleção pela primeira vez por Tite, em 2018, Andreas Pereira estreou na goleada por 5 x 0 contra El Salvador, em Maryland, nos Estados Unidos. Nascido na Bélgica, foi tentado pelo técnico Domenico Tedesco a defender a seleção na Eurocopa. Filho de brasileiros, ele nasceu em Duffel, quando o pai, Marco Antônio Pereira, defendia o Mechelen. Ele preferiu o Brasil.
"Ele estava se programando para isso. A convocação é um dos fatos que estão dentro do plano de metas do Andreas Pereira. Ele disse não à seleção belga em uma ato de fé, crendo numa certeza daquilo que ele esperava, mas não via."
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