A pior crise climática da história do Rio Grande do Sul é um drama coletivo. Enquanto os mais de 10 milhões de gaúchos se unem, outros brasileiros reforçam o time da solidariedade. O Distrito Federal não fica de fora e também se apresenta na linha frente em cidades inundadas, com dois personagens conhecidos do futebol local.
Vinculados a Internacional e Juventude, dois dos três representantes do Rio Grande do Sul na Série A do Campeonato Brasileiro, o zagueiro Robert Renan e o Auxiliar técnico Gerson Ramos convertem a gratidão de não terem sido afetados severamente pelas inundações em apoio aos novos conterrâneos.
Morando com a família próximo ao Rio Guaíba, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes no estado, o defensor de 20 anos, nascido em Ceilândia, está colaborando com a ajuda aos necessitados. A reportagem ouviu Renata, mãe do atleta, que reforçou o bem-estar da família.
"Estamos passando por um momento difícil aqui no Rio Grande do Sul. Estamos precisando da ajuda e arrecadando alimento para as pessoas que estão sofrendo. Está sendo difícil para todo mundo", disse Robert, em vídeo para divulgar a arrecadação de uma cozinha solidária no Morro da Conceição, em Porto Alegre. Eles chegaram à capital gaúcha em janeiro.
Por meio das redes sociais, o zagueiro colorado está fazendo a divulgação de campanhas para arrecadar dinheiro, roupas e alimentos. Na linha de frente, ele também está colaborando com a distribuição dos materiais para as famílias necessitadas.
Um dos homens de confiança do técnico Roger Machado, Gerson Ramos não tem sequer seis meses de RS. Em janeiro, trocou o Real Brasília pelo Juventude. Desde então, vive em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Em entrevista ao Correio, o profissional de 43 relata não ter sido obrigado a deixar o apartamento em que vive na cidade com a esposa e os dois filhos, mas lamenta a tragédia ter atingido outras famílias.
"Não têm sido dias fáceis. Estou muito triste com o que está acontecendo, são mais de 100 mortos, milhares de desalojados e desaparecidos", compartilha. Gerson Ramos colabora com doações, atitude que se estende aos colegas de Juventude. "Eu, todos os atletas, diretoria, comissão técnica e torcedores estão comprometidos. O Alfredo Jaconi é um ponto de doações, que não param. Toda a estrutura do clube está à disposição", destaca.
Embora viva pela primeira vez uma situação como essa, deixar o estado não passou pela cabeça do ex-meia. "Aprendi a amar o povo gaúcho. Sou suspeito em falar, pois me acolheram muito bem, não só a mim, mas a toda minha família. Agradeço a Deus, por ter vindo aqui para o Juventude. Não vou medir esforços para ajudar", ressalta.
Em 2006, Gerson Ramos foi companheiro do meia Giuliano no Paraná Clube, hoje no Santos. Na segunda-feira, após a vitória por 4 x 1 sobre o Guarani, pela Série B, o ex-parceiro do auxiliar defendeu a paralisação do torneio. Gerson Ramos endossou o discurso: "Temos de pensar nas vidas e em todas as dificuldades que o povo está passando. Tenho certeza que sairemos dessa, estamos unidos".
Ontem, Grêmio e Internacional agradeceram aos clubes que lhe ofereceram centros de treinamentos e estádios, mas garantiram que não deixarão o estado para jogar em meio à calamidade.
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