Um velho jargão do esporte diz que o mais difícil não é chegar ao topo e, sim, manter-se nele. Mas vá tentar explicar isso ao Manchester City. Ontem, a orquestra ensaiada pelo espanhol viciado em ser campeão, Pep Guardiola, bateu o West Ham por 3 x 1 em casa e desbancou novamente a concorrência do Arsenal para faturar o 10º caneco inglês e oitavo na Era Premier League. Embora empilhar taças seja rotina para os citizens, essa tem um peso maior por ser a quarta consecutiva, façanha inédita na competição nacional mais badalada do planeta bola.
Até ontem, a maior sequência de títulos no berço do futebol moderno era de três taças. Antes do Manchester City entre 2021 e 2023, Huddersfield Town (1924 — 1926) Arsenal (1933 — 1935), Liverpool (1982 — 1984) e Manchester United (1999 — 2001 e 2007 — 2009) ensaiaram uma dinastia, mas não foram além. Ederson, Walker, Rodri, Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Haaland e poderão sonhar, a partir de agosto, na inauguração da temporada 2024/2025, em alcançar as marcas dos maiores monopólios das ligas nacionais do Velho Continente.
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Levantamento do Correio mostra que os seis principais campeonatos domésticos da Europa têm recordes acima das quatro conquistas. A liderança pertence à Alemanha, testemunha de 11 troféus erguidos consecutivamente pelo Bayern de Munique entre 2013 e 2023. A hegemonia dos bávaros foi interrompida pela temporada abaixo com crises envolvendo treinadores e pelo Efeito Bayer Leverkusen, campeão inédito e invicto, o primeiro da Bundesliga.
Na Itália, a maior imposição esportiva dos gramados é a da Juventus, campeã 37 vezes, nove delas de maneira seguida, de 2012 a 2020. Nesta temporada, La Vecchia Signora viu a Internazionale obter o 20º caneco. A uma rodada do fim, na quarta colocação, a equipe de Turim só pode ultrapassar o Bologna (3º). O Milan foi vice. A França fecha o top 3 das maiores linhas de produção de títulos de um clube. Esqueça o Paris-Saint Germain.
Embora o ex-time dos astros Kylian Mbappé, Neymar e Lionel Messi seja o mais abastado e vitorioso da era recente da Ligue1, o recorde é do Lyon, com sete. Os Les Gones fizeram o campeonato só deles no auge da era do meio-campista Juninho Pernambucano por lá, entre 2002 e 2008. Os zagueiros Cris, Cláudio Caçapa e Edmílson e os atacantes Nilmar e Fred também passaram por lá no período dourado no time da terceira maior cidade francesa.
Os maiores campeões em sequência de Espanha e Portugal empilharam cinco taças cada. Recordista de Champions League (14) e de LaLiga (36), o Real Madrid dominou o principal campeonato do país duas vezes, de 1961 a 1965 e entre 1986 e 1990. Segundo mais vitorioso entre os lusitanos, o Porto monopolizou a disputa entre 1995 e 1999. No Brasil, a maior sucessão pertence ao São Paulo de Muricy Ramalho, empilhador de três canecos do Brasileirão em 2006, 2007 e 2008. O último do tricolor do torneio, inclusive, foi comemorado no Distrito Federal após o 1 x 0 sobre o Goiás, com gol de Borges, em 7 de dezembro de 2008, no Estádio Bezerrão, no Gama. Vitorioso da elite do país em 2022 e 2023, o Palmeiras mira igualar o rival neste ano.
O efeito Guardiola
Tricampeão do Espanhol e do Alemão, Guardiola chegou ao sexto título do Inglês com o Manchester City. O quarto em sequência é um feito não alcançado nem mesmo pelo treinador mais vitorioso da Terra do Rei Charles III, Sir Alex Ferguson, mentor do arquirrival Manchester United por 27 anos e das 13 conquistas dos Diabos Vermelhos na Era Premier League, de 1992/1993 para cá. Àquela altura, o City não detinha um troféu sequer do reformulado torneio. Hoje, a equipe do lado azul da cidade detém oito e encurtou a distância para cinco.
Embora seja dominante, o Manchester City encontrou resistência na saga pelo quarto título seguido na Premier League. "Mordido" pelo vice-campeonato na temporada passada, o Arsenal protagonizou briga ponto a ponto até a última rodada. Ontem, venceu o Everton de virada, por 2 x 1, mas cruzou a linha de chegada novamente em segundo, com 89 pontos.
O índice da equipe comandada pelo ex-auxiliar de Guardiola no City, Mikel Arteta, é a terceira maior de um segundo colocado na história do torneio de 1993 para cá. Os 89 pontos somados de 114 possíveis ficam atrás dos 97 e 92 anotados pelo Liverpool em 2019 e 2022 e seriam suficientes para assegurar o título em 16 das 20 edições com 20 clubes.
"Antes, era o Liverpool que nos levava ao limite, agora é o Arsenal. Quero parabenizá-los por uma temporada incrível. Eles nos empurram para o nosso melhor. Competimos incrivelmente bem novamente e, por pouca margem, vencemos. Estou incrivelmente satisfeito", discursou Guardiola.
A temporada do Manchester City ainda não chegou ao fim. A despedida também pode ser soltando o grito de campeão. No sábado, às 11h, os Citizens encaram o United no Dérbi pela decisão em jogo único da Copa da Inglaterra, no lendário Wembley Stadium, em Londres.
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