COPA DO MUNDO DE CLUBES

As influências de Filipe Luís e Kompany em Flamengo x Bayern

Treinadores mais jovens do Mundial, eles têm raízes defensivas, mas ensaiam equipes para um duelo aberto no domingo (29/6)

Filipe Luís e Kompany são os influenciadores de Flamengo e Bayern de Munique -  (crédito: Gilvan de Souza/Flamengo e Patricia de Melo Moreira/AFP)
Filipe Luís e Kompany são os influenciadores de Flamengo e Bayern de Munique - (crédito: Gilvan de Souza/Flamengo e Patricia de Melo Moreira/AFP)

A definição de 10 dos 16 classificados ao mata-mata da Copa do Mundo de Clubes chama a atenção para dois técnicos. Mentes por trás das campanhas de Flamengo e Bayern de Munique, Filipe Luís e Vincent Kompany são os únicos donos de prancheta abaixo dos 40 anos. Aos 39, eles são mais novos que o goleiro Fábio e o zagueiro Thiago Silva, do Fluminense, e têm a mesma idade do maestro do Real Madrid, Luka Modric, e do paredão alemão Manuel Neuer. Expoentes da nova geração de treinadores, a dupla terá um embate filosófico à beira do gramado do Hard Rock Stadium, em Miami, no domingo (29/6), às 17h, pelas oitavas de final.

Líder do Grupo D antes mesmo da definição da última rodada, o Flamengo assistiu da concentração o desfecho da chave vizinha. Antes de a bola rolar para Bayern de Munique x Benfica e Auckland City x Boca Juniors, desenhava-se um confronto diante dos portugueses. No entanto, aos 13 minutos de jogo, o norueguês Andreas Schjelderup tratou de corrigir as rotas ao marcar e colocar a trupe comandada por Vincent Kompany no caminho da orquestra de Filipe Luís.

Há semelhanças entre Filipe Luís e Kompany. Ambos foram defensores nos tempos de jogador. O brasileiro povoava a lateral-esquerda, e Kompany, a zaga. Tarefas exercidas pela minoria dos treinadores desta Copa do Mundo com vivência nas quatro linhas e que estão classificados ou com chances de avanço ao round entre os 16 melhores clubes.

Levantamento do Correio mostra que só cinco desempenhavam funções prioritariamente de contenção. Líder do Palmeiras, Abel Ferreira foi lateral-direito. Responsável por levar o Inter Miami adiante na chave do Palestra, Javier Mascherano se revezava entre o papel de volante e no miolo de zaga. Influenciador da Juventus, Igor Tudor foi xerifão, assim como Cristian Chivu, da Internazionale.

Filipe Luís e Kompany estiveram no auge por muito tempo e foram indicados a melhores da posição 11 anos atrás, pela Fifa. A entidade máxima do futebol montou a escalação ideal de 2014 e deixou o catarinense de Jaraguá do Sul e o belga na lista larga. A linha de quatro eleita foi formada por ninguém menos que Sergio Ramos, Thiago Silva, David Luiz e Philipp Lahm.

Defensores de alto quilate, Filipe Luís e Kompany jamais jogaram juntos. Porém, dividiram o gramado em uma decisão de peso semelhante ao de domingo. Foi após participação do grandalhão de 1,93m de altura que a Bélgica abriu o placar contra o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Filipe Luís era reserva de Marcelo e vivenciou a apreensão do início ao fim da derrota por 2 x 1.

Embora tenham raízes defensivas, Filipe Luís e Kompany têm filosofia de jogo para lá de ofensiva. A formação preferida do belga é o 4-2-3-1, com mutações para 2-3-5 ou 3-5-2 na fase de ataque. O grande trunfo do Bayern é a profundidade. A qualidade na saída de bola com o goleiro-líbero Manuel Neuer permite aos zagueiros se posicionarem quase no meio de campo, o que favorece à marcação pressão com linhas altas.

Filipe Luís também é adepto ao sistema 4-2-3-1, mas tem como virtude à adaptação aos adversários. A virada por 3 x 1 sobre o Chelsea reforça a tese. Ele abriu mão do articulador Arrascaeta para dar profundidade e qualidade na definição com Bruno Henrique no papel de referência. O camisa 27 não marcava há 16 partidas e iniciou a reação rubro-negra.

Em entrevista coletiva, o dono da prancheta rubro-negra destacou a oportunidade de beber de várias fontes táticas em um torneio inédito. "Acredito que cada equipe tem uma característica e treinador com ideia. Se você olhar para os brasileiros, somos completamente diferentes na forma de jogar. Vai muito das características dos jogadores e do que os treinadores pedem. É verdade que os europeus têm mais obediência tática, mais do que em outras equipes, mas vimos times muito bem trabalhados e, por isso, acho que esse campeonato é tão especial. Temos a oportunidade que ver jogos que nunca teríamos ou só em amistosos, que não tem o mesmo conceito. Estamos jogando nossa vida aqui", destacou.

Após a derrota para o Benfica, Kompany comentou sobre as oitavas de final. "Era Flamengo ou Chelsea. Vai ser um jogo duro. Não acho que vamos levar nada negativa para o próximo jogo", analisou, referindo-se ao desempenho contra o time português. Para o chefe do Bayern, as campanhas dos times brasileiros não são novidades. "Quando eu vi Danilo e Jorginho em campo pelo Flamengo, conheço o talento desses caras, trazem muita experiência para o time, não fiquei surpreso. Os fãs sul-americanos adoram o jogo, adoram a Copa do Mundo de Clubes. Nada pode ser desculpa para nós, temos que querer mais do que eles, temos que ter a mesma vontade que eles, até mais", discursou o único técnico negro entre os 32 desta Copa do Mundo de Clubes.

 

postado em 25/06/2025 06:00 / atualizado em 25/06/2025 18:18
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