
New Jersey (EUA) — O Borussia Dortmund tem sido o clube mais rigoroso na proteção aos jogadores no calor extremo da Copa do Mundo. O Correio conversou com um dos preparadores físicos do clube. Nascido no Rio, mas brasiliense de coração após se transferir aos seis anos para o Distrito Federal com o pai, seu César, servidor público e ex-jogador do time profissional do extinto time do Ceub, Marcelo Lins Martins fala sobre decisões inusitadas do clube alemão, como deixar os reservas no vestiário, resfriados pelo ar-condicionado, enquanto os titulares atuam dentro das quatro linhas. O aurinegro volta a campo, nesta terça-feira (1º/7), às 22h, em Atlanta, diante do Monterrey do México, comandado pelo ex-técnico do Flamengo, Doménec Torrent, e Lins explica, em entrevista exclusiva, os cuidados do Borussia com as oscilações de temperatura nos Estados Unidos.
Qual é o impacto do calor na campanha do Borussia Dortmund?
Esse calor extremo, que tem sido observado no Mundial de Clubes, realmente afeta bastante o desempenho dos jogadores e levanta também preocupações sérias na Copa do Mundo de Clubes e na Copa de 2026. Várias partidas estão sendo disputadas às 12h e às 15h, com temperaturas elevadas e muita umidade na Flórida, principalmente em Miami e Orlando, e nas cidades de Cincinatti, Charlotte... O clima tem sido bastante duro.
O que os jogadores reportam?
A gente percebe uma fadiga precoce, a presença de um cansaço rápido, ou mais rápido do que costumamos ver durante os jogos. Esse calor extremo, sem a devida aclimatação dos jogadores, também afeta a parte cognitiva. Quando a gente fala de concentração, tempo de reação, até mesmo no aumento de erros técnicos e táticos, possivelmente, são devidos a essa falta de aclimatação.
Quais são as ferramentas do Dortmund contra a temperatura?
Temos usados algumas técnicas de resfriamento antes, durante e após os jogos na tentativa de tentar reduzir o efeito desse calor extremo no corpo dos atletas. A gente usa a imersão das mãos em água gelada antes de eles saírem para o campo, a ingestão de bebidas geladas, ou com gelo triturado, a famosa raspadinha, toalhas com gelo aplicadas na nuca... Essas são algumas das técnicas usadas para minimizar os efeitos deletérios desse calor extremo.
Vimos os reservas no vestiário, no ar-condicionado, nos últimos dois jogos...
Deixamos os jogadores que não começam o jogo no vestiário no primeiro tempo. Os nossos últimos dois jogos foram em Cincinatti. Um às 12h e o outro, às 15h. São os piores horários. O banco de reservas no estádio não tem uma proteção. Todos ficam expostos ao sol. Optamos por mantê-los dentro do vestiário pelo menos no primeiro tempo. Eles saem antes do jogo para aquecer, voltam e permanecem no vestiário.
Faltam protocolos climáticos claros no regulamento?
Apesar de a gente ver as pausas para hidratação, existe uma ausência de limites objetiva de temperatura e umidade. Dependendo do limite que chegue a umidade e a temperatura, jogos deveriam ser adiados, colocados em outro horário ou cancelados, para não expor o atleta ao risco de saúde. Tudo isso deve ser levado em consideração na preparação e na organização da Copa do Mundo do ano que vem.
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