
O fuso de 12h entre Brasília e Tóquio não impediu a comunicação entre Caio Bonfim e o irmão, Evam. Pelo contrário, possibilitou até uma “profecia” do mano antes da prova e da conquista da medalha de prata dos 35km da marcha atlética no Mundial de Atletismo, disputada na noite desta sexta-feira (12/9), manhã de sábado na Terra do Sol Nascente.
"Meu irmão me mandou uma mensagem falando que sonhou comigo chegando ganhando medalha, ouro, algo assim. Ele falou: 'Meus sonhos não costumam ser realizados, mas vamos sonhar'. Mano, obrigado, sei que você está assistindo", dedicou a Evam, em entrevista ao SporTV.
Caio Bonfim não escondeu a emoção. Antes de dar a primeira declaração, evidenciou o cansaço ao ser carregado para a área de entrevistas. "Desculpa, é cansaço. A minha esposa mandava mensagem todos os dias: 'Luta por nós, vença por nós'. Foi isso que fiz. Lutei muito. Sabemos o quão difícil é chegar entre os melhores do mundo e se manter. Depois da prata em Paris, como se manter entre os melhores do mundo? É uma prova inédita, na qual sofri muito. Eu sabia que poderia chegar longe", discursou.
O calor era intenso em Tóquio e levou Caio Bonfim a começar a corrida dosando o ritmo, mantendo-se no pelotão intermediário e mantendo a tática ativa até a competição ultrapassar os 30km. Nos últimos cinco quilômetros, ocupava a sexta colocação e, com o semblante de desgaste, iniciou uma reação impressionante: ganhou posições com ultrapassagens seguras e firmes, embalado pela energia da reta final.
A disputa pela medalha dourada ganhou contornos ainda mais emocionantes na reta final. O líder canadense Evan Dunfee sofreu com cãibras nos quilômetros finais e passou a marchar no sacrifício. Caio não conseguiu tirar a diferença, mas cruzou a linha de chegada em segundo lugar, celebrando um resultado histórico e importante para a sequência da carreira com um sorriso no rosto.
Os 35km não são especialidade de Caio Bonfim. Consagrado nos 20km — distância que o consagrou com a prata na Olimpíada de Paris-2024 —, cruzou a linha de chegada no Estádio Nacional de Tóquio com a marca de 2h28min55s. Dunfee ganhou o ouro, com 2h28m22s. O japonês Hayato Katsuki fechou o pódio, com 2h29m16s.
Outra “profecia” foi do pai de Caio, João Sena. Ele não viajou ao Japão, mas acompanhou atentamente a cada passo do filho e, de Sobradinho, no início da prova, garantiu ao Correio: "O Caio vai lutar até o fim".
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Victor Parrini
RepórterNa editoria de Esportes do Correio Braziliense desde 2021, cobriu presencialmente os Jogos Olímpicos de Paris-2024, Copa América, Libertadores e Seleção Brasileira. É formado em jornalismo e em gestão pública pelo Centro Universitário Estácio de Brasília.
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