Futebol

Flamengo x Palmeiras: Jorginho e Andreas Pereira são as chaves do jogo

Recém-chegados da Premier League, o badalado Campeonato Inglês, volantes brasileiros formados na Europa assumem função de metrônomos em tempos de meias clássicos cada vez mais encaixotados na marcação

Jorginho e Andreas Pereira são os metrônomos do meio de campo do Flamengo e do Palmeiras no clássico deste domingo -  (crédito: Arte de Arthur Filho sobre fotos de Gilvan de Souza/Flamengo e Cesar Greco/Palmeiras)
Jorginho e Andreas Pereira são os metrônomos do meio de campo do Flamengo e do Palmeiras no clássico deste domingo - (crédito: Arte de Arthur Filho sobre fotos de Gilvan de Souza/Flamengo e Cesar Greco/Palmeiras)

A memória afetiva do brasileiro lembra do camisa 10 à moda antiga: invariavelmente um craque muito acima da média com técnica invejável, capacidade para controlar o jogo, atuar próximo à área, dar o passe final e fazer gols. Arrascaeta e Raphael Veiga têm alguns desses atributos, mas no futebol moderno, os volantes assumem cada vez mais esse papel. Atual próximo dos zagueiros e são responsáveis pela qualidade na saída de bola. Eleito melhor do mundo em 2018, o croata Modric foi um dos responsáveis por essa revolução.

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O duelo de amanhã entre o vice-líder Flamengo e o dono da dianteira Palmeiras, às 16h, no Maracanã, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro, tem dois articuladores com selo de qualidade da Premier League. Jorginho colocará em campo a serviço do time rubro-negro a experiência de quem cadenciou partidas com as camisas do Chelsea e do Arsenal. Do outro lado, o versátil Andreas Pereira tem na bagagem milhas acumuladas no Manchester United e no Fulham. A dinâmica do clássico passa pelos pés dos "falsos" 10 dos treinadores Filipe Luís e Abel Ferreira.

Jorginho passa pelo acelerado processo de adaptação ao futebol brasileiro. O catarinense de Imbituba jamais havia atuado como jogador profissional no país desde o início da formação no Brusque. Saiu cedo de casa rumo à base do Verona, foi emprestado ao Sassuolo e retornou ao Verona para ser promovido ao elenco profissional.

Eleito melhor jogador da Uefa na temporada 2020/2021, terceiro colocado na Bola de Ouro na mesma temporada e um dos protagonistas do título da Itália na Eurocopa de 2020, disputada em 2021 devido à pandemia, Jorginho protege a zaga sem a bola. Posiciona-se à frente da dupla de zaga formada por Léo Ortiz e Léo Pereira. Em contrapartida, pode ser usado como segundo volante e o chileno Pulgar assume o papel de cão de guarda da zaga.

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O Flamengo tem a melhor posse de bola do Brasileirão. A média de 61,7% tem a ver com o controle, a visão de jogo os passes certos de Jorginho. Quando os adversários encaixotam Arrascaeta na marcação, Jorginho assume a responsabilidade de quebrar linhas. Herdou esse papel de Gerson, vendido no meio do ano ao Zenit São Petersburgo da Rússia. A maior virtude é a capacidade de dar sequência às jogadas na transição ofensiva sob pressão alta dos marcadores.

"Jogar com ele é muito bom. Auxilia, passa dicas, ajuda. Ele já viveu de tudo. Ele conhece os atalhos do campo", elogiou Evertton Araújo em entrevista à Flamengo TV depois da vitória contra o Botafogo na última quarta-feira, no Estádio Nilton Santos. "O Jorginho é um craque, um treinador em campo", elogia o comandante Filipe Luís.

Recém-chegado ao Palmeiras, Andreas Pereira traz da Premier League ao Palmeiras a capacidade de controlar jogos com um estilo diferente de Jorginho. Mais móvel taticamente, pode ser usado em qualquer setor do meio para a frente. Assim como o oponente, foi formado na Europa, especificamente no futebol belga, uma escola ainda preocupada com a produção de meias. Kevin de Bruyne é um deles.

"Trabalhei com Andreas Pereira nas seleções sub-15, sub-16 e sub-17. Ele era da nossa geração 1996", diz ao Correio Bob Browaeys, um dos formadores de joias belgas como Eden Hazard na base. Ele tem um chute fantástico e é capaz de dar algumas assistências inacreditáveis. Jogava como meia ofensivo, centralizado. Ele é muito talentoso, habilidoso", testemunha um dos responsáveis pela formação.

Bob Browaeys acrescenta: "Eu treinei a maioria dos melhores talentos belgas e nunca vi ninguém com uma técnica de chute melhor. O aproveitamento dos chutes dele era superior a 50%. Ele gosta muito de finalizar de fora da área. É excelente nas cobranças de falta. Andreas tem um chute muito forte e preciso", elogia um dos mentores.

Algumas coincidências unem Jorginho e Andreas Pereira. O ítalo-brasileiro foi oferecido ao Palmeiras. Leila Pereira não quis. O belga-brasileiro flertou algumas vezes com o retorno ao Flamengo. Os presidentes Rodolfo Landim e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, resistiram.

Ambos são ótimas ferramentas na bola parada. Jorginho é quase impecável nas cobranças de pênalti. Andreas, um veneno nas cobranças de faltas e de escanteios. Desequilibrou na partida de ida das semifinais da Libertadores contra o River Plate, no Monumental de Núñez. Resolveu a partida contra o Fortaleza com dois chutes indefensáveis de fora da área.

Houve um tempo em que o camisa 10 era o vértice do triângulo no meio de campo. A pirâmide se inverteu. Daí a importância de Jorginho e Andreas Pereira na recepção da bola do sistema defensivo e a transição ofensiva. Independentemente da função tática deles no clássico, o ritmo do jogo vai passar pela qualidade dos reforços egressos da Premier League.

O árbitro Fifa Wilton Pereira Sampaio (GO) será o juiz. Ele mediará o clássico pela quarta vez em quatro anos. Caio Marques Augusto será o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR).

 


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MP
postado em 18/10/2025 07:01
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