
Fundada em 1960 com a promessa de representar um novo Brasil, Brasília ergueu-se no coração do país. Dois anos após o país bordar a primeira estrela de campeão da Copa do Mundo, a nova capital carregava expectativas grandiosas, inclusive no futebol. Enquanto a cidade foi construída em tempo recorde, em campo, o ritmo foi outro. A lentidão do desenvolvimento no esporte bretão no quadradinho é refletida no longínquo intervalo desde a última aparição de um clube local na elite nacional. Lá se vão 20 anos desde a participação do Brasiliense na primeira prateleira. Em contrapartida, o futebol candango segue representado por pratas da casa. Nesta edição da Série A do Campeonato Brasileiro, seis entraram em campo.
Após o sucesso com Endrick, o Palmeiras voltou os olhos para Brasília e pescou mais um “filho da capital planejada” para o elenco de Abel Ferreira. Com origens em Santa Maria, o meia com trajetória sólida na Europa, precisou de tempo até se adaptar ao time, mas se firmou como peça importante. No Campeonato Brasileiro, soma três gols — incluindo uma pintura na goleada sobre o Bragantino, na última quarta-feira (15/10) — e três assistências. Os números frios parecem discretos, mas não contam toda a história: dentro de campo, o meia tem sido essencial para o funcionamento coletivo.
De Ceilândia, Robert Renan chegou para assumir titularidade no Vasco da Gama. Contratado em agosto a pedido de Fernando Diniz, encaixou com naturalidade no estilo de jogo do treinador e tornou-se indispensável no sistema defensivo. A estreia com a Cruz de Malta não poderia ter sido mais simbólica: no clássico contra o Botafogo, pela Copa do Brasil, o ceilandense converteu a última cobrança da disputa de pênaltis e colocou o Gigante da Colina nas semis pelo segundo ano consecutivo. De quebra, espantou os fantasmas do Gauchão, quando havia desperdiçado, de cavadinha, uma cobrança decisiva pelo Internacional.
Enquanto Robert Renan saiu como herói na Copa do Brasil, Sabino viveu o roteiro oposto. Ainda nas oitavas do torneio, o zagueiro do São Paulo foi apontado como um dos vilões da eliminação ao desperdiçar uma cobrança de pênalti contra o Athletico-PR. Entre altos e baixos, o defensor de 28 anos chegou ao tricolor em 2024 para compor elenco, sem status de protagonista. Nesta temporada, aproveitou a sequência quase interminável de lesões na defesa para conquistar espaço. Com a chegada de Crespo e a adoção do sistema com três defensores, ganhou ainda mais respaldo graças à qualidade no passe e na saída de bola.
Entre os mais experientes, Lucas Crispim desponta como o segundo mais velho da lista, atrás apenas de Felipe Anderson. Aos 31 anos, o meia revelado pelo Santos voltou ao país após duas temporadas na Tailândia com a missão de reforçar o Fortaleza na luta contra o rebaixamento. Até aqui, soma quatro partidas e um gol, marcado justamente na derrota por 4 x 1 para o Palmeiras. Fora dos últimos dois jogos por conta de um edema na coxa, Crispim e os companheiros terão de se desdobrar para reverter o rebaixamento.
Revelado pelo Flamengo e negociado por 30 milhões de euros com o Real Madrid, Reinier não correspondeu às expectativas no Velho Continente e, após sucessão de empréstimos, foi repatriado pelo Atlético Mineiro para o segundo semestre de 2025. A estreia contra o Godoy Cruz, pela ida das oitavas de final da Sul-Americana, com assistência para Hulk, empolgou tanto que a camisa utilizada pelo jovem de 23 anos do Guará na partida foi parar no acervo do Centro Atleticano de Memória (C.A.M.), responsável pela preservação de itens de valor simbólico do clube. O entusiasmo inicial, porém, ficou pelo caminho. Em 11 partidas após a estreia, não participou de nenhum gol e perdeu espaço no elenco. Sob o comando de Sampaoli, foi titular apenas uma vez.
Quem fecha a breve lista de atletas oriundos do Distrito Federal é o lateral-esquerdo Guilherme Lopes, do Red Bull Bragantino. O jovem de 23 anos é a reposição natural do titular da posição, Juninho Capixaba, mas apresenta números sólidos para um reserva: nove jogos, um gol e uma assistência. Há duas temporadas no elenco profissional do Massa Bruta, o brasiliense anotou o primeiro gol da carreira contra o Vasco da Gama em pleno São Januário, na vitória por 2 x 0. O passe para gol também foi decisivo, no empate em 2 x 2 contra o São Paulo. Na ocasião, cruzou com precisão na cabeça do uruguaio Guzmán Rodriguez.
Poucos sabem, mas o volante Fernando Reges, com passagens por Manchester City, Sevilla e Galatasaray também tem raízes na capital. Aos 37 anos, o volante atuou em apenas seis jogos desta edição do Campeonato Brasileiro com a camisa colorada, até se afastar devido a uma lesão no ligamento cruzado posterior do joelho. Sem chances de retornar aos gramados nesta temporada, entendeu que seria o ideal rescindir o contrato para não comprometer as finanças do clube gaúcho para o restante de 2025. O jogador pretende se aposentar enquanto se recupera em Goiânia, cercado por amigos e familiares.
*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini

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