Vôlei

Brasília Vôlei: maternidade potencializa carreira de Jordane Tolentino

Levantadora conta ao Correio como o nascimento da filha, Maia, transformou a relação dela com a profissão. Time do Distrito Federal busca a recuperação depois da derrota para o Osasco no sábado

Maia é a mascote da família: carinho da mãe, Jordane, e do pai-coruja, João Sartorelli -  (crédito:  Rogério Guerreiro / Brasília Vôlei)
Maia é a mascote da família: carinho da mãe, Jordane, e do pai-coruja, João Sartorelli - (crédito: Rogério Guerreiro / Brasília Vôlei)

Muitas mulheres carregam consigo desde a infância o sonho de ser mãe. Quando chega a hora de tomar a decisão, não é fácil. O mundo daquele momento em diante irá mudar. Para as atletas, o medo de parar a carreira, não ter mais espaço quando voltarem e outros fatores vêm juntos na bagagem. A levantadora do Brasília Vôlei Jordane Tolentino conta ao Correio Braziliense como a maternidade transformou a vida dela como pessoa e atleta. A jogadora é um do destaques do Brasília Vôlei na Superliga Feminina e entrará em quadra nesta sexta-feira contra o Maringá, às 18h30, no Ginásio Chico Neto, no Paraná.

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Natural de Belo Horizonte, a mineira de 39 anos caminha há um longo tempo lado a lado com o vôlei. Desde os 11 anos, quando ainda estava no Ensino Fundamental, teve o primeiro contato com a modalidade na educação física. Admirada ao ver os colegas de turma jogarem, questionou onde eles aprenderam e indicaram uma escolinha da qual faziam parte. Ali, achou a brecha perfeita. Por mais que os pais apoiassem o desejo da menina, não tinham condição suficiente para pagar a mensalidade da escola.

Jordane não contava que, cerca de duas semanas depois, o técnico da categoria de base do Mackenzie, Deli Célio Rodrigues, iria à escola na qual estudava para convidá-la a se juntar ao time. De cara, Jordane perguntou o valor para informar aos pais e teve a notícia de que não precisaria arcar com custo e conseguiria ajuda com o vale transporte. "Eu acredito que foi uma coisa de Deus. Eu quis muito e ele realizou", recorda.

Paralelamente, a mineira sempre teve o sonho de se casar e ter filhos. "Três, pelo menos", revela. Aos 37 anos, Jordane retornou ao Mackenzie, em 2024, para ajudar a equipe na campanha de retorno à Superliga A. Em um dos dias, uma ginecologista do esporte deu aula sobre a dificuldade de engravidar quando se tem mais idade.

Por meio de exames do marido, João Sartorelli, o casal constatou poucas chances de gestar naturalmente. Portadora da Síndrome de Ovários Policísticos (SOP), ela decidiu interromper com a pílula anticoncepcional para tentar o processo de congelar o embrião. "Nessa, nós acabamos relaxando, achando que não seria possível. E aí, minha filha apareceu", brinca.

Mãe de primeira viagem e atleta, Jordane tinha preocupações com o time e a gestação. Com a equipe, porque sabia da confiança nela para ajudar na ascensão para a elite do vôlei. Com a gravidez, por ser improvável de acontecer. Havia uma atenção sobre a saúde do bebê. Se poderia vir com alguma deficiência. "Graças a Deus, ela veio perfeitinha, mas foi um susto muito grande", relata.

Depois de ser tranquilizada pelo médico, curtiu a gestação como sempre quis. "Eu me sentia super bem, foi uma gestação muito boa", lembra. A mineira esteve dentro das quadras até o sétimo mês. Acompanhava os treinos e os jogos da equipe. Todos os dias estava junto das companheiras de profissão. O Mackenzie alcançou o objetivo de carimbar vaga na Superliga A em 7 de abril. Três dias depois, a filha Maia veio ao mundo.

O puerpério é um dos momentos mais difíceis. Segundo a psicóloga Ana Cris Benício Lopes, do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), cedida ao site do Governo do Estado do Ceará, estima-se que de 80% a 90% das mulheres passam por isso. "Eu estava vivendo completamente para a minha filha, muito feliz, mas entrei meio que em uma bolha. Às vezes, falava para o meu marido que precisava de uma horinha para ficar sozinha. Eu nem lembrava o que poderia fazer em uma hora", relata.

"Se ela (bebê) estivesse bem, eu estava bem", pontua. Foram quase sete meses de total dedicação à pequena Maia, até Jordane receber ligação de um velho amigo. Spencer Lee a convidou para fazer parte do time do Brasília Vôlei na temporada 2024/2025. Montando um time jovem, ele gostaria da presença de uma jogadora experiente para ser uma referência das atletas. "Meu coração acelerou", exclama. Em meio às dúvidas, sentiu que era hora de voltar. Contou com o apoio da mãe e do esposo para retornar às quadras.

"Mas, depois de ser mãe, acho que a gente fica melhor em tudo na vida. E o vôlei também fez parte disso. Foi muito legal a volta. Além de me resgatar da bolha em que eu estava, voltei mais forte, eu sinto que voltei outra mulher, realmente. Não só como mãe, mas uma atleta bem diferente para melhor", emociona-se.

"A gente aprende a superar tudo. Tudo é secundário, não é tão forte, então você está muito cansado de uma forma que eu antigamente imaginaria impossível de treinar, e é isso, é superação, é muito bacana como a gente volta mais forte. Eu falo isso para as minhas amigas que foram mães recentemente", conclui.

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O Brasília Vôlei disputará, hoje, a quarta partida na temporada da Superliga Feminina de Vôlei. As meninas comandadas por Spencer Lee acumulam uma vitória diante do Tijuca e duas derrotas para o Praia Clube e o Osasco. A equipe busca a recuperação.

*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

 


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postado em 07/11/2025 06:03
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