FUTEBOL

Chegou o dia "D" de Bruno Henrique, do Flamengo, no STJD

Julgado por envolvimento em apostas esportivas após cartão amarelo recebido em Brasília, atacante terá futuro definido nesta quinta-feira (13/11). Sob efeito suspensivo, ele entrou em campo 12 vezes

Bruno Henrique é investigado por participação em apostas de familiares em cartão amarelo: caso se arrasta desde novembro de 2023 -  (crédito: Divulgação/Flamengo)
Bruno Henrique é investigado por participação em apostas de familiares em cartão amarelo: caso se arrasta desde novembro de 2023 - (crédito: Divulgação/Flamengo)

Iniciada em Brasília, a reviravolta na carreira do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, deve ter um fim, nesta quinta-feira (13/11), no Rio de Janeiro. Dois anos após jogar no Estádio Nacional Mané Garrincha contra o Santos e receber um cartão amarelo fruto de uma extensa investigação sobre participação do atleta em esquemas de apostas, o camisa 27 e capitão do clube rubro-negro deve viver, a partir das 15h, o último capítulo do julgamento na esfera esportiva. Condenado em setembro em primeira instância a uma pena de 12 partidas de torneios nacionais, mas apto a atuar desde então graças a um efeito suspensivo, o jogador estará outra vez sob o crivo do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

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A história remonta a 1º de novembro de 2023, quando Bruno Henrique, pendurado, recebeu amarelo por uma falta, seguido de vermelho por reclamação ao árbitro Rafael Rodrigo Klein. Na ocasião, o caso pareceu intempestividade e não levantou suspeitas. Um ano depois, a Polícia Federal, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), deflagrou a operação "Spot-fixing" para investigar possíveis manipulações de resultado em favor de apostas. O jogador do Flamengo se comunicou com familiares sobre a possibilidade de forçar um cartão para cumprir suspensão automática contra o Fortaleza e, depois, enfrentar o Palmeiras. Na ocasião, os clubes duelavam pelo título brasileiro, posteriormente conquistado pelo alviverde.

O caso transcorreu por mais um ano nas esferas cível e esportiva até Bruno Henrique ser condenado em primeira instância pelo STJD. A pena abrangia 12 jogos de suspensão em torneios nacionais (como Brasileirão e Copa do Brasil) e multa de R$ 60 mil. Com apoio do Flamengo, o jogador conseguiu um efeito suspensivo da pena e esteve à disposição do técnico Filipe Luís nos 60 dias seguintes. A defesa rubro-negra é sustentada na tese de a ação deliberada do atacante de informar a familiares a orientação interna parar receber o amarelo não ter causado prejuízos ao clube. Para a acusação, Bruno causou dano à integridade do esporte ao avisar o irmão Wander Nunes Pinto sobre a situação. Desde então, o enredo se desenrolou entre os tribunais e os gramados.

Apto a atuar, Bruno Henrique entrou em campo em 12 partidas e não foi utilizado em uma no período. Delas, nove contariam para a pena aplicada pelo STJD, caso não houvesse um efeito suspensivo. Titular em cinco ocasiões, o atacante somou 530 minutos em campo, com três gols marcados e três cartões amarelos recebidos. O impacto esportivo do jogador ganhou contornos mais evidentes nas duas últimas apresentações. O camisa 27 colocou bolas na rede nas vitórias rubro-negras contra Sport (duas) e Santos, ajudando o clube a se manter firme na luta pelo título da Série A do Brasileirão.

Agora, a história retorna ao ponto alto de tensão: o Pleno do STJD se reúne nesta quinta para dar um veredito. O relator Sergio Furtado Filho votou pela absolvição. No mérito, o magistrado do caso rechaçou a aplicação dos artigos 243 e 243A (atuar de forma prejudicial ao próprio clube ou manipular resultados de partidas) e aplicou o 191 (descumprimento de obrigações legais ou administrativas, punida apenas com multa), seguindo o entendimento da defesa do jogador. O julgamento foi postergado após pedido de vista do auditor Marco Aurélio Choy.

A nova sessão promete ser decisiva. Seja qual for o desfecho, o caso Bruno Henrique se converteu em um divisor de águas para o futebol brasileiro. O processo nasceu de um cartão no Mané Garrincha, atravessou tribunais por dois anos e, agora, expõe o desafio de conciliar paixão, ética e responsabilidade com o jogo mais popular do país.

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DQ
postado em 13/11/2025 06:00
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