Rio de Janeiro — O alerta é de Donata Taddia, Oficial de Políticas de Ética e Compliance do Comitê Olímpico Internacional (COI): houve demanda de apostas nos 32 esportes e 48 modalidades nos Jogos de Paris-2024. “Tem mercado de apostas para todos. O basquete e o hóquei têm base de apostas bem desenvolvida. Judô… É preciso não baixar a guarda”, estimulou a italiana nesta quarta-feira (12/11), na abertura do II Fórum Esporte Seguro. O evento do Comitê Olímpico do Brasil (COB) abordou a Manipulação de Resultados nesta edição em uma maratona de quatro palestras e quatro mesas-redondas em nove horas.
O antídoto do COB na tentativa de educar e imunizar os atletas está lançado: um curso gratuito ensina sobre os riscos, consequências e como se blindar dos criminosos com o slogan “Juntos em defesa do jogo responsável”. A ministração disponível na plataforma Instituto Olímpico Brasileiro (IOB) tem duração de uma hora focada nos atletas, treinadores, árbitros, gestores e demais envolvidos no esporte.
“A principal estratégia para combater a ameaça global é a informação e conscientização. Estamos lançando o curso de combate à manipulação de resultados”, explicou Sebastian Pereira, gerente-executivo de Educação e Fomento do COB. “Ao capacitar, transformamos esses profissionais na primeira linha de defesa para garantir um esporte juto e inspirador para as próximas gerações em alinhamento com os valores olímpicos”, projeta.
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Donata Taddia comemorou a iniciativa do COB, mas deixou um recado ao esporte brasileiro. “É importante que a lei seja aplicada”, cobrou. O secretário nacional de Apostas Esportivas do Ministério do Esporte entendeu o recado no início do Fórum Esporte Seguro.
“A integridade esportiva tem que ser tratada como uma questão de Estado. O enfrentamento da manipulação de resultados exige coragem e transparência. Estamos falando de um ataque à essência do esporte. A prevenção é o caminho mais eficiente”, disse Giovanni Rocco Neto, firmando um compromisso do governo Lula com a cruzada.
Membro do Comitê de Integridade das Competições e Combate à Manipulação de Resultados da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Thiago Grigorovski coloca luz no apito. “Outros atores podem manipular jogos. É o caso dos árbitros. A educação tem que atingir toda a pirâmide. Não basta criminalizar”, defende o executivo.
Vizinho
O II Fórum Esporte Seguro fez intercâmbio com países vizinhos da América do Sul. Cristián Mir Díaz, compliance do Comitê Olímpico do Chile, testemunhou: “Estamos muito atrasados, em uma fase de discussão sobre legislação. O Chile está onde o Brasil estava. Vocês estão muito firmes em proteger a integridade. Há muitos caminhos, mecanismos que podem ser usados para avançar no Chile, mas estamos alguns passos atrás”, admitiu.
Cristián Mir Díaz chamou a atenção para a vulnerabilidade nos esportes olímpicos depois da exibição do gráfico comparativo dos Jogos Rio-2016 a Paris-2024 apresentado pela representante do COI, Donata Taddia. “É mais fácil manipular uma pessoa do que 11. Outros esportes são mais sensíveis à manipulação. Muitas vezes, esses atletas e essas modalidades não têm o mesmo financiamento do futebol”.
Programe-se
Curso: Combate à manipulação de resultados - Juntos em Defesa do Jogo Responsável
Como acessar: www.cob.org.br/cultura-
Custo: gratuito
Público alvo: atletas, treinadores, árbitros, gestores
Conteúdo
Prevenção e enfrentamento do assédio e do abuso no esporte
Esporte Antirrascista: todo mundo sai grando
Conduta Ética na Prática
Equilibrando o Jogo: igualdade de gênero no esporte
Reconhecimento: os inscritos receberão certificado
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)
