Gustavo Gómez está no Palmeiras desde 2018 e pode ser considerado a personificação do trecho do hino alviverde "defesa que ninguém passa". Léo Pereira é um dos veteranos do Flamengo, esbanja técnica e pode ser considerado uma versão moderna do deus da raça. Eles são os pilares da defesa de Abel Ferreira e Filipe Luís e protagonistas do terceiro capítulo da série Glória Eterna, do Correio, sobre a final que coroará o primeiro clube brasileiro tetracampeão da Libertadores, no sábado (29/11), às 18h, em Lima.
É natural que a missão de resolver a final no Estádio Monumental seja delegada aos homens mais talentosos de meio e de ataque. Porém, o título pode vir nos detalhes. Ajustes defensivos e até ofensivos que passam pelos xerifes podem ser cruciais para bordar a quarta estrela de campeão no uniforme. Gustavo Gómez e Leo Pereira jogam separados por um campo, mas certamente se encontrarão nos momentos de bola pelo alto e disputarão cada centímetro de campo em bolas paradas. São perigo um para o outro.
A bola parada, inclusive, é sagrada para o Palmeiras de Abel Ferreira. Gols oriundos de escanteio se tornaram recorrentes. Léo Pereira e companhia devem ter máxima atenção à cobrança com a tradicional "casquinha" na primeira trave, pensada para amaciar a bola para Gustavo Gómez. O paraguaio não é "artilheiro" à toa. São 45 marcados pelo Palmeiras, seis em 2025. Aos 32 anos, também ostenta o título de defensor mais goleador da história da Libertadores, com 14 anotados de 2013 para cá.
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Lima pode coroar Gustavo Gómez como o paraguaio mais vitorioso da história da Libertadores. O beque palmeirense tem a chance de ultrapassar os compatriotas Ever Hugo Almeida, Jorge Guasch, Celso Ayala, Francisco Arce e Catalino Rivarola, todos bicampeões. Seria a realização de um sonho de criança para o capitão. "Eu era pequeno e lembrava do Olimpia disputando a Libertadores. Em 2002, quando eles ganharam do São Caetano, eu lembro dos fogos de artifício. Não entendia muito bem, mas a Libertadores estava sempre na minha cabeça desde criança", compartilhou em entrevista à Fifa.
Léo Pereira é três anos mais novo do que Gustavo Gómez, mas é tão respeitado o quanto o colega de profissão. Tornou-se uma das vozes da consciência do técnico Filipe Luís em campo. Fruto de amadurecimento. O paranaense de Curitiba desembarcou no Ninho do Urubu em 2020, após o ano mágico com Jorge Jesus e companhia. As expectativas eram altíssimas para não entregasse menos do que a Pablo Marí e Rodrigo Caio, a dupla titular naquela temporada.
O começo foi difícil. Inclusive, havia possibilidade de deixar o clube. Porém, o trabalho mental o ajudou a pular fora. As recompensas vieram em forma de taças do Carioca (2020, 2021, 2024 e 2025), do Brasileirão (2020), Recopa Sul-Americana (2020), Supercopa (2021 e 2025), Copa do Brasil (2022 e 2024) e Libertadores (2022).
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O camisa 4 jogou 57 das 71 partidas do Flamengo em 2025. Aguentou 51 inteiras e celebra não ter se lesionado nesta temporada. "Esse trabalho de formiguinha vem de meses. Esse final de ano fala sobre tudo que vivi o ano inteiro. Foi um ano de muita preparação", relatou em entrevista ao site GE. Léo Pereira também busca o "tri". Campeão da Copa Sul-Americana pelo Athletico-PR em 2018 e da Libertadores em 2022 pelo rubro-negro carioca, está a uma taça da terceira glória continental.
O Flamengo sofreu 45 gols na temporada. Com Léo Pereira em campo, a defesa não foi vazada em 31 oportunidades. O zagueiro também vive a temporada mais artilheira, com cinco bolas na rede e sonha o que Gustavo Gómez viverá em breve: disputar uma Copa do Mundo. O palmeirense é figura carimbada na seleção paraguaia do técnico Gustavo Alfaro e estará na edição de 2026, no Canadá, no México e nos Estados Unidos.
"Fico incomodado. Não tem como. É algo que busco diariamente. Não estou me preparando desde o início do ano para chegar na Seleção em 2026, não é isso. Mas me preparo a cada semana para jogar e performar. Quando vejo que estou preparado, pronto e fazendo as coisas acontecerem, fluírem e estou no melhor momento da carreira... falei em uma entrevista esses dias: o que posso fazer a mais? O que falta?", questiona.
