Em um passado não tão distante, era inimaginável para o torcedor do Flamengo imaginar o clube batendo de frente com grandes ricaços da Europa. Dois mil e vinte cinco pode ser considerado extraordinário por essa ótica. Campeã da Supercopa do Brasil, do Carioca, do Brasileirão e da Libertadores, a companhia rubro-negra teve como cerejas do bolo duelos oficiais contra três dos últimos seis campeões da Champions League, Chelsea (2021), Bayern de Munique (2020) e Paris Saint-Germain (2025). Porém, não ganhou o mundo de novo ao perder nos pênaltis por 2 x 1.
O sentimento não deve ser de frustração. O Flamengo foi valente contra o Chelsea ao buscar a virada por 3 x 1. Foi prejudicado por erros individuais contra o Bayern de Munique, mas o 4 x 2 pode ser considerado normal. Contra o Paris Saint-Germain, na final da Copa Intercontinental, a sorte poderia ter sido melhor na derrota por 1 x 0. Os duelos contra os poderosos do Velho Continente oferecem aprendizados.
O maior pecado do Flamengo, sobretudo contra Bayern de Munique e Paris Saint-Germain, foi a concentração e precisão. Exemplo: o placar contra os franceses poderia ter sido diferente, se o árbitro não tivesse anulado o gol de Fabián Ruiz. Rossi tentou evitar escanteio, em lance com cobertura de Léo Pereira. O meia espanhol do PSG foi esperto e, de bate-pronto, colocou no caixa. Contudo, a bola havia sido. O goleiro flamenguista correu risco desnecessário.
Outro tópico importante é a intensidade. Desgastado por toda a temporada brasileira e sul-americana pelas duas fases prévias do Intercontinental, contra Cruz Azul-MEX e Pyramids-EGI, o Flamengo entendeu que não há como competir quando não há paridade física. O duelo contra o PSG foi o 78º do rubro-negro em 2025, enquanto os franceses tiveram 65 exibições. São 13 jogos a menos, o equivalente à edição de 2025 inteira da Libertadores para os cariocas.
O Flamengo entende que hegemonia nacional e continental, com nove títulos da Série A, cinco da Copa do Brasil e quatro da Libertadores, não é suficiente para se equiparar aos europeus. No entanto, os desempenhos nas finais contra o Paris Saint-Germain e Liverpool, em 2019, mostram que a distância tática e até técnica está diminuindo. Claro, as equipes do lado de lá do Oceano Atlântico seguem mais fortes e favoritas, sobretudo pelo vantagem econômica. O PSG tem elenco sete vezes mais valioso do que o rubro-negro (R$ 7,5 bilhões x R$ 1,2 bilhão, segundo a plataforma Transfermarkt).
Diferentemente das derrotas do Fluminense para o Manchester City, do Palmeiras para o Chelsea, do Grêmio para o Real Madrid e das eliminações do alviverde, do Internacional e do Atlético-MG nas semifinais do formato antigo, os tropeços do Flamengo em 2019 e em 2025 não geram trauma, mas criam parâmetros. No novo globalizado calendário da Fifa, os duelos contra os europeus seguirão frequentes e se tornam referências para o que o atual campeão da Libertadores pode alcançar.
