
O Flamengo teve o sonho do bicampeonato mundial frustrado pela segunda vez em seis anos. Impotente diante de um Paris Saint-Germain dominante taticamente do início ao fim da final da Copa Intercontinental, o tetracampeão da Libertadores perdeu nos pênaltis por 2 x 1 depois de empate por 1 x 1 no tempo regulamentar e na prorrogação para o detentor da Champions League no Estádio Ahmed bin Ali, em Al-Rayyan, no Catar. O gol do georgiano Kvaratskhelia coroou o ano perfeito do primeiro clube francês a conquistar o mundo. A trupe de Luis Enrique ganhou o Campeonato Francês, a Copa da França, a Supercopa da Uefa e o Mundial. A única taça perdida foi a Copa do Mundo de Clubes da Fifa para o Chelsea, por 3 x 0, nos Estados Unidos.
A derrota não minimiza o ano glorioso do Flamengo. O time ergueu sete troféus sob o comando de Filipe Luís em 2025: Supercopa Rei do Brasil, Taça Guanabara, Carioca, Brasileirão, Libertadores, Desafio das Américas e a Challenger Cup, as últimas duas em fases anteriores ao duelo com o PSG na final da Copa Intercontinental. Kvaratskhelia e Jorginho balançaram a rede com bola rolando. Nos pênaltis, Saúl, Léo Pereira, Pedro e Luiz Araújo tiveram as cobranças defendidas pelo goleiro russo Matvey Safonov, de 26 anos (leia relato das cobranças no fim da matéria).
Venenoso nas cobranças de faltas e escanteios, o Flamengo foi quem tomou o primeiro susto em um lance assim. Vitinha cobrou infração da direita e achou João Neves sozinho nas costas de João Neves. O português finalizou à direita do goleiro Rossi. Surpresa na escalação, o sul-coreano Kang-in-Lee iniciou o confronto aberto pela direita em cima de Alex Sandro. No primeiro espaço, cortou para o meio e chutou cruzado. Rossi defendeu.
A pressão do PSG na saída de bola começou a forçar erros do sistema defensivo. Um chutão para trás bagunçou a defesa. Na tentativa de evitar escanteio, Rossi chutou a bola para o meio da área e deixou o gol vazio. O espanhol Fabián Ruiz finalizou de primeira e abriu o placar. No entanto, o lance passou pela revisão do VAR e houve anulação. O árbitro marroquino naturalizado estadunidense Ismail Elfath sinalizou saída de bola e escanteio.
Depois do susto, o Flamengo conseguiu uma rara escapada com Bruno Henrique. Ele chegou à linha de fundo e cruzou. No bate-rebate, a bola sobrou para Erick Pulgar na entrada da área. O volante chileno chutou de média distância e o goleiro Safarov defendeu.
Com dificuldade na marcação, o Flamengo não retinha a bola e sofria muito para encaixar a marcação. O volante Jorginho e o lateral-esquerdo Alex Sandro receberam cartão amarelo com menos de 30 minutos no primeiro tempo. Nos raros momentos em que tinha a posse, a bola queimava nos pés rubro-negros e os lances dificilmente tinhas sequência. A cada passe errado ou falta cometida, o semblante dos jogadores era de altíssima tensão.
A posse de bola esmagadora de 65% do PSG era questão de tempo para se converter em gol. O jogo ficou equilibrado a partir dos 30 minutos. Fabian Ruiz recebeu cartão amarelo após falta desleal em Alex Sandro. Taticamente perfeito na proposta de Luis Enrique, Kang-in-Lee, de 24 anos, saiu lesionado para a entrada de Mayulu, joia de 19 anos.
Em um jogo com demanda por erro individual e coletivo zero, Rossi falhou gravemente aos 38 minutos. Atraída para o lado direito, a defesa do Flamengo abriu um clarão no setor de Alex Sandro. Mayulu acionou Doué na ponta canhota. O francês cruzou rasteiro, o goleiro rubro-negro não alcançou a bola e o desvio com um tapa sobrou para o meia georgiano Kvaratskhelia completar de perna esquerda para a rede do time carioca: 1 x 0.
O Flamengo tentou reagir imediatamente usando a melhor arma neste fim de temporada. Arrascaeta cobrou escanteio da esquerda e o volante Pulgar subiu sozinho com impulsão para cabecear de frente, porém errou na direção e mandou para à esquerda de Safonov.
Segundo tempo
Filipe Luís não mexeu no início do segundo tempo e o PSG continuou se impondo nos minutos iniciais. O português João Neves assustou em um chute de fora da área defendido pelo inseguro Rossi. O goleiro mostrava indecisão nas bolas alçadas para dentro da área.
O panorama do jogo começou a mudar quando Filipe Luís sacou um dos piores jogadores do Flamengo. O colombiano Carrascal deu lugar ao centroavante Pedro. A ideia era passar a incomodar os zagueiros do PSG com o trabalho de pivô do camisa 9. Ele passou a formar parceria com Arrascaeta no ataque e deu certo. O uruguaio foi derrubado dentro da área pelo brasileiro Marquinhos. O jogo prosseguiu, mas o árbitro foi chamado para revisão. Jorginho cobrou a infração, deslocando o goleiro Safonov, e empatou aos 16 minutos.
Luis Enrique acusou o golpe à beira do campo. Tirou imediatamente Mayulu, que havia entrado no lugar de Kang-in-Lee no primeiro tempo, e inseriu Barcola na partida. O PSG voltou a dominar a partida e Filipe Luís se viu na obrigação de renovar o gás do Flamengo com as entradas de De la Cruz, Saúl e Éverton Cebolinha nas entradas de Pulgar, Jorginho e Arrascaeta, respectivamente. Empurrado para trás, o Flamengo não conseguia agredir.
A situação piorou quando Luis Enrique tirou do banco de reservas o melhor jogador do mundo. Um dia depois de acumular a Bola de Ouro e o Fifa The Best, Dembélé entrou em campo no sacrifício e aumentou ainda mais a pressão sobre o sistema defensivo. Leó Ortiz errou saída de bola, mas a retaguarda se recompôs e evitou o segundo gol francês.
Equilibrado, o duelo permitiu oportunidades aos dois times. O Flamengo teve pelo menos dois contra-ataques para virar o jogo. Do outro lado, Marquinhos jogou de zagueiro praticamente debaixo da trave depois de o goleiro Rossi cometer mais uma falha na tentativa de encaixar a bola. Ela escapou, o beque brasileiro foi servido dentro da pequena área, mas furou e o jogo foi para a prorrogação.
Prorrogação
O PSG aproveitou o fato de estar no meio da temporada europeia para se impor no primeiro tempo. As melhores chances foram do time francês. Dominado, o Flamengo não conseguiu agredir. Os escapes eram com Éverton Cebolinha pela esquerda. Recém-recuperado de lesão, Pedro não conseguia dar os piques de costume e esperava ser acionado com menos sacrifício. O PSG teve pelo menos duas chances, mas o inseguro Rossi compensou as péssimas saidas de bola com os pés e as mãos fechando a meta rubro-negra.
O segundo tempo começou com mais pressão francesa. Njantou iniciou a etapa com um chute de fora da área à esquerda do goleiro Rossi. A bola passou perto da trave direita. Exausto, Plata deixou a partida para a entrada de Samuel Lino. A primeira finalização do Flamengo partiu de Luiz Araújo no tempo extra. O PSG ainda teve oportunidade preciosa com Dembélé, mas o Flamengo resistiu e levou o jogo até as últimas consequências: a decisão por pênaltis.
Pênaltis
- De La Cruz desloca Safonov e faz 1 x 0 para o Flamengo
- Vitinha desloca Rossi e empata para o Paris Saint-Gerain
- Saúl cobra no canto direito e Safonov defende
- Dembélé, eleito Bola de Ouro e Fifa The Best, cobra para fora
- Pedro bate no canto direito e Safonov defende para o PSG
- Nuno Mendes desloca Rossi e coloca o PSG na frente: 2 x 1
- Léo Pereira bate no meio do gol e Safonov pega a terceira cobrança
- Barcola bate o goleiro Rossi defende no canto direito
- Luiz Araújo erra, Safanov defende a quarta e o PSG é campeão mundial pela primeira vez.
FICHA TÉCNICA
1 (2) Paris Saint-Germain (4-3-3)
Safonov;
Zaire-Emery, Marquinhos, Pacho e Nuno Mendes;
Fabian Ruíz (Ndjantou), Vitinha e João Neves;
Kang-in-Lee (Mayulu, depois Barcola), Doué (Dembélé) e Kvaratskhelia (Mbaye)
Técnico: Luis Enrique
1 (1) Flamengo (4-3-1-2)
Rossi;
Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro;
Pulgar (De la Cruz) e Jorginho (Saúl);
Carrascal (Pedro), Arrascaeta (Everton Cebolinha) e Plata (Samuel Lino);
Bruno Henrique (Luiz Araújo)
Técnico: Filipe Luís
Estádio: Ahmed bin Ali, em Al-Rayyan (Catar)
Gols: Kvaratskhelia, aos 38 minutos do primeiro tempo;
Cartões amarelos: Fabián Ruiz, Vitinha (PSG), Jorginho, Alex Sandro, Pulgar, Plata, Juninho (FLA)
Cartão vermelho: -
Público: 42.150 presentes
Renda: não divulgada
Árbitro: Ismail Elfath (Marrocos/EUA)

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