Corte no MEC

UnB diz que pode faltar água e luz após corte no Orçamento

Orçamento das universidades federais está sendo afetado pelos cortes de 14,54% anunciados pelo Ministério da Educação

Michelle Portela
postado em 30/05/2022 14:55 / atualizado em 31/05/2022 14:02
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A Universidade de Brasília (UnB) divulgou nota criticando o corte de orçamento das unidades e institutos federais anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). No documento, a instituição aponta a perda de R$ 36,6 milhões, que seriam destinados ao pagamento de serviços básicos como água e luz, entre outros itens.

A nota, assinada pela reitora Márcia Abrahão e pelo vice-reitor Huelva, diz que a UnB já comprometeu 99,7% do seu orçamento discricionário da fonte do tesouro. O texto também informa que, além dos recursos para infraestrutura, os recursos são utilizados para garantir a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Confira a nota na íntegra: 

Do Gabinete da Reitora 28/05/2022
Mais uma vez, a pesquisa e a educação no Brasil são diretamente atacadas. Os recursos para custeio das universidades e institutos federais sofreram um corte de 14,54%. Na Universidade de Brasília (UnB), que já empenhou 99,7% do seu orçamento discricionário da fonte do tesouro, isso representa um corte de mais de R$ 36,6 milhões. O recurso é direcionado basicamente para investimento em ciência, com a compra de equipamentos de laboratório e livros; para a manutenção do funcionamento das atividades, com o pagamento de serviços básicos como água e luz; e para garantir a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Esta decisão contra o país e o seu povo demonstra que o governo federal não aprendeu as lições duras impostas pela pandemia. Prescindir da educação, da ciência, da inovação e da tecnologia significa abrir mão da soberania nacional. O corte orçamentário coloca o Brasil na contramão do mundo e vulnerável para responder aos desafios locais e globais que se apresentam cotidianamente. O país precisará de décadas para reverter as consequências da desvalorização da educação e da ciência sofrida sistematicamente a partir de 2016.

Além do corte nos recursos das universidades e institutos federais, as reduções atingem todo o aparato de C&TI construído no Brasil desde a década de 1950: o Fundo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (FNDE), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), consequentemente os Hospitais Universitários e o Sistema Único de Saúde (SUS).

No momento em que volta com todas as suas atividades presenciais, a Universidade de Brasília não abre mão de continuar fazendo ensino, pesquisa e extensão de excelência e com compromisso social. A UnB tem clareza de que o financiamento da ciência é condição inequívoca para ampliar o acesso ao ensino superior, garantir a permanência, a diversidade e a democracia em suas salas de aula, é fundamental para continuar se destacando nos principais rankings nacionais e internacionais e para ampliar o diálogo com a sociedade dando respostas aos problemas sociais.
Assim, seguirá lutando aliada aos seus técnicos, discentes de graduação e pós-graduação, docentes, colaboradores e toda a população do Distrito Federal pelas universidades públicas, inclusivas, plurais, gratuitas e de qualidade que todos os brasileiros merecem e precisam.

A UnB defende e sempre defenderá a educação e a ciência brasileira.

Márcia Abrahão
Reitora

Enrique Huelva
Vice-reitor

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