O Brasil, agora, tem uma legislação específica para restringir o uso dos celulares nas salas de aula. Foi sancionada, em fevereiro deste ano, a Lei nº 15.100, que trata da restrição nas redes de ensino e escolas públicas e privadas, durante aulas, recreios e intervalos. A norma prevê, no entanto, a permissão para fins pedagógicos, com autorização do professor, e em casos de acessibilidade, saúde e segurança.
O objetivo é preservar a saúde mental e física dos estudantes, de forma que promova um ambiente escolar mais saudável e equilibrado. A regra é seguida à risca no Colégio Leonardo da Vinci. Os alunos só usam o celular antes de a aula começar, às 7h40, e no fim, para se comunicar com os pais sobre a saída, às 13h10.
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Mesmo com a medida, a diretora pedagógica, Nilce Macedo, conta que a tecnologia ainda está presente nas atividades escolares. "Nós não deixamos de usá-la, mas hoje usamos os Chromebooks, minicomputadores do Google, que são cedidos pela escola. Então, o professor planeja a aula e disponibilizamos os aparelhos para o aluno", explica.
A diretora observa que a disponibilidade desses instrumentos é positiva para o rendimento acadêmico dos estudantes. "Pelo que vemos nos relatórios, os alunos têm buscado a tecnologia para estudos", diz.
Consequências
A aluna Yasmim Sampaio, de 16 anos, se diz favorável à medida, principalmente para inibir o uso excessivo do aparelho. "O celular é sempre uma distração, tanto quando estamos em casa, quanto na escola, por causa do excesso de dopamina, que fica na mente por muitas horas. Ele se tornava uma tentação muito forte nas aulas e atrapalhava o andamento", conta.
A mãe, Lucinete Sampaio, 49 anos, detalha que a filha agora interage mais com os colegas na hora do recreio. "Jovens adolescentes que têm acesso ao celular muitas vezes acabam por ter amigos virtuais, e não reais. Na escola, quando tinha a possibilidade do uso do celular, cada um via as redes sociais e não tinha interação com os próprios colegas. O relacionamento social nessa idade é importante para formação de identidade, o que era afetado com a presença do celular."
Até as relações familiares melhoraram: agora se lê mais em casa e Yasmim começou aulas de canto. "Nós debatemos bastante, então, quando ela aprende algo novo na escola, traz para casa e discutimos sobre aquele tema. Melhorou até a qualidade das relações, não só na escola, mas também em casa", relata.
A jovem concorda com a mãe e complementa que, fora da aula, os estudantes têm jogado jogos de tabuleiro e praticado esportes no intervalo. "É como se estivéssemos nos 're-humanizando', porque é comum, principalmente na minha geração, que cresceu com tecnologia."
Outros países que proíbem o celular em sala de aula
Alemanha
Maioria das escolas proíbe o uso de celulares, exceto para fins educacionais Austrália Restrição se estende a relógios inteligentes, desde 2020.
Canadá
Várias províncias proíbem o uso de celular, embora as restrições variem entre elas.
Escócia
Em agosto de 2024, o governo permitiu que os diretores implementem proibições.
Espanha
Em 2024, baniu smartphones das escolas primárias. Podem ser usados no ensino médio se o professor deixar.
Estados Unidos
A proibição atinge pelo menos 13 estados dos EUA. A Flórida foi pioneira na proibição.
Finlândia
A Agência Nacional de Educação recomendou que as escolas proíbam o uso de celulares nas aulas.
França
Lei de 2018 proíbe o uso de celulares por alunos em escolas primárias e secundárias.
Holanda
Proíbe uso de celulares, smartwatches e tablets por alunos de ensinos fundamental e médio.
Itália
Foi pioneira nas proibições de celulares, em 2007. Lei se tornou mais branda em 2017, mas retornou em 2022.
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