celulares nas escolas

Como proibição dos celulares nas escolas pode impactar estudantes

Especialistas orientam como lidar com possíveis efeitos da restrição dos celulares

Carol Moura
postado em 17/01/2025 11:30 / atualizado em 17/01/2025 11:32
A decisão deve passar ainda pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -  (crédito: Luisella Planeta LOVE PEACE/Pixabay)
A decisão deve passar ainda pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - (crédito: Luisella Planeta LOVE PEACE/Pixabay)

A Lei nº 15.100/2025, que veta o uso de celulares durante aulas e intervalos em todas as etapas da educação básica, foi sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última segunda-feira (13/01).

A proposta é que a ausência dos aparelhos ajude os estudantes a se concentrarem nas aulas, diminuindo as possíveis distrações, e permita a interação entre as crianças e os adolescentes em momentos de lazer e atividades sociais.

No entanto, os alunos ficarão longe do celular, em média, 6 horas por dia. Tempo considerável em comparação com a rotina vista hoje, em que o aparelho está em mãos a todo o tempo. Assim, ao restringir um elemento da rotina, é possível que a pessoa tenha uma crise de abstinência e neste caso, das telas, segundo a neuropsicóloga Aline Gomes. 

A frustração pela ausência de algo que antes era comum na rotina de crianças e adolescentes, podem se manifestar de diversas formas, “mas a irritabilidade é um comportamento muito comum”, ressalta Aline.

“Primeiro a gente precisa entender que toda mudança de hábito leva um tempo. E a gente vai precisar investir tempo, paciência e diálogo para que esse novo hábito, que essa nova forma de lidar com as telas, seja modificada”, segundo a educadora parental Priscilla Montes. 

“Em um contexto geral, os adolescentes têm muito mais acesso irrestrito à tela do que as crianças, então acho que para os adolescentes vai ser um pouco mais difícil. Eles já estão convivendo com o hábito de ter o telefone nas mãos, muitos têm os seus próprios aparelhos, contato com amigos por ele que não passa mais pelos pais”, explicou.

Segundo a educadora, é importante, também, não demonizar as telas. "Vivemos em um mundo virtual, a tecnologia pode ser usada a nosso favor, mas precisamos regular o conteúdo, principalmente, regular o tempo. A gente pode usar a tela também como um momento de aprendizado, momentos de pesquisa de desenhos, momentos de jogos, momentos de filmes, cinema e família”, completou Priscilla Montes.

A ansiedade causada pelo desejo intenso de se reconectar, a falta de concentração por falta dos estímulos constantes e a sensação de vazio ou perda de algo importante, são outras possíveis reações, pontuadas pelo psicanalista Artur Costa.

Ele cita, também, algumas estratégias que podem ser utilizadas para minimizar os efeitos e fazer com que esse processo seja mais tranquilo, como:

  • Validar os sentimentos, reconhecer e normalizar o desconforto que eles podem sentir, explicando que é uma reação esperada e que, com o tempo, eles se adaptarão à nova dinâmica.
  • Incentivá-los a interagir presencialmente com colegas, para fortalecer vínculos e reduzir a dependência digital.
  • Propor atividades alternativas, como esportes, leitura ou artes para que eles encontrem outros hobbies fora da vida digital.
  • Educar sobre equilíbrio digital, ensinando a usar a tecnologia de forma consciente, mostrando que momentos offline são essenciais para a saúde mental e o bem-estar.

Caso a criança ou adolescente demonstre reações intensas, como irritação persistente ou isolamento, é importante acolher e, se necessário, buscar ajuda profissional para orientar o manejo.

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