Como parte do projeto Rota Belém, a Escola Móvel de Economia Circular do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP) realizou uma parada estratégica esta semana no Senai de Taguatinga, localizado no Distrito Federal, antes de seguir viagem para a COP30, em Belém (PA). Cerca de 725 estudantes de cursos ofertados pela unidade puderam vivenciar atividades interativas que mostram como transformar resíduos em recursos, redesenhar processos produtivos e fomentar uma cultura de consumo responsável.
Entre os estudantes presentes no último dia do evento, nesta quarta-feira, está Celismar Júnior, 47 anos, aluno do curso de sistema fotovoltaico. Para Celismar, a aula de economia circular, ministrada pelo professor Paulo Velame, 38, coordenador de atividades técnicas e pedagógicas do Senai-SP, é necessária para ensinar, segundo ele, a importância de reutilizar tudo aquilo que está à disposição da sociedade, de modo a prevenir desperdícios e a degradação ambiental.
Sob o olhar de quem participa
Como guia de pesca e instrutor de remo em Brasília, Celismar possui grande apreço pela prática da sustentabilidade: “Se gastarmos tudo agora, no futuro não teremos nada”, afirma, a respeito do ato de reciclar. Ele acrescenta que a aula com diversas tecnologias e imersão acrescentada transformaram a experiência em algo único.
Além de ter se impressionado com a aula tecnológica e imersiva e como ela pode ser, de fato, utilizada em seu cotidiano, por meio do reaproveitamento de materiais de construção, latas de refrigerante, entre outros produtos, segundo ele, o fato de o veículo, que percorre mais de dois mil quilômetros até o destino final, ser exemplo de sustentabilidade e completamente revestido e equipado com elementos renováveis é algo impressionante.
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O professor Paulo Velame declara que a única parada realizada pela carreta, no Senai de Taguatinga, tem o intuito de mostrar aos jovens participantes o conceito e como praticar a economia circular, tema “muito importante e atual”, segundo ele. Paulo afirma, ainda, a necessidade de disseminar esse conteúdo aos alunos: “Para que eles tenham entendimento ao executar uma tarefa, criar um produto ou ao trabalhar em uma empresa que necessite mudar, com objetivo de transformar, reciclar e reutilizar.”
Rota Belém e a Escola Móvel
Michele Pereira, 39, motorista há cerca de 16 anos, hoje trabalha como carreteira e foi a selecionada para dirigir pela “Rota Belém”, durante 15 dias até a chegada à COP30. O projeto, que surgiu a partir da união estratégica entre a Scania, Senai-SP, Ultragaz e LOTS Group, com proposta de tornar tangível a descarbonização no setor logístico conecta educação, tecnologia e sustentabilidade na jornada pelo Brasil, que, segundo Patricia Acioli, diretora de comunicação e sustentabilidade da Scania, está “evidenciando que eficiência operacional e responsabilidade ambiental podem caminhar juntas.”
De acordo com Patricia, Brasília foi escolhida como parada especial devido à relevância institucional e localização estratégica, “no coração do Brasil”. Michele diz ter ficado muito surpresa com o convite para a jornada e acha gratificante ser escolhida para estar em um projeto que busca melhorar o futuro e diz: “Temos que procurar se cuidar e melhorar cada vez mais, o futuro é esse”, pontua.
Michele fala a respeito do universo de motoristas mulheres de carreta e afirma que hoje as oportunidades estão melhores, apesar das dificuldades, inspira: “Se você quiser, vão te ensinar”. Ela, que carrega 25 toneladas até Belém, elogia a autonomia do veículo movido a biometano e diz não sentir diferenças ao dirigir, exceto pelo bem que fará ao meio ambiente.
Keison Souza, 40, gerente da unidade Senai de Taguatinga, afirma se sentir privilegiado de receber o projeto no espaço e entende a relação que a proposta tem com a unidade, uma vez que possui diversos cursos da área tecnológica que fomentam a energia circular, como a energia fotovoltaica, energia eólica, além de ser um local que já incentiva a prática da sustentabilidade.
O gerente afirma a importância de receber a escola móvel para “trazer a realidade da indústria para Brasília”. Ele afirma: “Apesar de Brasília não ser uma cidade industrial, possui grande importância no ciclo de reaproveitamento”. Para ele, conscientizar a respeito do descarte inadequado e prejudicial, por exemplo, de entulhos de obra.
Keison fala a respeito do modo como os estudantes receberam a visita da carreta. Ele descreve a reação dos alunos como “entusiástica” ao ver o que é aprendido em sala de aula sendo colocado em prática com a chegada do caminhão. Como ponto alto dos dias de evento, o gerente declara ser o impacto causado pela chegada do automóvel.