A conclusão do ensino superior aumenta em 81% a renda média dos egressos da faculdade, apontam dados do Indicador Abmes/Simplicity de Empregabilidade (Iase). A pesquisa acompanhou a empregabilidade de 8.843 concluintes do ensino médio e apurou que, até 15 meses após a formatura, 85% dos entrevistados estavam inseridos no mercado de trabalho. O levantamento completo pode ser verificado por meio do link.
Os dados evidenciam a formação superior como diferencial para renda dos brasileiros. Segundo o indicador, os estudantes que já trabalhavam tiveram aumento de 81% na renda após a formatura, passando de R$ 2.783 para R$ 5.045 em média, e observaram renda 46,5% superior à média nacional. Essa disparidade aumentou significativamente em 2025, comparados aos 26,9% do ano anterior.
O diretor-geral da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior (Abmes), Paulo Chanan, explica que o aumento nos salários está interligado ao panorama nacional de valorização da educação superior. E atribui que outros fatores observados pelo Iase, como mais pessoas atuando na área de formação e mais egressos engajados em formação continuada, podem contribuir com o aumento salarial observado.
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Área de atuação
O Iase mostra que egressos que atuam na área de formação (65,5% dos alunos) recebem salários melhores que os que permaneceram fora da área — R$ 5.365 em comparação com R$ 5.276. Os dados apontam o apoio das instituições de ensino superior como essencial para ingresso na área, que, por meio de iniciativas de orientação de carreira, workshops, palestras, entre outras medidas, podem incentivar estudantes a ingressar no campo desejado.
“Entre aqueles para os quais o apoio da instituição de ensino superior foi essencial para a carreira, 89% estão trabalhando na área, ante 74% daqueles cujo apoio foi pouco relevante”, ressalta Chanan.
O diretor-geral também comenta o crescimento acelerado de alunos que investem em educação continuada — em 2024 11,8% continuavam investindo nos estudos após terminar a faculdade, enquanto em 2025 38,2% relataram essa preocupação. Chanan explica que a pesquisa não questionou a razão para o aumento, mas aponta os efeitos práticos para a melhora na empregabilidade:
“Quem segue estudando tem empregabilidade de 86,5% (vs. 84,9%) e maior atuação na área (82,1% vs. 73,4%). Em outras palavras, o egresso vê retorno rápido, com mais aderência ocupacional, e isso retroalimenta a demanda por qualificação adicional”, defende.
Recortes sociais
O levantamento verifica desvantagens na inserção de mulheres e pessoas negras no mercado de trabalho — as mulheres têm 84% de empregabilidade, contra 87,5% de homens, e renda média de R$ 4.276, contra R$ 5.721. E no recorte racial, pessoas pretas e pardas perdem no índice de atuação na área — 79,6% dos brancos atuam na ocupação desejada, contra 66,8% dos pretos e 73,7% dos pardos.
Paulo Chanan indica que a oferta de apoio financeiro focalizado (bolsas/financiamento próprio e articulação com Fies e ProUni) é observada pelo Iase e pode ser efetiva para empregabilidade de grupos sub-representados: “O apoio está ligado a maior atuação na área e maior ganho relativo de renda … Sem apoio financeiro, o estudante frequentemente prioriza empregos de sobrevivência durante a graduação, que reduz a experiência e porta de entrada na área”, explica.
Dos estudantes que declararam o apoio financeiro como essencial para conclusão do curso, 89% estavam atuando na área de formação, enquanto os que relataram o apoio como muito relevante, 80,9% trabalhavam com a área estudada. Já aqueles que não tiveram suporte financeiro, 65,5% trabalhavam em outros setores não condizentes com o diploma. O impacto do apoio financeiro também se mostrou significativo na renda.
Veja a seguir os dados compilados:
|
Trabalhava na área ou fora da área por opção - antes de formar |
Trabalhava na área ou fora da área por opção - depois de formar |
Crescimento |
|
|
Não recebeu apoio financeiro |
42% |
74% |
76% |
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Recebeu apoio financeiro |
38% |
77% |
101% |
|
Salário antes (R$) |
Salário depois (R$) |
Crescimento |
|
|
Não recebeu apoio financeiro |
3.261,19 |
5.221,22 |
60% |
|
Recebeu apoio financeiro |
2.272,50 |
4.498,09 |
98% |
*Estagiário sob a supervisão de Ana Sá