Justiça

Sisu 2021: DPU, UNE e Ubes entram com ação contra a dupla classificação

Além da suspensão da dinâmica, as entidades pedem que, se acatado o pedido, somem-se mais três dias ao prazo de inscrições que termina nesta sexta-feira (9)

Mateus Salomão*
postado em 09/04/2021 20:56 / atualizado em 09/04/2021 21:48
 (crédito: Agência Brasil)
(crédito: Agência Brasil)

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundarista (Ubes), junto à Defensoria Pública da União (DPU), entraram com ação na 4ª Vara Cível Federal de São Paulo para suspender a dupla classificação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2021.

Segundo as instituições, a atual dinâmica não trouxe benefício e pode levar candidatos ao erro. Além disso, as entidades também pedem que o prazo de inscrição do Sisu, que termina às 23h59 desta sexta-feira (9), seja estendido em três dias.

Segundo o edital do Sisu, o candidato pode escolher até duas opções de curso. Caso não consiga vaga na 1ª opção, pode garantir na segunda. Se não obtiver classificação em nenhuma, pode entrar para a lista de espera. No entanto, estudantes contestam o Sisu por contabilizar a classificação dos inscritos na 1ª e 2ª opção ao mesmo tempo em cada vaga.


Entidades entendem que dinâmica prejudica os mais pobres

No pedido, as entidades consideram que a dinâmica tem inviabilizado a tomada de decisão a partir das notas de corte. “Isso porque a dupla classificação de um mesmo candidato faz com que sua nota seja concomitantemente considerada na definição da nota de corte em dois cursos, em que pese o fato de que necessariamente terá de optar por apenas um deles”, observam.

“O aumento artificial das notas de cortes, infladas pela consideração da segunda opção de candidatos com as melhores notas, acaba por afastar os de menores notas da escolha de opções que se lhes mostrem efetivamente viáveis, evidentemente afetando os candidatos com notas menores, historicamente os mais pobres”, afirma

Além disso, consideram na petição que os parâmetros são irreais, pois pressupõem a possibilidade de uma mesma pessoa estar na lista de concorrência de dois cursos. “Afinal, enquanto os candidatos e as candidatas com maior nota regozijam-se da sensação de estarem admitidos em duas instituições - o que jamais ocorrerá - aquelas ou aqueles com menor nota, são levados a crer que não dispõem de pontuação suficiente para concorrerem no curso desejado e, assim, acabam por se abster de inscrever-se” observam.

 

Professores destacam impactos do modelo

Pedro Rocha, coordenador pedagógico do Colégio Pensi, explica que, no fim do processo, o candidato pode ser escolhido na primeira ou na segunda opção, a depender da nota de corte. “Imagina que eu fosse aprovado na minha primeira opção. Então, de maneira efetiva a minha vaga ficou como uma vaga fantasma na segunda opção, dado que eu não vou, depois que fechar o Sisu, contabilizar ali”, afirma

Ele também observa que a implementação recente é para que o candidato tenha uma visão mais clara das suas opções. “Particularmente eu não acho que seja necessária, até porque ela causa uma certa confusão nos alunos em relação à nota que efetivamente eles têm, a posição que efetivamente eles ocupam no final das contas", observa.

Madson Molina, coordenador do Curso Anglo aconselha que, tendo em vista o sistema de dupla classificação, a desistência de uma das opções tem que ser bem planejada. “Então, se eventualmente um colega tem está classificado nesse instante em duas opções, isso não significa necessariamente que você não será classificado”, observa. “O que é importante é acompanhar o movimento das notas de corte e verificar se a sua nota está próxima, o que significa que você tem chances“

Ele alerta que a dupla classificação não significa dupla aprovação, portanto é preciso se atentar às variações e ao histórico da vaga. Ainda assim, é preciso ficar atento quanto às chances de perder uma oportunidade de garantir outra vaga. “Se tiver muito distante é bem improvável que, encerrando a plataforma, você consiga ocupar uma vaga com alunos que potencialmente têm notas maiores”, pondera. 

Procurado para comentar as reclamações que a dinâmica tem gerado, o Ministério da Educação (MEC) não respondeu até o fechamento desta matéria.

 

*Estagiário sob a supervisão da editora Ana Sá

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