Dennis Szyller*
Pesquisa realizada pelo Itaú Social revelou que as profissões ligadas à matemática recebem melhor remuneração e são mais resilientes no mercado de trabalho do que outras. Durante a pandemia de covid-19, os trabalhos intensivos em matemática tiveram queda de 6,8%, enquanto as demais ocupações mostraram retração de 13,1%. Isso se deve, em parte, à natureza fundamental da disciplina em muitos setores, desde finanças, passando por tecnologia e engenharia. Essas habilidades são essenciais para análise de dados, modelagem estatística, previsão de tendências e tomada de decisões fundamentadas, permitindo que profissionais naveguem com mais segurança e facilidade por períodos turbulentos.
Por outro lado, muitos estudantes enfrentam dificuldades em aprender e aplicar conceitos matemáticos. Resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa 2022), divulgados em dezembro do ano passado, revelaram que 7 em cada 10 estudantes não conseguem resolver problemas matemáticos simples, como converter moedas ou comparar distâncias. O que ressalta a necessidade de adotar novas abordagens no ensino, tornando-o mais envolvente, atrativo e relevante para os alunos. Em vez de decorarem fórmulas e cálculos, os alunos devem ser incentivados a buscarem maneiras de conectar a matemática ao mundo real, demonstrando sua aplicação em diversas áreas da vida e do trabalho.
Uma das abordagens para tornar o ensino da matemática mais envolvente é a gamificação. Ao incorporar elementos de jogos, como desafios, recompensas e competições, o aprendizado fica mais interessante e interativo. Adicionalmente, a inteligência artificial oferece oportunidades para personalizar o ensino, adaptando o conteúdo e as atividades às necessidades individuais de cada aluno.
Embora a tecnologia possa ter um papel significativo no processo educacional, a importância dos professores é inegável. Eles atuam como mediadores do conhecimento, orientando os alunos no uso das tecnologias e auxiliando-os a desenvolver habilidades críticas e criativas. Ao mesmo tempo, o uso descontrolado de dispositivos eletrônicos na educação pode apresentar desafios, como distração e dificuldade na socialização. Por isso, é importante reconhecer os cuidados e riscos associados ao uso dessa tecnologia e garantir que sua implementação seja feita de maneira ética e responsável.
No Brasil, a implementação da tecnologia em escolas estaduais do Paraná trouxe resultados expressivos no ensino fundamental (6º e 7º anos). Os números da Prova Paraná em 2021, antes da adoção efetiva da tecnologia, revelavam médias de acertos de 46,26% no 6º ano e 38,21% no 7º ano. Em 2023, após o uso da plataforma, observou-se uma mudança significativa, com 66,58% de acertos no 6º ano e 54,58% no 7º ano.
O uso da inteligência artificial e gamificação na educação está transformando o dia a dia das escolas, proporcionando benefícios significativos tanto para professores quanto para alunos. Ao preparar crianças e jovens com habilidades matemáticas sólidas, estamos capacitando-os a buscar oportunidades em uma ampla gama de carreiras e a contribuir de forma significativa para o avanço da sociedade.
*Dennis Szyller é o CEO da Matific Brasil, empresa global de tecnologia pioneira no uso da gamificação e inteligência artificial para o ensino da matemática.