Artur Maldaner*
postado em 31/08/2025 06:00 / atualizado em 31/08/2025 06:00
"Tenho desde criança o sonho de estudar nos Estados Unidos", conta Sofia de Oliveira
- (crédito: Artur Maldaner/CB Press)
O objetivo da jovem Sofia de Oliveira, 18 anos, é conseguir bolsa de estudos de 100% na Fort Hays University, no Kansas (EUA), para cursar marketing. “Sempre foi meu sonho estudar no exterior”, ela confessa. Vitor Ferreira, 20, tem seus estudos custeados na Lenoir-Rhyne da Carolina do Norte, onde joga tênis, e busca o diploma internacional de administração enquanto treina para se tornar atleta profissional.
O tenista conta que, desde a infância, tinha o objetivo de tentar a vida no exterior. Ele diz que nos Estados Unidos, onde estuda, os atletas profissionais enfrentam menos dificuldades financeiras, por terem a oportunidade de conciliar o esporte e a graduação. “Com 14 anos, comecei a me preparar, e comecei a fazer as provas de admissão”, explica Vitor, que obteve uma bolsa pela sua performance esportiva, e também pela sua nota obtida do Scholastic Assessment Test (AST), um exame americano de admissão em universidades.
Hoje, Vitor cursa administração e mora na Lenoir-Rhyne, frequentada por diversos alunos estrangeiros, uma das grandes vantagens de estudar fora de acordo com o jovem: “Nos dois anos em que estive nos EUA conheci gente do mundo inteiro, se eu quiser ir para a China, agora, eu vou, tenho amigos lá e onde ficar. Então, as conexões são a melhor parte para mim”. Ao terminar os estudos, o brasileiro pretende aproveitar o visto de treinamento prático americano, que permite que estudantes internacionais permaneçam no país por dois anos para trabalhar: “Quero viajar e competir com meu time de tênis”, completa o aluno.
Futura intercambista
Sofia de Oliveira é aluna da Hayek Global College, uma faculdade internacional localizada em Brasília, que auxilia estudantes que desejam fazer uma graduação no exterior. O curso na Hayek é chamado de programa american college, onde os estudantes passam dois anos em Brasília estudando diversas áreas de conhecimento, e finalizam o curso nos Estados Unidos, onde obtêm o diploma de bacharel e se especializam.
Após o período inicial em Brasília, os alunos da Hayek recebem um currículo de tecnólogo, e são conectados com as universidades americanas. Sofia estuda na Hayek com bolsa integral, que obteve pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): “Quando apliquei pelo Prouni, não estava esperando nada, mas consegui uma oportunidade incrível de estudar com bolsa de 100%, já que eu não teria condições de pagar pela faculdade”, conta a jovem.
Na faculdade, Sofia pôde desenvolver o inglês, além de habilidades de gestão de tempo e pessoas, que são ensinadas aos alunos em preparação para a graduação americana. Ainda faltam três semestres para a estudante concretizar sua aplicação para os Estados Unidos, mas ela sonha com algumas opções de carreira — por enquanto, pretende cursar marketing na Fort Hays State University, no Kansas, e quer passar um tempo trabalhando no país com o visto de trabalho temporário.
Fort Hays é uma das universidades americanas que possui parceria com a Hayek, oferecendo descontos aos estudantes. Outra instituição é a Clark University, em Massachusetts, uma escola de liberal arts, isto é, uma universidade que preza pela interdisciplinaridade. A diretora de recrutamento internacional da Clark, Amy Gardner, contou ao Correio que o valor do diploma americano está muito atrelado ao retorno de investimento, ou seja, a remuneração do profissional de cada área: “Isso pode afastar estudantes estrangeiros que querem se especializar nas ciências humanas, por exemplo”, explica.
“Temos um programa muito forte em psicologia e em desenvolvimento de jogos”, diz Gardner, ao comentar os programas da Clark disponíveis aos alunos internacionais. A estadunidense destaca o sistema de trabalho dentro do campus, não só como forma de financiar a educação internacional dos alunos, mas também como oportunidade de aplicar os conhecimentos aprendidos nas aulas, no âmbito prático: “Já contratei alunos para fazerem marketing de redes sociais”, exemplifica.
Sofia de Oliveira vê o programa de trabalho dentro do câmpus como uma das formas de financiar seu sonho de estudar nos EUA. Seu objetivo é somar bolsas para compor o financiamento estudantil: “Quero conseguir uma bolsa por mérito, porque tiro notas bem altas na Hayek, e quem sabe uma bolsa por tocar flauta transversal, que eu toco”, conta a jovem.
“Nós temos um ambiente de muitas culturas nas universidades americanas”, afirma Amy Gardner, que por trabalhar em uma universidade pequena, observa de perto o acolhimento dos estudantes internacionais. Quando questionada sobre dificuldades recentes de obter visto americano, Gardner disse: “Ainda está tudo muito incerto, mas, por enquanto, ainda não tivemos nenhum problema de visto com estudantes brasileiros, ou de qualquer outro país da América Latina. Inclusive, recebemos estudantes brasileiros recentemente, no início deste semestre”
Processo de aplicação
“Universidades americanas investem em talentos, que, quando se tornam bem-sucedidos, agregam à imagem da instituição”, explica Jefferson Couto, coordenador do EducationUSA em Brasília, sobre a razão por trás da procura das universidades por estudantes internacionais. O EducationUSA é uma rede global do Departamento de Estado Americano, que orienta a comunidade internacional ao acesso à educação superior do país, “Nós ajudamos as pessoas com tomadas de decisão”, conta Couto.
Com escritório localizado na Casa Thomas Jefferson, na Asa Norte, o EducationUSA orienta os alunos em todos os processo de admissão para o ensino nos EUA, começando com pesquisa de programas universitários e avaliação de custos: “Nós vemos bolsas de estudos, programas de trabalho dentro da universidade, e qualquer tipo de ajuda financeira que as universidades possam, disponibilizar”, comenta o coordenador
A candidatura para as faculdades, de acordo com Couto, é muito diferente do processo brasileiro, e deve ser feito de forma mais holística e estratégica: “Lá você está aplicando para uma universidade, e não para um curso, por isso, a seleção é mais abrangente. Nós ajudamos desde a preparação para provas requisitadas, apresentação de documentos, formulários, até produção de textos e redações de admissão”, explica.
Incertezas
“O visto de estudante funciona de forma diferente ao visto de turista”, explica Couto. De acordo com o conselheiro, ainda existe procura de estudantes brasileiros por parte das universidades, mesmo em meio s mudanças de políticas americanas de visto. De acordo com o coordenador da EducationUSA, não houve dificuldades adicionais para conseguir vagas, e as aprovações estão normalizadas, porém, Couto destaca que houve algumas mudanças: “Eles estão mais atentos às redes sociais dos aplicantes”
A orientadora universitária da Escola das Nações, Michelle Ray, assessora alunos para estudos dentro e fora do Brasil. Ray defende a importância dos jovens planejarem sua trajetória acadêmica, e terem opções de faculdades no Brasil: “Nós não tivemos alunos afetados pelos vistos de estudante, mas o mundo está mudando, até os vistos canadenses estão menos acessíveis. Ter aspirações de estudar fora é ótimo, mas é importante ter um plano b”, defende a americana.
Educação global
A aplicação em universidades internacionais é uma prática comum na Escola das Nações. Ray conta que o conteúdo programático da escola está alinhado ao SAT, portanto, os alunos não precisam se preparar para a prova no contraturno. Ray adiciona que nem todos os alunos precisam aplicar para o exterior, mas que tenta ao máximo ajudar os interessados, mantendo as realidades financeiras como prioridade.
“Eu tenho uma reunião todo mês com orientadores de universidades internacionais, para discutir tendências mundiais de ensino. E agora, nós vemos que estudantes estão aplicando para todo o mundo, antes eles queriam só para os Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, mas agora estão expostos a diversas culturas, e estão buscando as melhores oportunidades que conseguem, independente do país”, comenta a orientadora.
Anote:
Education USA » Fonte oficial de informações sobre estudos nos EUA. Oferecem orientação acadêmica para a comunidade em geral com profissionais treinados e atendimento preliminar gratuito. Também promovem eventos e workshops abertos ao público e serviço de tradução de documentos. Mais informações no site: educationusa.org.br/brasilia/.
» Endereço: Casa Thomas Jefferson SGAN 606, Módulo B Asa Norte Brasília-DF, Brasil » Email: brasilia@educationusa.org
Hayek Global College » Faculdade com programa de ensino 2 + 2, onde os alunos começam a graduação no Brasil, para depois se conectarem com faculdades americanas na especialização, com descontos. Processo de seleção por portifólio e exames. Informações no site: hayekcollege.com.
» Endereço: SGAN Q 601 BL H Sala 68 a 83 - Asa Norte, Brasília - DF, 70830-018
» Telefone: +55 61 99301-9489
Escola das Nações » Escola internacional, particular e sem fins lucrativos, de ensino bilíngue. É credenciada internacionalmente pela New England Association of Schools and Colleges (NEASC) e nacionalmente pela Secretaria de Educação do Distrito Federal. A Escola das Nações também é uma IB World School, oferecendo o Primary Years Programme (PYP) e o Diploma Programme (DP). Informações no site: www.schoolofthenations.com.br/pt.
» Endereço: St. de Habitações Individuais Sul QI 21 Área Especial Conjunto C1 - Lago Sul, Brasília - DF, 71655-600
» Telefone: (61) 3366-1800
Escola Americana de Brasília » A Escola Americana auxília o processo de admissão em universidades estrangeiras dos alunos, por acompanhamento individual voltado para organização e envio de candidaturas, escrita de redações e prestação de exames internacionais. Os alunos da escola têm a opção de concluir a formação com o currículo International Baccalaureate (IB) Diploma Program, além dos diplomas americano e brasileiro de ensino médio.
» Endereço: SGAS II St. de Grandes Áreas Sul 605 Conjunto E Lotes 34/37 - Asa Sul, Brasília - DF, 70200-650
» Telefone: (61) 3442-9700
*Estágiario sob a supervisão de Ana Sá
EuEstudante
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