Intercâmbio

História de alunos de Planaltina contemplados com intercâmbio na Inglaterra

Estudantes do CED Stella dos Cherubins de Planaltina embarcaram na semana passada rumo a um intercâmbio no Reino Unido, por meio do programa "Pontes para o mundo"

Correio Braziliense
postado em 07/09/2025 06:00 / atualizado em 07/09/2025 06:00
Intercâmbio será a primeira viagem internacional dos alunos do colégio Ced Stella -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Intercâmbio será a primeira viagem internacional dos alunos do colégio Ced Stella - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
 
Por Alice Meira — O sonho da jovem Giovana Rodrigues, de 16 anos, sempre foi estudar fora do país. Mas a possibilidade de conhecer e estudar em realidades diferentes era um desejo distante. Com o programa Pontes para o Mundo, proposto pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Giovana conseguiu alcançar sua meta: um intercâmbio na Inglaterra. Ela e mais 101 alunos, sete do CED Stella dos Cherubins onde Giovana estuda, em Planaltina, viajaram para diferentes partes do Reino Unido. A proposta da SEEDF é expandir os horizontes culturais e acadêmicos dos alunos, por meio da experiência única de estudar por dezessete semanas em outro país. 

Futuros Intercambistas

O aluno Jordan Cardoso, 16, nunca fez nenhum curso de inglês. Estudando sozinho, conseguiu aprender o idioma e passar pela prova de proficiência, necessária no processo seletivo do programa. “Eu quero deixar para alunos que tentarão no ano que vem: vale muito a pena estudar! Não só para esse programa de intercâmbio, para a vida toda. Estudar é muito valioso”, comentou. 
Estudar vale a pena! diz Jordan Cardoso, 16 anos
Estudar vale a pena! diz Jordan Cardoso, 16 anos (foto: Minervino Júnior/CB)
Sua mãe, Lindalva Ramos, destaca a importância da oportunidade para o futuro do filho, que vai para Edimburgo, na Escócia: “A capacidade dele de ver, de dedicar-se e conseguir chances como essa me deixa muito feliz. Espero que o projeto se inicie com esses estudantes aqui, mas continue muito bem pensado e organizado como tem sido. Estou muito confiante e orgulhosa”. 
uno do CED Stella, desde o sexto ano. Nesse tempo, comenta ter tido apoio da coordenação e professores para prestar os mais diversos vestibulares, até que surgiu um desafio diferente: uma prova para programa de intercâmbio: “É uma oportunidade rara. Geralmente, as viagens dependem da família e têm gastos muito grandes. Como o Governo do Distrito Federal (GDF) está arcando com tudo, é animador poder ter acesso a experiências como esta”. Segundo os alunos entrevistados, todos tiveram auxílio para conseguir passaporte, visto estudantil e dúvidas sanadas, com gastos cobertos pelo GDF. 
Luciana Caldeira, mãe da aluna e bailarina Maria Fernanda Caldeira, destaca como o programa se encaixou com a filha, que vai para o País de Gales. “Foi surpreendente quando ela passou. Quando vi o programa pelas redes sociais, logo pensei na Maria Fernanda. É a chance dela!”, comemorou. 
Luciana também é professora de inglês e coordenadora do Centro Interescolar de Línguas (CILs), programa de ensino público e gratuito de idiomas do Distrito Federal que formou alunos ao longo dos anos em idiomas como inglês, alemão e japonês. A maioria dos alunos que passaram pela seleção do intercâmbio do SEEDF também são alunos do CIL. 

Apoio do colégio 

Os coordenadores do colégio Ced Stella ajudaram os alunos na etapa de seleção
Os coordenadores do colégio Ced Stella ajudaram os alunos na etapa de seleção (foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

No processo, o CED Stella ofereceu suporte direto aos estudantes interessados em participar da seleção. O coordenador Rudolfo Magalhães e a diretora Vanessa Lima passaram, sala a sala, para ver quais tinham inglês fluente e quais médias estavam acima de seis, critérios necessários para se candidatar às vagas. Dos 12 inscritos no programa pelo colégio, sete foram selecionados. 
Esse número é expressivo quando olhamos para a região de Planaltina. Dos nove selecionados para o programa na localidade, sete foram do Ced Stella. Nas redes sociais, a Coordenação Regional de Planaltina celebrou com alegria a seleção dos alunos, citando estarem “muito orgulhosos” por cada um deles. 

Preparação 

É a primeira viagem internacional de todos os estudantes do Stella. Muito animados, comentam que antes da ida os selecionados e seus pais tiveram sessões em grupo com terapeutas, para avaliar possíveis problemas de ordem psicológica. O programa também prevê acompanhamento, em português e inglês, durante os meses em que eles estiverem no exterior. Todo esse aparato deixou Luciana mais tranquila: “Estamos sendo bem-informados” 
Os alunos também preencheram um formulário extenso, com perguntas variadas para acharem o melhor match com as hosts families. Cada colégio específico fez testes de escrita, escuta e fala com os alunos, a fim de atender os estudantes da melhor maneira possível. 
Sobre o alojamento, foi assegurado que todos terão quarto com cama, espaço para estudos e porta com tranca, para garantir certa privacidade. O GDF garantiu que todos os quartos passaram por vistoria e estão aptos para vivência. 

Encontros 

Alunos do programa Pontes para o Mundo, que embarcaram nesta quarta-feira (3/9)
Alunos do programa Pontes para o Mundo, que embarcaram nesta quarta-feira (3/9) (foto: arquivo pessoal)

No sábado (23/8), ocorreu o último encontro entre os alunos selecionados antes da viagem, marcada para os dias três e quatro de setembro. A cerimônia foi realizada no Teatro Nacional e contou com a presença do governador Ibaneis Rocha e de uma das idealizadoras do projeto: a primeira-dama Mayara Noronha. Ambos destacaram a importância do programa e da viagem internacional para adquirir conhecimento, cultura e bagagem de outros países. Os estudantes assistiram a apresentações culturais e receberam kits para a viagem que incluem uniforme, mochila e garrafa d’água. 
Paco Britto, titular da Secretaria de Relações Internacionais do Distrito Federal (Serinter-DF), exaltou o programa na cerimônia e destacou a evolução do projeto. “O Pontes para o Mundo começou levando alunos para visitar diferentes embaixadas e, agora, estudantes têm a oportunidade de conhecer outros países”, afirmou. A Serinter-DF se responsabilizou por questões de visto e logística da viagem. 

Além dos estudos 

Para além da vida acadêmica, os estudantes terão acesso a atividades complementares e espaço para se exercitarem. Segundo pautado nas reuniões do GDF em parceria com os colégios do exterior, cada aluno falou sobre suas experiências e as maneiras que poderiam adaptá-las para o tempo no Reino Unido. Maria Fernanda Caldeira, além de estudante, também é bailarina, e se preocupava em ficar tanto tempo sem praticar: “Participo de competições de balé aqui no Distrito Federal, então, é muito importante que eu continue praticando lá. Então, me encaminharam para uma escola que tem grupo de dança”. 
Ela também comenta que, com a rotina de estudos intensa que virá, é importante ter algo para “distrair a cabeça”. Os centros esportivos que contam com futebol, rugby, basquete e outros esportes (a depender do colégio) também estarão disponíveis. Além de exercícios físicos, também deram acesso a cursos extracurriculares aos alunos. 

E o PAS? 

Naturalmente, a ideia de passar meses fora trouxe uma preocupação específica: e se o intercâmbio atrapalhar entrada na universidade federal? 
Pensando nisso, a Secretaria de Educação ofereceu acesso gratuito à plataforma de Estudos Guia do PAS, especializada em conteúdos para o Programa de Avaliação Seriada (PAS), vestibular da Universidade de Brasília. Também foram disponibilizadas as apostilas físicas para estudos de provas antigas em um dos encontros dos selecionados. 
Durante o evento, o governador do Distrito Federal anunciou a ampliação do programa, que contará com 400 vagas no próximo ano. Além disso, está prevista expansão para países como Japão, Alemanha e Espanha. Ele indicou, ainda, o envio de projeto de lei para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que transformará a iniciativa em programa permanente. 

Seleção 

O processo seletivo ocorreu por meio de uma prova, similar aos vestibulares tradicionais. Os contemplados deveriam estar cursando o 2º ano do ensino médio, mas o histórico escolar também foi avaliado: é necessário ter média superior a 6 e 80% de frequência nas aulas da primeira série, além de serem fluentes em língua inglesa. 
* Estagiária sob a supervisão de Ana Sá                                              

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação