As cotas que abrem portas: conheça histórias de profissionais bem-sucedidos
Séculos escravagistas ainda separam a população negra de acessos ao poder e a educação pública brasileira. Assim, as cotas raciais se fazem fundamentais para reparar essa dívida histórica
postado em 23/11/2025 06:00 / atualizado em 23/11/2025 06:00
Neste ano em que a Lei de Cotas completa 13 anos, conheça histórias de profissionais bem-sucedidos que tiveram acesso à formação superior e de pós-graduação graças a políticas afirmativas das universidades brasileiras. É o caso da escritora, professora e doutora Andressa Marques, 39 anos, que ocupa cargo de gestão no Ministério da Cultura. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Criar oportunidades e reparar uma dívida histórica. Mais do que isso, denunciar a ausência do Estado e mostrar como transformaram a cor da pele em um fator determinante para a exclusão social. Hoje, a política de cotas raciais aparece como uma ponte necessária para aqueles que necessitam entrar em uma universidade, comprovando sua eficácia ao combater o racismo estrutural e reescrever a história de acesso aos espaços de poder no Brasil. Desafiar séculos de trabalho escravo não é uma tarefa fácil, sobretudo em uma sociedade que fecha os olhos para um assunto tão importante
A implementação das políticas de cotas raciais no Brasil, que começou no início dos anos 2000 e virou Lei em 2012, é justificada pela reparação histórica e social frente aos danos causados por anos de sofrimento escravagista. Em 2023, a legislação foi aperfeiçoada, com ampliação ao acesso ao ensino superior. Hoje, todas as instituições federais de ensino superior reservam vagas de cotas para pretos, pardos e quilombolas.
As primeiras iniciativas de cotas surgiram a nível estadual e, depois, em instituições isoladas. Em 2001, o Rio de Janeiro aprovou a lei que instituiu o sistema de cotas para estudantes autodeclarados negros ou pardos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf). No ano seguinte, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) também foi responsável por adotar o sistema de cotas raciais.
Em seguida, a UnB veio para ser a primeira federal a implementar tais políticas, que nasceram a partir do vestibular de 2003. Para a atual reitora, Suzane Naves, as cotas raciais são cruciais para ampliar o acesso à educação superior e enfrentar desigualdades estruturais que persistem no Brasil.
“Trata-se de um instrumento de inclusão que produz resultados concretos para a sociedade. A experiência da Universidade de Brasília, como pioneira no sistema de cotas, confirma isso: ao longo dos anos, vimos um impacto real na diversidade e na representatividade do nosso corpo discente. Esse avanço mostra que as cotas são essenciais para fortalecer a universidade pública e para promover mais justiça social no país”, destaca.
Professor Inocêncio: Promove mais justiça social no país
(foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com Nelson Fernando Inocêncio da Silva, professor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Universidade de Brasília (UnB), a herança da escravidão seria suficiente para embasar as ações afirmativas, mas o período pós-abolição não somente consolidou a desigualdade, como foi fundamental para que ela não se esvaísse.
“Os prejuízos decorrentes do tráfico atlântico e da escravização de milhões de africanos por cerca de três séculos e meio justificam a adoção de tais políticas”, afirma. Ele ressalta, ainda, que o Estado omitiu-se em relação à população negra alforriada, que ficou sem perspectivas e passou a constituir os bolsões de miséria nas periferias dos centros urbanos em uma trágica combinação entre raça e classe. O professor recorda que o projeto nacional anterior priorizava a imigração europeia como parte de um projeto de branqueamento, o que demonstra que políticas para atender a segmentos específicos não são novidade no país.
Para ele, é esse histórico que demonstra a necessidade de reparação. “São esses argumentos que justificam o que chamamos de reparação histórica e social”. O professor Inocêncio da Silva explica que as cotas raciais diferenciam-se de políticas universais e têm como objetivo primordial combater a dupla vulnerabilidade enfrentada pela população negra. Enquanto o acesso universal não é uma ação afirmativa e o critério socioeconômico lida com a má distribuição de renda, as cotas raciais enfrentam a especificidade do racismo.
“No caso específico da população negra, o racismo e a luta de classes são dois componentes que inviabilizam avanços sociais mais significativos”, esclarece. Inocêncio pontua que os estereótipos raciais e de classe geram a terrível associação das pessoas negras com a pobreza. Atualmente, segundo o professor, a legislação abarca diversos grupos vulneráveis, incluindo, além de pretos e pardos, indígenas, quilombolas e pessoas brancas de baixa renda que vieram do ensino público.
Professora Dione Moura teve papel importante na criação das cotas raciais
(foto: Suewelyn Cassimiro)
Dione Moura, professora e diretora da Faculdade de Comunicação da UnB, é uma das pioneiras da linha de frente da criação das cotas raciais no Distrito Federal. Para ela, a política de ações afirmativas é defendida como uma regulação necessária para garantir que todas as pessoas tenham acesso à educação. A resistência a essa chance de ingresso às universidades é atribuída, em sua visão, à memória cultural e escravagista que ainda perdura em solo brasileiro.
“Essa lembrança de rejeição do negro, mesmo que inconsciente, permanece e se manifesta em atitudes como mudar de calçada ou abordar uma mulher negra no supermercado presumindo que ela é funcionária da limpeza. Os resultados positivos, no acúmulo, vão gerando aprendizagem social”, reforça Dione.
Dessa forma, a educação se faz necessária em todas as camadas, até mesmo para aqueles que insistem em fechar os olhos para a importância das cotas raciais. Com pouco mais de duas décadas desde a criação das políticas de ações afirmativas, a docente acredita que a jornada para desmistificar o tema ainda deve demorar. “O filho dessa pessoa que pensa desse jeito, daqui a 30 anos, vai ter entendido. É um processo social também”, analisa a professora.
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A trajetória de uma escritora
Professora e escritora Andressa Marques ocupa cargo de gestão no Ministério da Cultura
(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Os números não podem ser combatidos e contra fatos, bom, não há argumentos. Mas, e quando essas estatísticas podem ser ilustradas? O que dizer quando são histórias que podem servir de inspiração? Assim nascem tantas, repletas de coragem e emoção, de pessoas que conseguiram não somente mudar suas realidades, mas também a de seus familiares. Andressa Marques, 39 anos, é uma dessas belas representações.
Escritora, professora, doutora em literatura e coordenadora-geral do Plano Nacional do Livro e Leitura, na Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura, do Ministério da Cultura, ela fez toda a trajetória escolar em escolas públicas. Fez curso técnico integrado ao ensino médio para conseguir, no futuro, custear alguma faculdade privada. “Tinha dificuldade em imaginar-me estudando na UnB. Quando as cotas foram aprovadas, lembro de o meu professor de filosofia explicando do que se tratava essa política afirmativa e isso motivou a fazer o vestibular da UnB”, recorda.
Contudo, os dilemas e obstáculos dessa busca não foram nada fáceis. Os custos da vida universitária sempre foram uma dificuldade com a qual Andressa precisou lidar. Por isso, sempre fez estágios desde o começo da graduação. Além disso, as bolsas de iniciação científica e grupos de pesquisa, como o Afroatitude, ajudaram-na a manter os gastos na universidade e a inseriram no mundo da pesquisa acadêmica.
Diversidade racial
Jornadas que se completavam, olhares que se cruzavam. Na sala de aula, em 2005, quando iniciou a graduação, as experiências compartilhadas faziam desse caminho um lugar mais bonito. Nas lembranças de Andressa, a diversidade racial no espaço onde se produz conhecimento é uma forma de se mudar o próprio conhecimento. “Diferentes perspectivas e sensibilidades provocam questionamentos distintos aos problemas e, consequentemente, levam-nos a encontrar novas respostas e caminhos epistêmicos”, conta.
Para ela, é visível a mudança que ocorreu nas universidades brasileiras nas duas últimas décadas, não apenas no perfil racial de seus estudantes, mas também na diversificação temática e nos novos olhares que os pesquisadores e pesquisadoras de origem negra e pobre tendem ou podem priorizar em seus estudos sob ângulos antes negligenciados ou abordados apenas por grupos majoritários.
“O período inaugural das cotas raciais na UnB foi singular. Éramos pouquíssimos estudantes negros e não tinha jeito de a nossa identidade racial não impactar nas relações que estabelecemos no período. Posso ter sentido impactos negativos inicialmente ao me comparar com os colegas que tinham recursos materiais e mais familiaridade com os debates, mas pude aprender a lidar com essas inseguranças ao passo que fui estudando e compreendendo melhor esses códigos”, completa.
Para se qualificar ainda mais profissionalmente, Andressa fez mestrado e doutorado realizando pesquisas sobre a literatura produzida por escritoras negras, hoje ela é escritora e trabalha com políticas culturais de livro e leitura no Ministério da Cultura. No entanto, antes do cargo atual, foi professora da educação básica por vários anos e, também, esteve presente no Ministério da Igualdade Racial como articuladora.”Em dezembro de 2024, lancei um romance chamado A construção que ficcionaliza tanto a experiência pioneira dos primeiros cotistas da UnB quanto a da geração de seus avós, os trabalhadores negros que vieram construir a capital no final dos anos 1950”, detalha.
A ideia da obra surgiu de uma pesquisa que desenvolveu para a exposição Narrativas da presença negra no Distrito Federal, coordenada pela historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, em 2019. “Sou neta de um eletricista que trabalhou na construção de Brasília e faleceu em seus anos iniciais, a tragédia fez com que meu pai não conhecesse sua família. Estimulada pela história que descobri durante essa pesquisa, que passa pelo reencontro com meus familiares, fui instigada a criar uma narrativa que pudesse preencher as lacunas de uma história que é minha, mas que também não foi”, acrescenta a professora.
AÇÃO AFIRMATIVA
Liderança no serviço público
Agnaldo Filho, formado em gestão pública
(foto: Arquivo Pessoal)
Odebate sobre cotas raciais, porém, é muito mais profundo e necessário em outras inúmeras camadas. Para além de um grande passo rumo à graduação, essa política se mostra crucial quando pensada não somente nos cursos tradicionais, mas nas mais variadas ondas acadêmicas e na especialização de profissionais negros. Formado em gestão pública, Agnaldo Filho ingressou por meio das ações afirmativas na Escola Superior do Tribunal de Contas da União, para realizar o tão sonhado mestrado.
Natural de Salvador, na Bahia, mais precisamente do bairro de Itapuã, a inclusão de cotas foi crucial para que ele conseguisse saltar profissionalmente. “Vim a Brasília por motivos profissionais, sou policial rodoviário federal. cheguei aqui em 2019 para assumir um cargo de coordenador-geral na PRF, fiquei dois anos, depois voltei em 2022 para assumir um cargo de gerente de projetos na Secretaria Nacional de Trânsito, onde fiquei um ano”, lembra. Entre idas e vindas, fiquei um ano, logo após de retornar para a cidade natal, uma nova proposta lhe encheu os olhos.
Em fevereiro de 2024, assumiu o cargo de assessor de gestão e governança pública na Casa Civil da Presidência da República. Em sua visão, não teria feito esse percurso profissional se não fossem as ações afirmativas, que foram essenciais para alçar voos nunca imaginados. “A graduação qualifica para o mercado de trabalho, mas é a pós-graduação, muitas vezes, um pré-requisito formal ou critério de pontuação decisivo para cargos de alta gestão no serviço público”, comenta.
O objetivo principal da expansão não é apenas a inclusão acadêmica, mas criar um banco de talentos de profissionais negros altamente qualificados, prontos para quebrar o teto de vidro e ocupar os espaços estratégicos do poder e da sociedade. O ingresso de Agnaldo na pós-graduação por meio das cotas é visto por ele como um diagnóstico da complexidade do racismo estrutural.
Ele observou que alguns concorrentes cotistas alcançavam a pontuação para a ampla concorrência, o que, para ele, não invalida a política, mas reforça sua necessidade, ao demonstrar que, mesmo quando a barreira do mérito é superada, existem mais filtros invisíveis.
Essa experiência moldou sua atuação no serviço público em duas frentes: reforçou sua responsabilidade em ser um agente de mudança estrutural e deu-lhe a legitimidade técnica dos títulos e a vivência prática da consciência racial para atuar de forma mais representativa. Questionar esses processos que perpetuam a exclusão racial é, agora, a pauta e a vocação que lhe fazem acordar todos os dias em busca de ser uma liderança para aqueles que, no momento, só ousam sonhar.
Luta e sucesso
Ramilla Correa Yamanaka, funcionária do Instituto Chico Mendes
(foto: Arquivo Pessoal)
Ramilla Correa Yamanaka, 34, entrou na UnB em 2010 para cursar comunicação social. No en tanto, revela que demorou muito tempo até admitir para si mesma que era negra, já que na infância essa denominação era encarada de forma negativa. “Isso é algo que não podemos fugir, especialmente quando crescemos entre brancos. Pessoas negras costumam ter de se esforçar muito mais para receber o mesmo tratamento de pessoas brancas”, complementa.
Anteriormente, pensava que as cotas sociais seriam bem mais aplicáveis aos estudantes. Mudou de ideia assim que ingressou na universidade: mesmo as raras pessoas negras que tinham condições financeiras, elas encontravam várias dificuldades devido a cor da pele e da aparência. De origem humilde, as maiores adversidades durante esses anos foram financeiros.
Atualmente, Ramilla vive uma realidade muito diferente daquela que encontrou no início. O sonho de trabalhar com comunicação se fez real, mesmo depois de uma jornada nada fácil. Os estágios no Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf ) e no Serviço Geológico do Brasil (CPRM), além de uma breve passagem no Senai, foram fundamentais para que ela alcançasse o lugar dos sonhos: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“ingressei no Serviço Público, numa época que ainda não tinham cotas raciais. Trabalho em um órgão ambiental que necessita de pessoas negras para que mudemos os olhares. Posso citar uma colega minha, Ana Carolina Barradas, uma mulher negra que contribuiu bastante na mudança de paradigma na forma como encaramos a prevenção e combate a incêndios (a área onde atuo)”, destaca. Ainda assim, o caminho traçado até aqui foi árduo e suado.
Dificuldades financeiras, sobretudo durante a época universitária, foram dilemas vividos por Ramilla e pela família. Para se ter ideia, ela chegou a perder algumas oportunidades profissionais em empresas porque não tinha condições de chegar aos locais de trabalho, uma vez que o traslado da faculdade até o emprego não era fácil. Entretanto, apesar dos tantos obstáculos, estudar em uma universidade pública fez com que encontrasse realidades diferentes e semelhantes. Assim, passou a perceber fenômenos sociais com mais nitidez.
“A pobreza tem cor, as mulheres que morrem em abortos têm cor, a população carcerária tem cor, a tomada de decisão tem cor. Até nas desigualdades, a cor influencia. Eu cresci num mundo onde as pessoas levavam em conta a aparência para conquistar oportunidades. E eu sempre soube que eu não tinha a aparência correta. Felizmente, isso tem mudado”, acredita.
O impacto positivo também veio por contribuir com o próprio letramento racial. Conseguiu amadurecer e levar em conta os fatores raciais que influenciam sua vida até aqui. “Hoje sou servidora pública, tenho estudo, um trabalho estável e uma vida econômica significativamente superior. E continuo sofrendo racismo. Ainda sofro olhares em espaços, como se não devesse estar ali. Meu próprio esposo, que nem é negro, já se indignou com seguranças me seguindo sem indícios nenhum.”
A conquista da pós
Artur Antônio dos Santos Araújo, mestre em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP)
(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Doutorando na Faculdade de Direito da UnB por meio das cotas raciais, Artur Antônio dos Santos Araújo e mestre em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP). Para ele, essas ações afirmativas são movimentos essenciais que visam à descolonização intelectual e a efetiva reparação histórica no país. O acesso inicial à universidade não pode se tornar um “teto” que impeça a ascensão social e intelectual completa da população negra.
Segundo ele, a importância de expandir as cotas para mestrado e doutorado reside no fato de que a pós-graduação é o nível onde se produz o conhecimento de alto nível. Ele defende que a política é um ato de justiça e um direito conquistado, e não um privilégio. “O objetivo é claro: garantir que o profissional negro ganhe o espaço para escrever a história do seu povo, pesquisar sobre si e não ser apenas tratado como objeto de estudo da elite intelectual branca”, conclui.
Ao analisar sua própria trajetória, o jurista descreve o ingresso no doutorado em direito na UnB por cotas como uma transformação radical de destino. Criado por mães e tias domésticas e pelo pai, que era auxiliar de serviços gerais, as humilhações na infância e na adolescência eram tragédias anunciadas. Sair desse lugar de exclusão social e racista parecia impossível, especialmente olhando para todas as pegadas deixadas para trás. Hoje, está na Secretaria de Educação Superior do MEC.
Entretanto, o passado antes do bonito presente também foi galgado de degraus conquistados com muito esforço. Artur foi funcionário do Banco do Brasil, coordenador-geral de Relações Institucionais do Ministério da Igualdade Racial, assessor parlamentar da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racialda Pre sidência da República (SEPPIR/ PR), além de outras passagens profissionais. Diante de um currículo tão extenso, essa trajetória contrasta, justamente, com tudo aquilo que viveu anteriormente e reforça, ainda mais, a importância dos estudos neste processo. “A cota racial não substitui o esforço, mas sim possibilita-o.”
Sem o apoio familiar e, fundamentalmente, sem a política de cotas, ele não teria alcançado tal nível profissional e educacional. Artur alerta que as desigualdades raciais não terminam na graduação, mas tendem a se intensificar na continuidade que muitos dão às ondas acadêmicas. Araújo observa que, mesmo para candidatos negros qualificados, a concorrência é acirrada com profissionais que tiveram trajetória de vida profissional, educacional muito mais robustas.
Além disso, o eurocentrismo do currículo e a baixa presença de intelectuais e professores negros mantêm o ambiente excludente. “É urgente que as cotas sejam acompanhadas de políticas de permanência, visto que as desigualdades não se encerram com o ingresso”, ressalta. A presença de negros na pós-graduação é um catalisador de diversidade, criatividade e legitimidade para a academia e o mercado, refutando as críticas sobre a qualidade.
“Com isso, as ações afirmativas não acarretam prejuízo para a qualidade dos trabalhos acadêmicos como propagaram os racistas; ao contrário, trazem mais diversidade, criatividade e dinamismo ao câmpus”, encerra. O especialista aponta que a presença negra faz a universidade tomar consciência de sua própria condição excludente e reconhecer as relações étnico-raciais como estruturantes para a sociedade.
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