futuro promissor

Estudante de escola pública do DF é aprovada em medicina na UFG

Moradora do núcleo rural de Ceilândia, Joyce Lourenço, 18 anos, contou com a ajuda de parentes durante a preparação e teve de reajustar a rotina para manter a saúde mental. Apesar do esforço, ela avalia que o saldo foi positivo

Lara Costa*
postado em 31/01/2025 20:10 / atualizado em 31/01/2025 20:59
 2025 Carlos Vieira/CB Press. Joyce de Oliveira, filha de produtor rural, passou para medicina na UFG. -  (crédito:  Carlos Vieira/CB Press)
2025 Carlos Vieira/CB Press. Joyce de Oliveira, filha de produtor rural, passou para medicina na UFG. - (crédito: Carlos Vieira/CB Press)

Joyce Lourenço Antero de Oliveira, 18 anos, foi aprovada para o curso de medicina na Universidade Federal de Goiás (UFG) por meio da pontuação da prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2024. Segundo ela, o êxito ocorreu por meio da fé: "Aos 14 anos, perguntei a Deus o que ele esperava de mim, e senti que ele disse ‘medicina’, surgiu essa palavra para mim, e aquilo não saiu da minha cabeça”, conta.

Para a preparação, Joyce teve uma rotina “puxada”, porque teve de morar na casa da tia no Recanto das Emas, onde ficou entre 2022 e 2024 para estudar no ensino médio no Centro Educacional 104. Ela ficava lá por cinco dias e voltava para a casa dos pais no Incra 9, no setor rural de Ceilândia, durante o fim de semana. Além disso, superou questões de saúde mental com o apoio da família, de amigos e professores. Mas, no fim, diz que tudo valeu a pena: "É o meu propósito."

Preparação

A jovem estudou para os vestibulares do primeiro ao terceiro ano do ensino médio, assistiu a videoaulas no computador, estudava por meio de apostilas doadas pelos professores, fazia resumo dos conteúdos e simulados das provas. “Eu ia para a escola no período da manhã e, à tarde, começava os estudos das 14h às 16h ou 17h. Fazia um intervalo de uma hora e retomava os estudos até 21h30, chegando, às vezes, até 22h."

Mesmo com a rotina estabelecida, ela também reviu conteúdos em outros momentos, como, por exemplo, durante o percurso da escola. "Eu realmente aproveitei todo o tempo que tive e estudava até no ônibus, que era um trajeto curto”, lembra.

Durante esse período, Joyce também teve que lidar com alguns fatores relacionados à saúde mental. “Eu rezei bastante, tive problemas com a ansiedade, pensava muito, e meus pensamentos eram mais negativos do que positivos, então busquei ajuda médica, tomei remédio controlado, e tive bastante suporte", relata.

Apesar das dificuldades, a estudante diz que também recebeu ajuda da família, dos professores e dos amigos. “Todos eles me apoiaram de muitas formas. Além dos meus pais, que tenho gratidão, a minha tia que cedeu a própria casa para que eu pudesse estudar, e meus amigos, que confiaram mais em mim do que eu mesma."

Resultado

Apesar das expectativas baixas, Joyce teve um ótimo desempenho: obteve uma boa nota na prova de matemática e tirou 940 pontos na redação. “Para mim, a prova do Enem foi tranquila, porque não esperava nada, e achava que não iria passar, então fiz a prova tranquila.”

Na última segunda-feira (27/1), ela se surpreendeu ao descobrir que tinha passado na UFG para o curso desejado: “Olhei pelo site, estávamos eu, minha mãe e irmã. Foi pela manhã, e achei que estivesse com erro; mas recarreguei o site algumas vezes, e vi que, de fato, o resultado estava correto."

Mesmo com a aprovação, Joyce ainda aguarda o resultado do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB), que sai em 11 de fevereiro. Ela afirma estar confiante e diz que pode mudar de ideia, a depender do resultado: “Se eu passar na UnB, com certeza, eu fico. Caso contrário, eu vou para a UFG.”

Vendo o resultado de todo o esforço, ela espera estudar bastante e fazer o que realmente sonha. “Isso vai me abrir muitas portas, e já está sendo um divisor de águas na minha vida, porque eu vi que poderia alcançar algo que, supostamente, não era para mim, e ser uma inspiração para as outras pessoas”, celebra.

Com a experiência, Joyce dá o seguinte conselho a quem pretende tentar passar em cursos concorridos e enfrenta dificuldades: "Se esforcem, porque mesmo que a pessoa não espere ter um resultado positivo, vai ter alguém torcendo por você, e isso ajuda, todo mundo pode conseguir o que quer.”

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação