Apesar de seus anúncios em favor da neutralidade de carbono, grandes bancos da City de Londres estão na "vanguarda do financiamento do petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos", denunciou nesta terça-feira (4/5) a ONG Reclaim Finance.
"Apesar dos anúncios, os cinco principais bancos do Reino Unido analisados" contribuíram, entre outubro de 2018 e outubro de 2020, com "US$ 56 bilhões para ajudar as empresas da Global Coal Exit List (GCEL)", que expandem a mineração de carvão e o uso de combustíveis fósseis, diz um relatório desta organização ligada ao grupo ambientalista Amigos da Terra.
O relatório denuncia um "trio terrível" formado por Barclays, HSBC e Standad Chartered, "que juntos respondem por mais de 94% do financiamento do carvão por bancos do Reino Unido" e "apoio maciço de grandes investidores e bancos britânicos a empresas que aumentam o uso da energia gerada por carvão".
Procurado pela AFP, o Barclays, classificado entre os cinco principais financiadores mundiais do carvão pela Reclaim, afirmou que se "compromete desde 2019 a não proporcionar financiamento a nenhuma construção ou expansão significativa de centrais elétricas de carvão ou ao desenvolvimento de minas de carvão térmico em qualquer parte do mundo".
"A maior parte do período coberto por esta investigação ocorreu antes de definirmos nossa ambição de neutralidade e antes de começarmos a trabalhar para alinhar nossa carteira de financiamento com as metas do Acordo de Paris em março de 2020", explicou.
"Revolução verde"?
Acusado de contribuir com mais de 15 bilhões de dólares para empresas de carvão em dois anos, o HSBC assegurou que suas "políticas proíbem o financiamento de novas minas de carvão térmico (ou seja, para energia, não para o aço) e de clientes dependentes do carvão".
"E não financiamos nenhum novo projeto de usina termoelétrica desde 2018", enfatizou.
"Vamos publicar no final de 2021 um plano para sair do financiamento de qualquer central elétrica de carvão até 2030 na União Europeia e na OCDE e até 2040 nos outros mercados", acrescentou este banco.
Os dados deste relatório contrastam com os compromissos de neutralidade de carbono para 2050 adotados pelo governo britânico, que se prepara para sediar a COP26 na cidade escocesa de Glasgow em novembro.
"Apenas uma entidade financeira britânica (M&G) planeja excluir de seus investimentos empresas que constroem minas e usinas de carvão", insiste Reclaim Finance, que denuncia uma hipocrisia "perto da farsa se levarmos em conta que o Reino Unido é cofundador e copresidente da Alliance for Post-Carbon Energy".
O Reino Unido é um líder em energia eólica e o primeiro-ministro conservador Boris Johnson prometeu uma "revolução verde" para seu país, mas foi criticado por um orçamento baixo destinado ao assunto.
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