A maioria dos membros do Conselho de Segurança aprovou nesta segunda-feira (4) um adiamento de fato das eleições do Haiti até, no máximo, o segundo semestre de 2022, segundo a representação da ONU no país.
Lembrando o acordo alcançado em 11 de setembro entre os partidos haitianos, Helen La Lime destacou em uma reunião do Conselho que previa a formação de um novo Conselho Eleitoral Provisório e a inclusão da diáspora no processo político.
"Também prevê que as eleições serão celebradas no mais tardar no segundo semestre de 2022", disse.
O presidente do Haiti, Jovenel Moise, assassinado em julho, governava por decreto um país sem Parlamento há mais de um ano e meio devido à falta de eleições organizadas.
No final de setembro, as autoridades haitianas anunciaram o adiamento por tempo indeterminado das eleições presidenciais, legislativas e do referendo constitucional previstos entre novembro e janeiro.
Além do assassinato de seu presidente, o Haiti sofreu um terremoto em meados de agosto e recentemente teve que acolher milhares de cidadãos que foram expulsos dos Estados Unidos, aonde tentavam ingressar.
Apesar desta situação desfavorável, La Lime, ex-embaixadora dos Estados Unidos, destacou pontos positivos como o "amplo consenso nacional sobre a necessidade de reformar a Constituição haitiana de 1987, uma carta que se considera que contribua para a instabilidade recorrente política e institucional".
Em nome da Rússia, o embaixador adjunto da ONU, Dmitry Polyanskiy, criticou a "falta de autoridade estável" no Haiti, pediu "um poder judicial eficaz" e disse estar "consternado" por ver como o país afunda na pobreza extrema.
Quando o diplomata russo disse que não entendia o desejo dos Estados Unidos de enviar migrantes de volta ao Haiti em um momento tão complicado, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, não disse uma palavra sobre o tema.
"Os Estados Unidos apoiam um processo inclusivo e paciente, que abre o caminho para a democracia mediante eleições livres e justas assim que as condições permitirem", disse.
Por sua vez, a China criticou os "direitos pisoteados" dos haitianos devolvidos ao seu país e considerou que "a transição política deve avançar urgentemente".
Consultado pela AFP sobre as críticas russas e chinesas à lentidão do processo político, o ministro das Relações Exteriores do Haiti, Claude Joseph, declarou que a morte do presidente Moise teria "arruinado tudo", em um momento em que seu país estava "em processo de organizar as eleições".
"As eleições serão celebradas assim que possível, mas sem dúvida é preciso organizar a infraestrutura de segurança" para que estas "ocorram", disse, sem dar um prazo.
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