INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL

EUA identificam afiliados da Al Qaeda no Brasil e emitem sanções financeiras

Três homens ligados a "terroristas globais" foram identificados pelo país norte-americano. Dois deles possuem empreendimentos financeiros no Brasil

Talita de Souza
postado em 22/12/2021 20:30 / atualizado em 22/12/2021 21:36
Memorial em Nova York para vítimas do '11 de setembro de 2001': ataques terroristas mataram quase 3 mil pessoas -  (crédito: SPENCER PLATT)
Memorial em Nova York para vítimas do '11 de setembro de 2001': ataques terroristas mataram quase 3 mil pessoas - (crédito: SPENCER PLATT)

O Departamento de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), vinculado ao Departamento do Tesouro dos EUA, anunciou, nesta quarta-feira (22/12), a identificação de três indivíduos que apoiam a organização terrorista Al Qaeda e estão no Brasil. Os homens, estrangeiros, possuem inclusive empreendimentos financeiros em solo brasileiro. Com a identificação, os EUA proibiram qualquer movimentação financeira por pessoas do país norte-americano ou que estejam nele para contas dos indivíduos ou dos empreendimentos que eles mantêm.

“As designações de hoje ajudarão a negar o acesso da Al Qaeda ao setor financeiro formal para gerar receita para apoiar suas atividades", disse Andrea Gacki, diretora do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). "As atividades deste grupo sediado no Brasil demonstram que a Al Qaeda continua sendo uma ameaça terrorista global generalizada", frisou.

Por este motivo, os EUA têm agido para “trabalhar com parceiros estrangeiros, incluindo o Brasil, para desmantelar as redes de apoio financeiro da Al Qaeda”.

Um dos homens identificados é Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi (Al-Maghrabi), agente da Al Qaeda designado pelos EUA como terrorista global. Ele chegou ao Brasil em 2015. Na época, ele foi um dos primeiros membros da chamada “rede Al Qaeda” e manteve contato e negócios com outro indivíduo afiliado ao grupo terrorista que também estava no Brasil: Ahmed Mohammed Hamed Ali, conhecido como Ali, que foi reconhecido como terrorista em 2001.

O Departamento do Tesouro designou Al-Maghrabi por ter “ajudado materialmente, patrocinado ou fornecido suporte financeiro, material ou tecnológico em apoio à Al Qaeda”.

Outro afiliado do grupo terrorista e identificado pelos EUA é Mohamed Sherif Mohamed Mohamed Awadd (Awadd), que está no país há apenas três anos e que mantém movimentações intensas com outros afiliados que estão em solo brasileiro. Awadd chegou a falsificar dinheiro em 2018 para fornecer à Al Qaeda. Ele também é o dono da Home Elegance Comércio de Móveis, empresa que tem sede em São Paulo. Awadd sofrerá sanções individuais e no empreendimento que atua por ter dado apoio a outro terrorista, Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, identificado em 10 de setembro de 2019.

Por fim, Ahmad Al-Khatib é o último identificado pelos EUA. Ele está no Brasil e utilizou, também, uma empresa de móveis localizada em São Paulo — a Enterprise Comércio de Móveis e Intermediação de Negócios — para dar suporte às movimentações ilícitas de Ibrahim.

“Como resultado da ação de hoje, todos os bens e interesses em propriedade dos indivíduos e entidades mencionados e de quaisquer entidade envolvida com eles devem ser bloqueados e reportados à Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês)”, explicou a Embaixada dos EUA no Brasil em nota oficial.

O país norte-americano também poderá proibir ou impor condições estritas sobre abertura e manutenção de contas nos EUA de pessoas ou empresas que “conscientemente conduziu ou facilitou qualquer transação significativa em nome de um terrorista global especialmente designado”.

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