FRANÇA

Os megaprotestos contra reforma previdenciária na França que incendiaram prefeitura no sul do país

As manifestações foram convocadas contra a legislação que eleva a idade mínima para aposentadoria em dois anos, para 64 anos

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postado em 24/03/2023 09:24 / atualizado em 24/03/2023 09:24
 (crédito: Reuters)
(crédito: Reuters)

A prefeitura de Bordeaux foi incendiada em meio a protestos nacionais na França contra os planos do governo de aumentar a idade para aposentadoria.

Mais de um milhão de pessoas foram às ruas em toda a França na quinta-feira (23/03), sendo 119 mil delas em Paris, segundo dados do Ministério do Interior.

A polícia disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes na capital e 80 pessoas foram presas em todo o país.

As manifestações foram convocadas contra a legislação que eleva a idade mínima para aposentadoria em dois anos, para 64 anos.

Os sindicatos convocaram mais protestos para a terça-feira da próxima semana.

Não ficou claro quem foi o responsável pelo incêndio, que foi rapidamente apagado pelos bombeiros.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, procurou acalmar quaisquer preocupações antes da viagem do rei. Ele disse que a segurança "não representa nenhum problema" e que o monarca será "bem-recebido", segundo a AP.

Em Paris, as manifestações foram majoritariamente pacíficas, mas houve alguns confrontos entre a polícia e manifestantes mascarados que quebraram vitrines, demoliram parte do mobiliário urbano e atacaram um restaurante McDonald's, segundo a agência de notícias Reuters. Um policial chegou a ficar desacordado.

A agência de notícias AP informou que as forças policiais usaram gás lacrimogêneo e foram alvejadas por objetos e fogos de artifício. Na capital, 33 pessoas foram detidas.

A primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, escreveu no Twitter: "Demonstrar e expressar divergências é um direito. A violência e a degradação que testemunhamos hoje são inaceitáveis. Toda a minha gratidão à polícia e às forças mobilizadas."

Pessoas vendo prédio em chamas
Twitter

"Eu me oponho a esta reforma e realmente me oponho ao fato de que a democracia não significa mais nada", disse um manifestante à Reuters. "Não estamos sendo representados e, portanto, estamos fartos."

"É protestando que poderemos nos fazer ouvir porque todas as outras formas não nos permitiram retirar esta reforma", disse outro manifestante à agência de notícias AFP.

A manifestação provocou paralisações em aeroportos, viagens de trem, refinarias de petróleo e estabelecimentos de ensino. Professores em escolas e funcionários do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, aderiram às manifestações.

Atrações turísticas populares — como a Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes, também foram fechadas na quinta-feira.

Na cidade de Rouen, no norte, imagens da manifestação mostraram uma jovem caída no chão após sofrer um ferimento grave na mão.

Testemunhas disseram que ela perdeu o polegar depois de ser atingida por uma granada conhecida como "flash-ball" disparada pela polícia para dispersar os manifestantes.

Também houve confrontos nas cidades de Nantes, Rennes e Lorient no oeste do país.

"As ruas têm legitimidade na França", disse um manifestante em Nantes. "Se o senhor Macron não consegue se lembrar dessa realidade histórica, não sei o que ele está fazendo aqui".

Os sindicatos e a esquerda consideraram o dia um sucesso. Mas analistas não sabem prever o que vai acontecer agora.

O governo espera que os protestos percam força e que a violência nas ruas afaste as pessoas.

A oposição diz que os protestos não vão diminuir, mas os sindicatos precisarão traçar uma estratégia daqui para manter a mobilização.

Desde janeiro, já foram realizados protestos em nove dias. Os sindicatos franceses convocaram mais um dia de protesto para a próxima terça-feira.

Os catadores de lixo parisienses, que iniciaram a greve contra a reforma da Previdência em 6 de março, renovaram a paralisação até a próxima segunda-feira.

A onda de protestos começou depois que o governo decidiu passar o projeto de lei que aumenta a idade de aposentadoria na câmara baixa do parlamento — onde não possui maioria absoluta — sem votação.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a medida, dizendo que a reforma é uma necessidade para o país.

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