Horror no Oriente Médio

Ali Barakeh, um dos chefes do Hamas: "Nascemos do ventre dos palestinos"

Em entrevista exclusiva ao Correio, chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas também falou sobre reféns, tentou justificar o atentado de 7 de outubro e admitiu que o Hezbollah "está na batalha"

Ali Barakeh, chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas -  (crédito: Arquivo pessoal )
Ali Barakeh, chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas - (crédito: Arquivo pessoal )
postado em 16/10/2023 23:15 / atualizado em 20/10/2023 15:37

Ali Barakeh, chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas e um dos líderes da facção palestina exilado em Beirute, capital do Líbano, falou com exclusividade ao Correio, por meio do WhatsApp. Ele assegurou que "ninguém consegue eliminar o movimento" e tentou justificar o atentado de 7 de outubro passado, quando 1,4 mil civis e militares em Israel foram assassinados por esquadrões do Hamas que invadiram o sul do Estado judaico com parapentes, picapes, motocicletas e botes. Leia a entrevista:

O Hamas está disposto a permitir a entrada de ajuda humanitária pela passagem de Rafah?

O inimigo é quem está impedido a entrada dos comboios humanitários. O movimento Hamas apela à comunidade internacional para que envie ajuda humanitária urgente à Faixa de Gaza por meio da passagem de Rafah, especialmente p abastecimento de alimentos, de medicamentos, de combustível e de água potável. Apelamos, também, ao Egipto, aos países árabes e islâmicos e ao povo livre do mundo para tomarem medidas urgentes a fim de deter a agressão sionista em curso contra o nosso povo na Faixa de Gaza. Também para permitirem que os palestinos feridos sejam transferidos para hospitais fora da Palestina ocupada, cujo número excedeu os 10 mil feridos.

Israel prevê uma guerra longa e promete eliminar o Hamas. Como vê isso?

Ninguém consegue eliminar o movimento Hamas. Ele nasceu do ventre do povo palestino e tem legitimidade revolucionária, além de legitimidade popular e eleitoral, pois venceu as eleições legislativas de 2006. O Hamas é um movimento de libertação nacional e combate a ocupação, em defesa da nossa terra, do nosso povo e das nossas santidades islâmicas e cristãs. Não tem outros objetivos além de libertar as nossas terras e os nossos santuários, e não tem como alvo ninguém além da ocupação.

O Hamas aceitaria negociar a libertação dos israelenses sequestrados? Quais são suas demandas?

Estamos prontos para negociar indiretamente com o governo de ocupação sobre a questão dos prisioneiros. Antes, ele deve interromper a agressão contra o nosso povo na Faixa de Gaza. O massacre americano-sionista e a guerra genocida contra o nosso povo devem parar.

Há o risco de o Hezbollah e o Irã entrarem no conflito?

Foi o governo de Benjamin Netanyahu (premiê de Israel) quem ampliou o alcance da guerra e pediu ajuda aos EUA e à União Europeia. Um porta-aviões americano foi enviado ao Mediterrâneo oriental para participar da agressão contra o nosso povo palestino. As forças de ocupação também receberam munições e armas letais americanas, o que levou à intervenção. O Hezbollah está na batalha a partir do sul do Líbano para apoiar a resistência palestina e aliviar a Faixa de Gaza.

Quando o Hamas começou a preparar o ataque do último dia 7 de outubro e por que a inteligência israelense não sabia disso?

O movimento Hamas alertou o governo de ocupação contra a continuação da sua agressão contra a nossa terra, o nosso povo e os nossos santuários antes de 7 de Outubro. Também ofereceu ao mediador egípcio a realização de um acordo para troca de prisioneiros, uma vez que temos quatro prisioneiros de uma guerra anterior. Netanyahu recusou-se a realizar um acordo de troca, como ocorreu em 2011. O número de prisioneiros que temos é considerado pequeno. Por isso, foi necessária uma operação militar contra o exército de ocupação para capturar mais soldados e forçar o governo de Netanyahu a libertar prisioneiros palestinos sequestrados e detidos nas prisões de ocupação. Foi o que aconteceu na manhã de sábado, 7/10/2023. Importante destacar que nas prisões de ocupação há cerca de 7 mil prisioneiros — na maioria, são civis sequestrados, incluindo centenas de crianças e de mulheres. Devemos libertá-los. 

 

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