Conflito no Leste Europeu

G7 apoia Ucrânia e pressiona Rússia para pôr fim ao conflito

Marcando dois anos de guerra, em videoconferência com Zelensky, representantes das superpotências prometem reforço econômico e anunciam novas sanções contra países que forneçam insumos a Moscou

Manifestantes tomaram as ruas de Madri ontem em apoio aos ucranianos. Protestos se espalharam pela Europa durante todo o sábado -  (crédito: AFP)
Manifestantes tomaram as ruas de Madri ontem em apoio aos ucranianos. Protestos se espalharam pela Europa durante todo o sábado - (crédito: AFP)
postado em 25/02/2024 04:00 / atualizado em 25/02/2024 16:29

O G7, grupo das principais potências ocidentais, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá, se reuniu ontem (24), em videoconferência, com o presidente ucraniano para marcar o segundo aniversário da invasão russa ao território vizinho.

"Nos reunimos com o presidente Volodymyr Zelensky para reafirmar nosso apoio inabalável à Ucrânia e saudar, mais uma vez, a coragem e a resiliência do povo ucraniano, que tem lutado incansavelmente por sua liberdade e pelo futuro democrático da Ucrânia", informou comunicado emitido pela cúpula.

Os países se comprometeram a continuar a apoiar o direito da Ucrânia à autodefesa por meio da celebração e da implementação de acordos bilaterais de segurança, e a manter o trabalho junto a instituições financeiras internacionais e a investidores privados. "Ajudaremos a Ucrânia a suprir suas necessidades urgentes de financiamento e ajudaremos outros países vulneráveis, gravemente afetados pelos impactos da guerra da Rússia."

Durante a reunião virtual, presidida pela Itália, as potências ocidentais apelaram a Moscou para que cesse imediatamente suas investidas e retire suas forças militares do "território internacionalmente reconhecido da Ucrânia."

Além disso, o grupo examinou uma nova rodada de sanções. "Continuaremos fazendo aumentar o preço da guerra para a Rússia, reduzindo suas fontes de receita e impedindo seus esforços de construir seu maquinário bélico, como demonstram os pacotes de sanções que aprovamos recentemente", afirmou o comunicado. "Iremos impor sanções adicionais a empresas e indivíduos em países terceiros que ajudem a Rússia a adquirir armas ou insumos essenciais para armas", continuou a nota.

O G7 também se posicionou contrário à realização de eleições russas em territórios ucranianos, declarando não reconhecer seus possíveis resultados. A Rússia pretende realizar votações na Ucrânia para as suas eleições presidenciais, marcadas para meados de março.

Ajuda

Zelensky instou as potências aliadas a entregarem "a tempo" a ajuda militar de que Kiev precisa para fazer frente à ofensiva de Moscou. A Ucrânia está fragilizada pelo bloqueio da ajuda americana de 60 bilhões de dólares (R$ 299 bilhões), devido a disputas entre democratas e republicanos no Congresso americano.

"Vocês sabem muito bem do que necessitamos para proteger nossos céus, para reforçar nosso Exército terrestre, para apoiar e continuar nossos êxitos no mar", declarou.

O grupo pediu "a aprovação de ajuda adicional para atender às necessidades orçamentárias restantes da Ucrânia em 2024", sem, contudo, mencionar explicitamente o bloqueio dos Estados Unidos.

Os representantes das potências ocidentais também condenaram o apoio de Irã e China à Rússia. "Pedimos ao Irã que pare de apoiar o exército russo", diz a nota dos países, que expressaram, ainda, sua "preocupação com as transferências para a Rússia, por parte de empresas chinesas, de componentes para armas e equipamento para produção militar."

A Coreia do Norte também foi alvo das críticas do G7, que condenou "energicamente as exportações norte-coreanas e o fornecimento de mísseis balísticos norte-coreanos à Rússia" e pediu a "cessação imediata de tais atividades."

Caso Navalny

Putin não escapou às críticas do G7 e foi solicitado a esclarecer as circunstâncias da morte de seu opositor Alexei Navalny, que faleceu em 16 de fevereiro em um presídio no Ártico e, segundo as superpotências, "sacrificou sua vida lutando contra a corrupção do Kremlin e por eleições livres e justas".

O corpo de Navalny, que a família exigia desde sua morte, foi entregue à sua mãe, segundo anunciou ontem a porta-voz do opositor russo, Kira Yarmish. "O corpo de Alexei foi entregue à sua mãe. Obrigado a todos que exigiram isto conosco", escreveu na rede social X. Yarmish acrescentou que não sabe se as autoridades vão interferir para que o funeral aconteça "como a família deseja e como Alexei merece".

A mãe do opositor russo acusou as autoridades de chantagem, com ameaças de deixar o corpo em decomposição ou de enterrar o cadáver no terreno da prisão, onde Navalny cumpria uma condenação de 19 anos, caso ela não concordasse com um funeral "secreto".

Um funeral público poderia, em tese, mobilizar os partidários do ativista, o que seria inconveniente para o regime de Vladimir Putin, que deve ter uma reeleição tranquila nas presidenciais russas.

Manifestações

Ao redor do mundo, milhares se reuniram, ontem, em protestos em mais de 700 cidades de 65 países em apoio à Ucrânia, segundo o Congresso Mundial Ucraniano (UWC). As manifestações foram organizadas como parte da campanha de defesa global StandWithUkraine do UWC, assinalando o segundo aniversário da invasão russa. O Congresso é uma organização sem fins lucrativos de coordenação internacional das instituições públicas ucranianas na diáspora.

Uma gigante bandeira ucraniana amarela e azul foi hasteada perto do Parlamento da UE, em Bruxelas. Em Berlim, ativistas do Greenpeace exibiram o slogan 'Parem com a matança!' no edifício da embaixada russa, diante de milhares de manifestantes pró-ucranianos reunidos na cidade.

Na capital da Sérvia, Belgrado, os manifestantes caminharam sob a liderança do embaixador ucraniano no país, Volodymyr Tolkach.

  • Manifestantes tomaram as ruas de Madri ontem em apoio aos ucranianos. Protestos se espalharam pela Europa durante todo o sábado
    Manifestantes tomaram as ruas de Madri ontem em apoio aos ucranianos. Protestos se espalharam pela Europa durante todo o sábado Foto: AFP
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