ENTREVISTA EXCLUSIVA

"Israel não pode aceitar esse ataque terrorista", diz embaixador do país

Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil, se mostrou desapontado com o posicionamento do Brasil e disse que esperava uma manifestação mais enfática

Embaixador Daniel Zonshine em entrevista ao Correio Braziliense  -  (crédito: Reprodução )
Embaixador Daniel Zonshine em entrevista ao Correio Braziliense - (crédito: Reprodução )
postado em 14/04/2024 15:09 / atualizado em 14/04/2024 17:46

O Embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse que o país não pode aceitar o ataque “terrorista” praticado pelo Irã contra Israel. O embaixador afirmou que espera que o Conselho de Segurança da ONU condene o ataque e aprove sanções, além de definir a Guarda Revolucionário do Irã como terrorista.

Em entrevista ao Correio neste domingo (14/4), Zonshine também disse que esperava uma resposta mais enfática do Brasil e se mostrou desapontado por não encontrar a palavra “condenação” na nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores neste sábado (13/4)

No sábado, o Irã lançou um ataque contra Israel. Cerca de 200 drones foram disparados, em retaliação ao ataque no consulado do Irã na Síria, no dia 1° de abril.

Como Israel recebeu o ataque do Irã? Foi uma surpresa? Houve feridos?

Não foi totalmente surpresa porque o Irã já declarou há uma semana, mais ou menos, que iria atacar Israel. Que iria reagir, do ponto de vista deles, sobre o que eles pensaram que o ataque israelene ao edifício perto do consulado iraniano em Damasco, então estávamos preparados para uma coisa. Não sabíamos o que ia acontecer exatamente, mas quando todos os drones e mísseis balísticos e não balísticos que foram lançados contra Israel o sistema de defesa de Israel foi preparado. E conseguimos evitar vítimas do lado israelense. Mais de 200 mísseis balísticos foram lançados contra Israel, mas quase todos foram interceptados pelas nossas forças. Então se não tivéssemos essa defesa aérea provavelmente teríamos muitas vítimas aqui em Israel. O fato é que conseguimos evitar, porque fomos preparados e não foi uma surpresa total.

Qual a expectativa com relação à reunião do Conselho de Segurança da ONU?

É um ataque de um país contra outro país. Um ataque de um país, no território dele. Digamos, o Irã atacou Israel no território israelense. Isso não é uma discussão, é o que é. É uma violação muito clara e grave, de todas as leis internacionais e ordem internacional. Então é um assunto que o Conselho de Segurança deve discutir e condenar.

 
 
 
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Então a expectativa é de uma condenação?

Sim, condenação e, além disso sanções, e definições das guardas revolucionárias do Irã, que foram responsáveis pelo o que aconteceu, como terrorista. Porque foi isso que aconteceu, um ato de terror de um país contra outro. Tenho vários resultados que o Conselho de Segurança da ONU pode decidir nesse contexto.

O Brasil emitiu nota e pediu contenção da escalada do conflito no Oriente Médio. Como o senhor avalia essa manifestação?

Eu procurei a palavra condenar, ou condenação, alguma coisa que vá dizer que esse ataque terrorista é uma coisa negativa ou inaceitável.. mas não achei. Acho que a falta dessa palavra (condenação) é uma coisa muito notável, pelo menos do lado israelense porque não tem nenhuma condenação direta, veemente. Isso me faltou.

O Irã disse que está satisfeito com o ataque e advertiu que Israel não revide, sob pena de uma resposta mais forte. Israel deve revidar?

Acho que nós não podemos dizer satisfeitos, como os iranianos. Sabe, o Oriente Médio é um lugar onde não se pode demonstrar fraqueza. Fato é que eles estão satisfeitos, nas palavras deles. E isso não é uma coisa que um país soberano não pode aceitar, Israel neste caso não pode aceitar esse tipo de ataque terrorista de outro país. O fato é que o outro país está satisfeito e nós temos que ficar satisfeitos também? Satisfeitos não vai ser o única coisa que vai descrever a situação deles.

Israel avalia que pode haver uma escalada do conflito, e novos ataques ao país através dos proxies (aliados) do Irã como Hezbollah e Hamas?

Desde o dia 7 de outubro já tem um ataque do Irã contra Israel, este ataque foi por proxies, aliados deles. Hamas, Jihad islâmica, Hezbollah, houthis do iêmen, isso não é uma coisa que começou de repente, e esse tipo de ataque que ataque foi indireta, agora foi direta. E é uma coisa que, como disse, o país não pode aceitar, este tipo de ataques, especialmente em zonas sensíveis como o Oriente Médio.

Alguma outra consideração sobre o assunto?

Irã, além de apoiar o terrorismo através dos aliados, agora também diretamente contra Israel, e a intenção que eles fazem para obter arma nuclear. E esse esforço deve ser, não só condenado, mas também parado pela comunidade internacional porque já vimos, a tendência e as impressões, de maneira que se eles conseguem a arma nuclear, as coisas negativas podem chegar não só para Israel, mas para o mundo todo. Então acho que isso é uma coisa que também tem que ser levada em consideração.

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