
Pelo menos 14 pessoas morreram nesta terça-feira (17), incluindo um homem com cidadania norte-americana de 62 anos, e mais de cem ficaram feridas em uma série de bombardeios russos com mais de 440 drones e 32 mísseis a Kiev, capital da Ucrânia. O ataque foi considerado um dos mais violentos dos três anos e meio de guerra. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, classificou como um dos "mais horríveis", logo em seguida, o G7 (grupo que reúne as maiores economias do mundo) anunciou o repasse no valor de US$ 2,3 bilhões — em drones, munições e veículos blindados, além de apoio para a infraestrutura.
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Os bombardeios russos atingiram 27 pontos da capital, incluindo conjuntos de apartamentos e instalações da indústria militar. Dezenas de moradores se refugiaram em uma estação do metrô, alguns deles com seus animais de estimação. "Foi a noite mais infernal de que me lembro", disse à AFP Alina Shtompel, uma estudante de 20 anos. Em Odessa, cidade portuária no sul da Ucrânia, pelo menos 13 pessoas foram hospitalizadas devido aos ataques.
"É uma clara reação do presidente Putin que agora ele prioriza a região de Kiev, que manterá os ataques de grandes proporções, sacrificando a estrutura das principais cidades", afirmou ao Correio Roberto Goulart Menezes, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). "Putin já tomou 20% de uma região na Ucrânia, de lá formou sua base para a guerra. Não mudou muito desde o início."
As recentes negociações de paz entre Moscou e Kiev estão estagnadas, com as duas partes inflexíveis em suas posições. Moscou rejeitou a trégua "incondicional" exigida pela Ucrânia e seus aliados europeus. Kiev descartou as demandas de Moscou, que chamou de "ultimatos". O apoio do G7 à Ucrânia, embora vitorioso para Zelensky, o frustrou. Ele esperava conversar com Trump, sobre a compra de equipamentos militares, mas o norte-americano deixou a reunião antes de ele chegar.
O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anfitrião da cúpula do G7, prometeu "solidariedade total" à Ucrânia. Além do apoio militar, o político revelou mais sanções contra a Rússia para exercer "máxima pressão" sobre Putin. O Reino Unido também sinalizou que quer aumentar a pressão econômica sobre a Rússia. "Essas sanções atingem diretamente o coração da máquina de guerra de Putin, asfixiando sua capacidade para continuar sua guerra bárbara na Ucrânia", disse em comunicado o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Nos Estados Unidos, parlamentares tentam aprovar um pacote anti Rússia, mas Trump não indicou como tratará o tema. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o G7 — Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão — seguirá focado na Ucrânia.
"Vamos resistir"
"O ataque foi horrível. Mostra que Putin pretende destruir a capital da Ucrânia. Ele não tem limites para isso. Trata-se de um crime de guerra. A razão pela qual ele faz isso é porque ele não sente uma resistência necessária da comunidade internacional. O apoio à Ucrânia foi expresso por todos os países-membros do G7 à exceção de Trump. Não acho que ele a morte de americano nos ataques faça diferença. Trump sente o vácuo (de sanções internacionais) e sua meta é esmagar a Ucrânia. Ele tem tentado isso desde o começo. Continuamos a resistir, os ucranianos são muito determinados. Putin está alvejando os civis ucranianos: minha mãe vive nessas áreas bombardeadas, meus filhos vivem não muito longe dali."
Olexiy Haran, especialista em política comparada da Universidade de Kyiv-Mohyla (Ucrânia)
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