Jubileu da Esperança

"Encontramos a verdade no amor", diz papa aos jovens fiéis

Em missa no Jubileu da Esperança 2025, o papa Leão XIV teve a missão de transformar toda a rigidez do ensinamento milenar católico em algo que fizesse sentido aos mais jovens

Leão XIV emociona jovens no Jubileu: recado aos mais novos é importante para a igreja -  (crédito: João Pedro Carvalho/CB/D.A. Press)
Leão XIV emociona jovens no Jubileu: recado aos mais novos é importante para a igreja - (crédito: João Pedro Carvalho/CB/D.A. Press)

Roma – Eram pouco depois das 2h deste domingo (3/8), quando milhares de peregrinos do mundo inteiro foram acordados pela chuva que caiu sobre o câmpus de Tor Vergata, acentuando a fria noite de Roma. O local abrigava a vigília do Jubileu da Esperança 2025 durante a madrugada. Os fiéis dormiam ao relento, mas satisfeitos, após escutarem as palavras do papa Leão XIV na noite de sábado. Na missa de domingo, o pontífice dirigiu-se aos jovens, com a missão de transformar a rigidez do ensinamento milenar católico em algo que fizesse sentido para as novas gerações. Segundo informações do Vaticano, a celebração reuniu cerca de 1 milhão de pessoas, em sua maioria adolescentes.

A missão do líder da Igreja Católica foi bem-sucedida. Leão XIV focou-se em temas urgentes para os jovens, como "amor" e "futuro". "A plenitude da nossa existência não vem daquilo que acumulamos. Consumir não basta; precisamos levantar os olhos e perceber que tudo tem sentido na realidade do mundo", declarou. "Nós fomos criados para ser grandes, e nenhuma bebida ou vício nos dará isso. Olhe a verdade e a grandeza no seu coração" — foi outra frase, efusivamente aplaudida, proferida por Leão XIV. Em diversos momentos, o papa reforçou que os jovens têm um lugar na Igreja e que a certeza de um futuro pacífico viria do "exercício da fé". "Jovens, vocês são a certeza de um futuro melhor, um futuro de fraternidade. E, na vida, onde tudo é efêmero, encontramos a verdade no amor", defendeu.

A maioria dos peregrinos no Jubileu da Esperança 2025 era composta por jovens de diferentes países, que respondiam ao chamado feito ainda pelo papa Francisco, agora acolhido por Leão XIV. O Correio acompanhou um grupo de peregrinos de Brasília ao Vaticano para vivenciar o Jubileu na prática. A experiência dos católicos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, localizada na Asa Sul, foi especial. Pouco antes da viagem, os fiéis foram vítimas de um golpe aplicado por uma agência de peregrinação, mas conseguiram seguir rumo ao Jubileu com o auxílio da comunidade Obra de Maria.

Duas vertentes chamam a atenção em um evento dessa magnitude. A primeira, definitivamente, é a força de vontade de milhares de pessoas para realizar a peregrinação. A segunda é a percepção de que o catolicismo está conseguindo se reinventar para as novas gerações.

São quilômetros caminhando sob calor extremo — após enfrentar a insuficiente  infraestrutura de transporte público de Roma. A rotina exaustiva, às vezes encarada com fome e sede, não é desculpa para desânimo ou ficar "com o coração pesado" — expressão que designa ações de má vontade ou feitas de forma egoísta. Pelo contrário, os peregrinos extraem uma lição do cansaço e das orações, transformando a experiência em crescimento pessoal.

Aquela ideia de um catolicismo ultrapassado — ou mesmo em retração — é desconstruída pela imagem de milhares de jovens de todo o planeta que celebram o movimento jubilar. "Tem sido uma das melhores experiências da minha vida. Foi muito difícil chegar aqui, mas creio que tudo isso faz parte de um plano muito grande de Deus para mim. Tem sido muito importante tudo que estou vivendo, tanto para a minha experiência pessoal quanto para a minha vida", afirma a estudante Maria Isabel Cordeiro, 18 anos.

*O repórter viajou a convite da comunidade Obra de Maria

 

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postado em 04/08/2025 05:53 / atualizado em 04/08/2025 07:22
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