Venezuela

Maduro mobiliza Marinha venezuelana ante frota militar dos EUA

Caracas exigiu, nas Nações Unidas, "o cessar imediato do deslocamento militar americano no Caribe", segundo um comunicado

Policiais se inscrevem para fazer parte das milícias civis, durante alistamento nacional, no sábado  -  (crédito: Juan Barreto/AFP)
Policiais se inscrevem para fazer parte das milícias civis, durante alistamento nacional, no sábado - (crédito: Juan Barreto/AFP)

Depois de uma frota de três destróieres dos Estados Unidos retomar a missão rumo ao Mar do Caribe, após recuo ante a chegada de um furacão, a Venezuela mobilizou drones e navios para o patrulhamento de suas águas territoriais. Na segunda-feira, as autoridades venezuelanas haviam anunciado o destacamento de 15 mil soldados para a fronteira com a Colômbia, também para operações antidrogas. O regime de Nicolás Maduro classifica as manobras militares americanas como uma "escalada de ações hostis". 

O governo de Donald Trump sustenta que executará operações contra o narcotráfico internacional, sem mencionar em nenhum momento a possibilidade de invadir a Venezuela. Mas a mobilização dos destróieres lança-mísseis e de 4 mil fuzileiros navais, aos quais se somam outros dois navios, coincide com o aumento da recompensa para US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) pela captura de Maduro e a declaração como organização terrorista do chamado Cartel de los Soles, uma suposta narcoquadrilha que seria chefiada pelo presidente venezuelano. Não há informações claras sobre para onde ou quando a frota americana chegará ao Caribe Sul.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, anunciou em um vídeo nas redes sociais um "importante desdobramento de drones com diferentes missões" e "percursos fluviais com infantaria da Marinha" no noroeste do país. "Patrulhas navais no lago de Maracaibo, patrulhas navais no Golfo da Venezuela e navios de maior porte mais ao norte em nossas águas territoriais", acrescentou.

Ansiedade

Maduro abriu o alistamento da Milícia Bolivariana, um corpo vinculado às Forças Armadas que integra civis e que seus críticos afirmam ter uma forte carga ideológica. Segundo o presidente, a Venezuela conta com cerca de 4,5 milhões de reservistas para enfrentar qualquer ameaça, número que especialistas contestam. Uma possível invasão americana é um tema que surge nas ruas da Venezuela, entre piadas e preocupação, entre incrédulos e alguns opositores esperançosos. 

No entanto, analistas veem distante o cenário de uma operação direta contra a Venezuela. "Acho que o que estamos vendo representa uma tentativa de criar ansiedade nas esferas do governo e obrigar Maduro a negociar algo", explicou à agência France-Presse (AFP) o analista Phil Gunson, do Crisis Group.

Caracas exigiu, nas Nações Unidas, "o cessar imediato do deslocamento militar americano no Caribe", segundo um comunicado. O chanceler Yván Gil pediu o "apoio" do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para "restabelecer o bom senso". Trump impulsionou em seu primeiro governo (2017-2021) uma política de máxima pressão contra Maduro, com uma bateria de sanções que incluiu um embargo ao petróleo, ainda vigente. Em seu segundo governo, no entanto, iniciou contatos precoces com o chavismo para coordenar a deportação de venezuelanos sem documentos nos Estados Unidos.

De fato, os aviões com deportados não pararam de chegar à Venezuela em meio à tensão. O mesmo ocorreu com o petróleo. Após ordenar a suspensão das operações da gigante Chevron, Trump autorizou a renovação de uma licença especial que contorna o embargo.

"Todos os dias ficamos atentos a um navio, e a verdade é que os navios que estão saindo são de petróleo, alguns deles saíram da Chevron para os Estados Unidos", destacou na segunda-feira a vice-presidente e ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodríguez.

 


  • Google Discover Icon
postado em 27/08/2025 05:24
x