Estados Unidos

Tiroteio nos EUA: "Vi gente ensanguentada e traumatizada", conta vizinho de igreja

Morador de Minneapolis relata ao Correio ter escutado pelo menos 40 tiros e descreve o que viu na Paróquia Anunciação, em Minneapolis, depois que atirador matou duas crianças e feriu 17

Policiais periciam o local do tiroteio, na Escola Católica Anunciação, em Minneapolis: tiros de fuzil disparados pela janela  -  (crédito: Tom Baker/AFP)
Policiais periciam o local do tiroteio, na Escola Católica Anunciação, em Minneapolis: tiros de fuzil disparados pela janela - (crédito: Tom Baker/AFP)

Era apenas o terceiro dia do ano escolar, marcado pelo tema "Um futuro repleto de esperança", inspirado no Livro de Jeremias. Dezenas de estudantes e funcionários da Escola Católica Anunciação, em Minneapolis, no estado de Minnesota (centro-norte dos EUA), participavam da missa anual, na igreja de mesmo nome, localizada ao lado do estabelecimento. A comunidade escolar mantinha a tradição desde 1922. Por volta das 8h45 pelo horário local desta quarta-feira (27/8) (9h45 em Brasília), um atirador começou a disparar com o fuzil através das janelas da igreja em direção às crianças, que rezavam no momento do ataque. Pelo menos dois alunos — de oito e de 10 anos — morreram na hora e 17 ficaram feridos, 14 crianças entre 6 e 15 anos e três idosos. O atirador foi identificado como Robin Westman, 23 anos, um ex-estudante da instituição. Depois do ataque, ele se matou, atrás da igreja. 

O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, investiga o atentado como ato de terrorismo e de crime de ódio contra católicos. Os agentyes esmiuçaram as redes sociais de Westman, em busca de pistas que levem à motivação do tiroteio. O site The Hill informou que o assassino escreveu mensagens sobre o pente de cartuchos do fuzil usado no ataque. Entre elas, as frases "Matem Donald Trump", "Para as crianças" e "Onde está seu Deus?". Um manifesto teria sido publicado por Westman na internet horas antes do ataque.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Bill Bienemann, 68 anos, vive a dois quarteirões da escola e da igreja. "Nós frequentamos a igreja por mais de 20 anos. Minha filha caçula estudou do jardim-da-infância ao oitavo grau na escola. Somos muito familiares com a paróquia, os sacerdotes e os professores. Eu participava de uma videoconferência de negócios, às 8h45, quando escutei um barulho parecido com fogos de artifício. Então, rapidamente percebi que eram tiros, pois sou um ávido caçador", relatou ao Correio. "Os disparos duraram de três a quatro minutos. Foram entre 40 e 80 tiros. Interrompi a chamada, entrei no carro e cheguei ao local uns sete minutos depois. Quando cheguei lá, deparei-me com uma grande presença de policiais e paramédicos.  Conversei com sobreviventes. Um homem de uns 30 anos descreveu o que viu dentro da igreja. Ele me disse que as balas atingiram as crianças que estavam sentadas. Também contou que os projéteus passaram tão perto dele que pôde sentir lascas de madeira atingindo-lhe o rosto."

De acordo com Bienemann, a Paróquia da Anunciação é "um lugar maravilhoso, de gente amigável". "Vivemos em uma região muito legal de classe média alta. Nunca vimos algo assim. Eu soube que que o atirador disparou através das janelas. Vi muitos pais carregando seus filhos, alguns adultos estavam muito ensanguentados e pareciam traumatizados", acrescentou o vizinho da escola católica. 

A auxiliar de enfermagem Za'khia Akasha Jones, 29 anos, estava no pronto socorro do Centro Médico do Condado de Hennipen, acompanhando a noiva, quando os alto-falantes anunciaram que houve um tiroteio em massa e que as vítimas chegariam em breve. "Enfermeiros e médicos começaram a se espalhar por toda parte, empurrando alguns pacientes e seus leitos para os corredores, a fim de cederem lugar às vítimas", disse ao Correio. "O que vi foi de cortar o coração. Todas as vítimas eram crianças. Vi um garoto de no máximo cinco anos com a cabeça arranhada e ensaguentada. Também vi uma garotinha gritando por sua vida. Enquanto entre 15 e 20 enfermeiros e médicos inudavam o seu quatro, ela gritava 'Eu não quero morrer, por favor, não me deixem morrer, me ajudem, por favor!'", acrescentou. Jones comentou que as crianças estavam apavoradas. "Foi uma cena horrível de se testemunhar. Rezo por elas e suas famílias, que não mereciam que seus filhos se sentissem inseguros na escola."

  • Google Discover Icon
postado em 28/08/2025 05:55
x