
Nas balas encontradas junto ao rifle Mauser de alta potência calibre .30 e com mira telescópica, o assassino escreveu algumas mensagens: "Ei, fascistas, segurem essa!" e "Oh, bella cia bella ciao ciao ciao" — trecho de uma canção italiana dedicada à luta contra o regime de Benito Mussolini, durante a Segunda Guerra Mundial. Em outra mensagem mais confusa, ele escreveu: "Se está lendo isso, você é gay". O suspeito de matar o ativista conservador Charlie Kirk, aliado do presidente Donald Trump e cofundador do movimento Turning Point USA, está preso no Centro de Segurança do Condado de Utah, na cidade de Spanish Fork, sem direito a fiança. Até a noite desta sexta-feira (12/9), ele tinha decidido permanecer em silêncio.
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Tyler Robinson, 22 anos, foi denunciado à polícia pelo próprio pai, por volta das 22h de quinta-feira (1h de sexta-feira, em Brasília), 33 horas depois do crime no câmpus da Utah Valley University, em Orem, a 60km de Salta Lake City. "Tyler, este é você? Parece você", perguntou o pai ao filho, ao reconhecê-lo nas quatro imagens divulgadas pelo FBI, a polícia federal americana. Tyler confessou ter matado Kirk. Em um primeiro momento, recusou-se a se render. "Preferiria me matar a entregar-me", teria dito ao pai. Acabou persuadido pelo genitor a conversar com um jovem pastor funcionário do Escritório do Xerife do Condado de Washington e acabou confessando o crime.
Robinson deverá responder pelos crimes de assassinato agravado, disparo criminoso de arma de fogo e obstrução de Justiça. Se condenado, poderá receber a pena de morte. Em Utah, as execuções mais comuns são injeção letal e fuzilamento. A previsão é de que a primeira aparição ante o juiz ocorra, virtualmente, na tarde de terça-feira. Durante a audiência, a Justiça aprensentará formalmente as acusações.
O anúncio da prisão de Robinson foi feito por Trump, em entrevista à emissora Fox News. "Espero que ele seja condenado e que pegue a pena de morte. O que ele fez... Charlie Kirk era a pessoa mais legal, não merecia isso. Ele trabalhou tão duro e tão bem. Todos gostavam dele", declarou o presidente, que, na noite de quinta-feira, referiu-se ao assassino como um "verdadeiro animal".
Um colega de quarto de Robinson repassou à polícia mensagens publicadas pelo suspeito em seu perfil na rede social Discord. Em uma das conversas, Robinson escreveu, depois do crime, que precisava "recuperar um rifle" e chegou a citar as balas com inscrições gravadas. Ele teria contado o local onde deixou o rifle, enrolado em uma toalha, no meio dos arbustos.
"Cheio de raiva"
O depoimento de um dos familiares de Tyler Robinson foi crucial para corroborar a identificação. O parente, que não teve o nome divulgado, contou que o suspeito havia se tornado cada vez mais envolvido com o pensamento político no últimos anos e lembrou um fato que chamou a atenção. Em 10 de setembro, durante um jantar, Robinson contou que Kirk visitaria a Utah Valley University e admitiu não gostar dos pontos de vista do influenciador de direita. O suposto atirador também disse que Kirk estava "cheio de ódio" e "disseminando raiva". O familiar confirmou que Robinson tinha um Dodge Challenger cinza — o mesmo carro visto nas câmeras de vigilância da universidade.
O eletricista Boeden Seitzinger, 18 anos, contou ao Correio que, na quarta-feira (10/9), tirou uma dia de folga e se dirigiu até a Utah Valley University para assistir à palestra de Kirk. "Estávamos empolgados com a presença de Charlie. Sentei na primeira fileira. Gritávamos o nome dele. Apenas três pessoas estavam entre mim e Charlie. Ele falava sobre religião e sobre como dava importância à sua fé, pouco antes da tragédia. Ainda estou chocado. No momento em que ele respondia a uma pergunta sobre atiradores em massa transgênero, escutei um disparo. Vi o pescoço de Charlie jorrar sangue por todos os lados", relatou. "Foi horrível ver a vida dele se esvaindo. Eu sabia que aquele não era o homem que eu tinha ido ver."
Seitzinger disse que ainda acredita na Segunda Emenda da Constituição, que confere o direito à posse de armas de fogo. "Charlie afirmava que o direito a termos armas foi dado por Deus. As pessoas estão doentes e fazem coisas doentes. Ninguém merecia morrer", desabafou."Estou satisfeito com o fato de o suspeito estar atrás das grades e espero justiça. Eu não queria ter presenciado aquilo. Carregarei aquelas imagens pelo resto da minha vida."
Outra testemunha, Justin Hicken, 41, afirmou à reportagem que não se surpreendeu ao saber que "Tyler era bastante de esquerda em tudo com suas visões políticas". "Charlie estava exatamente no lado oposto. Também não fiquei surpreso por saber que Tyler odiava Trump. Acho importante que todas as suas interações online sejam encontradas e analisadas." Hicken estava a apenas 18m de Kirk quando ocorreu o atentado. "Vi muito sangue na região do peito e do pescoço de Charlie. O corpo dele tombou e todos se jogaram no chão", lembrou.
O corpo de Kirk foi levado a Phoenix, Arizona, no avião do vice-presidente JD Vance, que ajudou a carregar o caixão. Sua viúva, Erika Kirk, estava a bordo da aeronave. A previsão é de que o sepultamento ocorra neste sábado ou neste domingo.
O que se sabe
O crime
Charlie Kirk, 31, foi baleado no pescoço no início da tarde de quarta-feira, quando participava de uma sessão de perguntas e respostas com jovens estudantes da Utah Valley University. Ele foi declarado morto, pouco depois, no hospital.
Vídeo da fuga
As autoridades divulgaram imagens do suspeito fugindo pelo telhado da universidade. Ele parece carregar uma mochila, salta do prédio e empreende fuga. O FBI acredita que o assassino utilizou um rifle com mira telescópica e montou posição de tiro a cerca de 160m do local em que Kirk discursava.
Primeiras imagens
Na quinta-feira, o FBI exibiu fotos do suspeito atirador. Ele aparece usando boné preto, óculos escuros e uma camiseta preta com estampa que lembra a bandeira dos EUA.
Quem é o suspeito
Seguidor da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, de doutrina mórmon, Tyler Robinson tem 22 anos e estuda em um programa de aprendizagem de eletricista. A família dele mora em Washington (Utah), a três horas e meia de carro de Orem, local do crime. Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais envolvido com a política e reclamava que Charlie Kirk era "cheio de ódio".
Quem é a vítima
Aliado do presidente Donald Trump, Charlie Kirk ajudou a fundar o movimento Turning Point USA e era conhecido pelo forte apelo entre os eleitores mais jovens do Partido Republicano.
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