
Uma menina de 2 anos morreu após ser esquecida dentro de um carro sob temperatura de 42ºC pelo próprio pai, no condado de Pima, em Tucson, no Arizona (EUA). O caso aconteceu em 9 de julho de 2024, mas, nesta semana, voltou a ganhar destaque com o julgamento de Christopher Scholtes, de 37 anos, acusado de homicídio doloso e abuso infantil.
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De acordo com a investigação do Departamento de Segurança Infantil do Arizona (DCS), o pai deixou a filha, identificada como Parker Scholtes, dormindo na cadeirinha dentro de um Acura 2003. Ele afirmou que o ar-condicionado estava ligado e que entrou em casa "para não acordá-la". Porém, o veículo desligou automaticamente após algum tempo, deixando a criança exposta ao calor extremo.
Enquanto a criança agonizava presa dentro do carro, o pai passou horas jogando videogame, bebendo álcool e assistindo a conteúdo pornográfico, segundo informações apresentadas pela promotoria durante a audiência de terça-feira (14/10). Quando a mãe, Erika Scholtes, chegou em casa, encontrou a filha inconsciente dentro do veículo, que já estava desligado e superaquecido. Ela tentou reanimar a menina até a chegada dos paramédicos, mas Parker foi declarada morta no hospital.
O laudo do legista do condado de Pima apontou que Parker morreu por exposição prolongada a altas temperaturas. A tragédia aconteceu em meio a uma onda de calor que elevou as temperaturas no Arizona acima dos 43ºC.
Mensagens trocadas entre o casal revelam que o comportamento de Scholtes era repetidamente negligente. "Eu te disse para parar de deixá-las no carro, quantas vezes eu já te disse?”, escreveu Erika ao marido, enquanto a filha ainda era levada ao hospital. Após receber a notícia da morte, ela enviou: “Nós a perdemos, ela era perfeita”. Scholtes respondeu: “Querida, me desculpe! Como eu pude fazer isso? Eu matei nosso bebê, isso não pode ser real."
Apesar das mensagens e da gravidade das acusações, Erika compareceu ao tribunal e defendeu o marido, afirmando que a morte da filha foi um “erro trágico”. O casal tem outras duas filhas, de 5 e 9 anos.
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Investigação
O Correio teve acesso ao relatório do Departamento de Segurança Infantil do Arizona, que mostra que Chritopher já havia sido alvo de diversas denúncias de abuso e negligência ao longo da última década. Entre 2014 e 2020, o órgão recebeu pelo menos nove relatos de supostos maus-tratos físicos e emocionais praticados por ele contra os filhos, mas todos foram considerados infundados à época.
Não havia nenhum acompanhamento ativo do departamento no momento da morte da bebê. Após o ocorrido, o órgão fundamentou as alegações de negligência contra o pai e reforçou as recomendações de segurança para famílias com crianças pequenas.
De acordo com o Departamento de Polícia de Marana, o homem foi preso em 12 de julho de 2024, três dias depois do crime, e levado para o Centro de Detenção do Condado de Pima. As investigações apontaram que a criança permaneceu por cerca de três horas dentro do carro até ser encontrada.
Durante o julgamento, a promotoria sustentou que o pai tinha consciência do risco e, ainda assim, optou por não verificar a filha, caracterizando dolo eventual, quando o autor assume o risco de provocar a morte. Ainda não há informações sobre o resultado do julgamento.

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