ORIENTE MÉDIO

Trump está confiante em avanços na negociação com o Hamas

Após o primeiro dia de negociações no Egito entre representantes de Israel e do grupo islâmico, presidente dos EUA afirma que os extremistas estão "aceitando coisas muito importantes". Apesar dos apelos, ataques à Faixa de Gaza continuaram

Sob pressão de Washington, Israel e o grupo extremista Hamas iniciaram, ontem, as negociações indiretas no Egito para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. Da Casa Branca, de onde acompanha a evolução das conversas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou as delegações a agirem "rapidamente". O líder norte-americano se mostrou otimista e ressaltou que o Hamas está cedendo em questões relevantes.

"Tenho linhas vermelhas: se certas questões não forem cumpridas, o acordo não será feito", afirmou Trump a jornalistas no Salão Oval, ao ser questionado se impôs condições — como o desarmamento do Hamas — para selar a paz. "Acho que estamos indo muito bem e que o Hamas está aceitando coisas muito importantes", acrescentou. "Acho que vamos chegar a um acordo", assinalou.

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As negociações indiretas na cidade turística de Sharm el-Sheikh, no litoral do Egito, visam a finalizar os detalhes do plano de paz proposto por Donald Trump às vésperas do segundo aniversário do início do conflito, que eclodiu após o ataque sem precedentes do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023.

A Casa Branca informou que Trump mandou seu genro Jared Kushner e seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ao Egito.

Troca

Segundo a rede Al Qahera News, vinculada ao serviço de Inteligência egípcio, a pauta das delegações teve como primeiro item "preparar as condições prévias para a libertação de cativos e prisioneiros". O movimento islamista e Israel responderam positivamente à proposta de Trump para a cessação dos combates e a libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza em troca de palestinos presos.

De acordo com o plano do líder americano, em troca dos 47 mantidos em cativeiro pelo Hamas — 25 estariam mortos —, o governo israelense deve soltar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e mais de 1.700 detidos da Faixa de Gaza capturados durante a guerra.

Mirjana Spoljaric, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que coordenou trocas anteriores, disse, ontem, que suas equipes estão preparadas para atuar. Os principais pontos em aberto da proposta de Trump são o desarmamento do Hamas, sua saída do governo de Gaza e a retirada das forças israelenses deste território palestino. O movimento islâmico insiste em participar da futura gestão do enclave, embora o plano do presidente dos EUA determine que o grupo e outras facções "não terão nenhum papel na governança de Gaza".

Khalil Al-Hayya, negociador-chefe do Hamas e alvo de um ataque israelense em Doha no mês passado, teve um encontro, ontem, no Cairo, com mediadores do Egito e do Catar, segundo um integrante de alto escalão do grupo extremista.

No domingo, Trump comemorou as negociações "positivas com o Hamas" e aliados ao redor do mundo, incluindo países árabes e muçulmanos. "Disseram-me que a primeira fase deve ser concluída esta semana e peço a todos que ajam rápido", escreveu em sua plataforma, Truth Social. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, externou a esperança de que os reféns possam ser libertados "nos próximos dias".

Bombardeios

Apesar disso, Netanyahu não atendeu totalmente aos apelos de Trump e do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que instaram Israel a interromper os bombardeios a Gaza. Imagens da agência de notícias France Presse (AFP) mostraram, ontem, explosões no enclave, com colunas de fumaça no horizonte.

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"Houve uma redução no número de bombardeios aéreos. Tanques e veículos militares recuaram um pouco, mas acho que se trata de uma manobra tática e não de uma retirada", disse à AFP no domingo Muin Abu Rajab, 40 anos, morador de Gaza. Ainda assim, pelo menos 20 pessoas morreram no território palestino, 13 delas na Cidade de Gaza, segundo a Defesa Civil, um serviço de socorro que opera sob a autoridade do Hamas.

O ataque de dois anos atrás matou 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. A ofensiva de retaliação israelense, iniciada em seguida, resultou na morte de ao menos 67.160 pessoas em Gaza, a maioria também civil, conforme dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela Organização das Nações Unidas (ONU).

 

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