No segundo dia do cessar-fogo entre Israel e Hamas em vigor, cerca de 500 mil palestinos já haviam voltado nesse sábado (11/10) à Cidade de Gaza e arredores. Encontraram a região em ruínas, devastada pelo bombardeio implacável das forças israelenses desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. Mesmo em meio aos escombros, com a infraestrutura destruída e a ajuda humanitária apenas recomeçando, os moradores de Gaza insistem na esperança.
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Aguardam com ansiedade os próximos passos do acordo de paz proposto pelos Estados Unidos. Os primeiros sinais do que a região pode esperar devem sair de uma cúpula de países árabes, europeus, Israel e Estados Unidos, marcada para segunda-feira (13/10), no Egito, onde também deve ocorrer a assinatura formal da primeira parte do armistício.
Uma paz duradoura, porém, ainda tem muitos obstáculos pela frente. Tanto no governo de Israel quanto nas fileiras do Hamas há resistências sobre vários pontos das próximas etapas contidas no plano proposto pelo governo de Donald Trump. Um dos principais itens é o desarmamento do Hamas e a saída dos integrantes do movimento da área. Ontem, em entrevista à agência de notícias France Presse (AFP), Hosam Badran, membro do comitê político do movimento islamista palestino, afirmou que as novas negociações serão "mais complexas e difíceis".
E completou: a previsão de que os membros do Hamas deixem Gaza, incluída no plano de paz do presidente dos EUA, é "absurda". Para Badran, "falar em expulsar palestinos, sejam eles membros do Hamas ou não, de sua terra é absurdo e sem sentido".
Troca próxima
O acordo que acaba de entrar em vigor foi firmado no Egito, com base em um plano de 20 pontos proposto por Trump.
Segundo o documento, Israel deve libertar 250 prisioneiros palestinos, incluindo alguns que cumprem penas de prisão perpétua por ataques fatais, e o Hamas tem até segunda-feira para libertar os 48 reféns israelenses que ainda estão em Gaza, alguns vivos e outros mortos em cativeiro.
Trump afirmou ainda na sexta-feira que o Hamas já estava reunindo os reféns que devolverá a Israel, provavelmente nesta segunda-feira. Horas depois, o Serviço Prisional de Israel emitiu um comunicado informando que tinha começado durante a noite a transferência dos presos que serão trocados com o Hamas.
Outros 1.700 palestinos, detidos pelo Exército israelense durante operações militares em Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, também serão libertados como parte do acordo de cessar-fogo.
Preparativos
Os chefes da diplomacia do Egito e dos Estados Unidos passaram o sábado fazendo preparativos para a cúpula que será realizada na cidade litorânea de Sharm el-Sheikh, e na qual serão discutidas a implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza e os próximos passos na busca por paz e estabilidade na região.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, copresidirão a cúpula, que também contará com a presença de outros líderes, informou o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado.
O presidente francês, Emmanuel Macron, viajará ao Egito na segunda-feira para discutir com outros participantes "as próximas etapas da implementação do plano de paz", anunciou ontem a Presidência francesa.
O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também são esperados no Egito.
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia egípcia, Badr Abdelatty, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, discutiram os preparativos para a reunião, particularmente "a participação internacional na cúpula".
Ao lado dos Estados Unidos e do Catar, o Egito desempenhou um papel decisivo nas negociações que levaram ao cessar-fogo — e à esperança de que uma nova era permita uma paz duradoura entre palestinos e israelenses.
