Américas

Venezuela: Estados Unidos recusaram oferta de Maduro, diz jornal

The New York Times revela que Donald Trump não aceitou a proposta do presidente da Venezuela para renunciar em prazo de dois anos. Titular da Casa Branca teria autorizado operações secretas da CIA dentro do país sul-americano

Nicolás Maduro acena a simpatizantes durante evento em Caracas, em 15 de novembro: negociações em andamento  -  (crédito: AFP)
Nicolás Maduro acena a simpatizantes durante evento em Caracas, em 15 de novembro: negociações em andamento - (crédito: AFP)

A Casa Branca rejeitou uma oferta do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de renunciar em um prazo de dois anos. A informação, divulgada pelo jornal The New York Times, sinaliza uma abertura de negociações entre Washington e Caracas. De acordo com a publicação, Donald Trump autorizou um plano da Agência Central de Inteligência (CIA) para a realização de missões secretas dentro da Venezuela, as quais incluiriam operações de sabotagem, cibernéticas, psicológicas ou de informação. 

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Nos últimos dias, os Estados Unidos aplicaram uma estratégia de duplo sentido contra o regime de Caracas: intensificaram a pressão militar, com mais bombardeios a lanchas supostamente usadas pelo narcotráfico e o deslocamento de uma força naval para o Mar do Sul do Caribe; ao mesmo tempo, fizeram um aceno em direção ao diálogo. O jornal venezuelano El Nacional não descarta que a medida teria a intenção de enfraquecer internamente Maduro e forçá-lo a concessões ou mesmo a abandonar o Palácio de Miraflores.  "Podemos ter algumas conversas com Maduro, e veremos como isso se desenrola", admitiu Trump a jornalistas no último domingo. 

Os Estados Unidos chegaram a anunciar a chamada Operação Lança do Sul, em 13 de novembro, que consistiria em mobilizar o Comando do Sul e criar uma força-tarefa para combater o narcotráfico no Caribe. Mais de 12 mil militares americanos, incluindo fuzileiros navais e marinheiros, estão de prontidão na região para um eventual ataque à Venezuela. A Casa Branca também ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro — Trump considera o venezuelano ilegítimo e o acusa de liderar o Cartel de Los Soles. 

Professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado, a venezuelana María Isabel Puerta explicou ao Correio que, em oportunidades anteriores, houve relatos sobre supostas conversas direcionadas à saída de Maduro do poder. "No entanto, além da especulação, pois não temos certeza sobre essas negociações, não sabemos se essa informação do NY Times é algo mais recente ou se refere-se a abordagens iniciais", observou. "Não temos clareza sobre o contexto em que ocorrem esses encontros."

Mensagem

Para Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela, a mobilização militar dos EUA no Mar do Sul do Caribe, que inclui o USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo, permite interpretar que trata-se de uma mensagem direta a Maduro. "É um aviso para que ele não conte com o apoio do Irã, da Rússia e da China, porque as forças mobilizadas impedirão qualquer apoio bélico de fora do continente. Recentemente, Trump disse que Maduro deseja conversar. Penso que o republicano, em sua estratégia de dissuasão ao regime criminoso que governa a Venezuela, quer impôr um ultimato", disse ao Correio

Lameda entende que a Casa Branca busca abrir as portas para que Maduro abandone o poder. No entanto, ele duvida que o regime seja amedrontado. "A única saída possível, instruída por Fidel Castro, passa por uma intervenção interna para retirá-lo da Venezuela", observou.

Segundo o NYT, estrategistas militares prepararam listas de instalações usadas pelo narcotráfico que poderiam ser alvejadas. O Pentágono também estaria planejando atacar unidades militares próximas a Maduro. Na semana passada, Trump teria comandado duas reuniões, na Sala de Situação da Casa Branca, para repassar as opções para lidar com a Venezuela. A expectativa é de que, antes de uma eventual ação militar contra o país sul-americano, os EUA lancem mão de operações clandestinas da CIA.

EU ACHO...

 María Isabel Puerta, professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado
María Isabel Puerta, professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado (foto: Arquivo Pessoal)

"É incomum que as supostas operações da CIA, por serem secretas, estejam sendo divulgadas publicamente. O fato de o New York Times (NYT) ter acesso a essa informação pode indicar que o governo Trump está enviando uma mensagem. Uma operação secreta da CIA, noticiada pelo NYT, sugere que o vazamento foi uma falha grave do governo Trump ou intencional, pois deixou de ser segredo. Essa é uma guerra psicológica. Estão tratando de encurralar Maduro e os militares."

María Isabel Puerta, professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado

Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela
Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela (foto: Arquivo pessoal )

"A oferta de renúncia em dois anos seria uma estratégia de ganhar tempo e provocar desgaste, por um lado; e, por outro, a possibilidade de permitir que Trump construa uma retirada militar do Mar do Sul do Caribe que não seja vergonhosa para Washington. A mesma estratégia ocorreu durante a Guerra do Vietnã e forçou os Estados Unidos a uma retirada. Para derrotar o narcotráfico e o terrorismo, um porta-aviões e caças são ineficientes." 

Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela

  •  María Isabel Puerta, professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado
    María Isabel Puerta, professora de ciência política da Universidade Estadual do Colorado Foto: Arquivo Pessoal
  • Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela
    Guaicaipuro Lameda, general de brigada do Exército da Venezuela Foto: Arquivo pessoal
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postado em 20/11/2025 05:50
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