ESTADOS UNIDOS

E-mails divulgados por deputados mostram mensagens entre Trump e Epstein

Mensagens divulgadas por democratas afirmam que o bilionário citou o presidente em conversas privadas afirmando que ele "sabia das garotas"

E-mails do acervo de Jeffrey Epstein obtidos após uma intimação judicial e divulgados nesta quarta-feira (12/11) por democratas do Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos revelam mensagens entre o condenado Jeffrey Epstein e o presidente norte-americano Donald Trump.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Nos documentos, o bilionário, que se matou em 2019 enquanto aguardava julgamento por ter abusado mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual, afirma que Trump "sabia das garotas" e chegou a passar horas em sua casa com uma mulher identificada pelos congressistas como uma das vítimas de abuso.

Entre as mensagens estão trocas entre Epstein e Ghislaine Maxwell, condenada a 20 anos de prisão por ajudar o empresário a recrutar meninas, além de conversas com o escritor Michael Wolff, autor de livros sobre os bastidores da Casa Branca.

Em um e-mail enviado a Maxwell em abril de 2011, Epstein escreveu: "Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump. [Nome sem identificação] passou horas na minha casa com ele, e nunca foi mencionado". O contexto da mensagem não foi esclarecido, mas o conteúdo chamou atenção por sugerir proximidade entre ele e Trump mesmo após as primeiras denúncias de abuso. 

Outro e-mail, de janeiro de 2019, mostra o bilionário se referindo ao presidente na conversa com Michael Wolff. "Trump disse que me pediu para renunciar. Nunca fui membro de Mar-a-lago...Claro que ele sabia das meninas, já que pediu a Ghislaine para parar", escreveu. 

O presidente nega qualquer irregularidade e afirma que rompeu a amizade com Epstein há anos, quando ele teria "se envolvido em confusões" no clube. 

Com a divulgação dos e-mails, democratas afirmam que o material levanta dúvidas sobre o quanto Trump sabia das atividades criminosas de Epstein e pedem que todos os documentos do caso sejam liberados ao político. Já a Casa Branca acusou os parlamentares de promoverem um "vazamento coletivo" para manchar a imagem do presidente. 

Em outro documento divulgado em julho pela Câmara mostra uma suposta carta enviada de Trump a Einstein. Nele há uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão. A assinatura "Donald" aparece abaixo da cintura da figura. O texto termina com a frase: "Feliz aniversário, e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo."

O conteúdo foi revelado pela primeira vez pelo The Wall Street Journal, que reproduziu apenas o texto, sem mostrar o documento original. Com a publicação, Trump negou a autoria e entrou com um processo contra o jornal, pedindo uma indenização no valor de US$ 10 bilhões. "Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres. Não é a minha linguagem e não são as minhas palavras."

O vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, questionou a autenticidade da carta e disse que a assinatura que aparece na correspondência é diferente da utilizada por Trump.

Relação antiga

O deputado Robert Garcia, da Califórnia, foi um dos que cobraram transparência total. “Um e-mail de Epstein alega que Trump passou horas na minha casa com uma vítima. Não vamos parar até acabar com o acobertamento da Casa Branca. Divulguem os arquivos agora”, publicou nas redes sociais.

Ghislaine Maxwell, por sua vez, disse em uma entrevista recente que nunca presenciou Trump em nenhuma situação inapropriada. Segundo ela, os dois apenas se encontraram em eventos sociais. “O presidente nunca foi inapropriado com ninguém. Ele sempre foi um cavalheiro”, afirmou.

Jeffrey era conhecido por manter relações com políticos, empresários e celebridades. Entre as décadas de 1990 e 2000, ele foi acusado de abusar de dezenas de meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. Em 2008, chegou a ser condenado a 18 meses de prisão após se declarar culpado em um acordo judicial polêmico pelo tempo leve da pena. Em 2019, foi preso novamente e encontrado morto na cela um mês depois. A morte foi registrada como suicídio. 

O republicano e ele foram próximos nos anos 1990. Trump chegou a elogiá-lo publicamente, dizendo que ele "gostava de mulheres jovens". Com o tempo, no entanto, ele afirmou ter cortado relações e o expulsou do clube Mar-a-Lago, na Flórida, por ter assediado funcionárias. 

Durante a campanha de 2024, o presidente prometeu divulgar uma suposta "lista de clientes" ligados ao esquema de Epstein, mas voltou atrás meses depois, dizendo que o documento nunca existiu. Em fevereiro deste ano, alguns documentos chegaram a ser publicados pelo governo. Em um desses arquivos, o nome de Trump aparece ao lado de outras pessoas em registros de voos ligados ao bilionário.

Os e-mails divulgados agora fazem parte de um conjunto de 23 mil documentos coletados pelo Congresso. Parte desse material continua sob sigilo. Parlamentares pressionam o Departamento de Justiça a liberar os arquivos completos, alegando que não há informações que podem esclarecer o envolvimento de pessoas influentes. 

A Casa Branca rebateu as acusações e disse que as correspondências não provam nenhuma irregularidade. Além disso, porta-vozes de Trump classificaram as acusações como "difamações falsas" e afirmaram que a divulgação dos e-mails é um "ataque político".

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html 

Mais Lidas